O amanhecer em Lysandra trazia uma mistura de luz dourada e sombras que se estendiam pelas colinas e torres da academia. O sol mal surgia no horizonte quando os primeiros toques de trombeta ecoaram pelos corredores, anunciando o início de um novo dia. Davi, que mal havia dormido, já estava desperto, sentado à beira da janela em seu quarto, observando o campus abaixo.
A imagem da velha sala e da bigorna abandonada não saía de sua mente. O sussurro que ouvira parecia chamar por ele, como uma parte de si que esperava ser revelada. Mas por enquanto, aquela presença estava quieta novamente, como se aguardasse o momento certo para se manifestar.
"Será que esse lugar tem algo a ver com o meu talento?" pensou ele, ainda relutante em aceitar o talento de rank F com armas. O desprezo dos outros ecoava em sua mente, e ele sabia que os olhares de seus colegas de academia continuariam pesando sobre ele.
Enquanto Davi estava perdido em seus pensamentos, Ana Clara já estava de pé, praticando alguns movimentos graciosos no pátio. Ela parecia flutuar com o vento, cada movimento tão fluido quanto as chamas que pareciam despertar ao seu redor. Desde a revelação de seu talento como encarnação da Fênix, algo havia mudado nela. Era como se o poder estivesse sempre à espreita, pronto para ser liberado. No entanto, ela também sentia o fardo do que aquilo significava.
— Você está bem? — Davi perguntou, aproximando-se dela.
Ana Clara parou, ofegante, mas com um sorriso.
— Estou me acostumando com isso — respondeu ela, gesticulando levemente e criando uma pequena chama na palma de sua mão. — Parece que... quanto mais treino, mais forte fico. Mas é difícil de controlar.
Davi assentiu, admirado com o poder que sua irmã exalava, mas não conseguia evitar o sentimento de inadequação crescendo dentro de si. Eles estavam ligados por laços de sangue, mas o abismo entre seus talentos parecia intransponível.
— Você vai se sair bem — disse ele, sem muita convicção. — Não importa o que aconteça, eu estarei aqui.
Ana Clara soltou uma risada leve, tentando aliviar o clima pesado.
— E eu também estarei aqui para você, Davi. Não importa o que esses idiotas digam, você ainda é o meu irmão mais forte.
Davi apenas sorriu, mas o incômodo ainda estava lá.
As aulas da academia começaram de forma intensa. O primeiro período envolvia treinamento físico e de habilidades, com professores especializados em diferentes talentos supervisionando as atividades. Davi e Ana Clara foram designados para diferentes instrutores; enquanto ela estava com um grupo de elite, treinando com outros alunos de alta classificação, Davi fora colocado em uma classe com talentos menores, onde as expectativas eram mais baixas.
Ao redor dele, jovens de todas as idades treinavam, muitos tentando esconder a própria frustração por estarem em uma classe de "talentos inferiores". Davi sentiu o peso de seus olhares, mas, em vez de desanimar, ele se concentrou. Sabia que de alguma forma sua afinidade com armas era a chave. Precisava entender como usá-la. Ele só precisava de uma oportunidade.
— Vamos, novatos! — gritou o instrutor, um homem robusto com cicatrizes que cruzavam seu rosto. — Peguem suas armas e se preparem para o combate simulado.
Davi escolheu uma espada simples de madeira, uma arma que deveria ser fácil de manejar. No entanto, assim que tocou o cabo da espada, algo dentro dele reagiu. Era como se uma onda de energia percorresse seu corpo, aquecendo suas veias e clareando sua mente. De repente, a espada parecia mais leve, mais familiar.
"Interessante", pensou ele, enquanto segurava a arma com mais firmeza. Mas ele não teve muito tempo para refletir. O instrutor apontou para ele e para um garoto alto, de ombros largos e expressão de desdém.
KAMU SEDANG MEMBACA
Entre Correntes e Espadas: Ecos dos poderosos
AdventureEm um mundo futurista repleto de raças mágicas e criaturas humanóides, Davi e sua irmã Ana Clara se veem lançados em uma nova realidade, onde dimensões e constelações definem o destino de todos. Davi, um jovem lutador marcado pelo desprezo, tem uma...