Capítulo 56
" Sombras de ameaça "
Mansão ..
A nevasca ainda caía intensamente quando Yaman acompanhou Ella e sua mãe até a saída da mansão. O vento gelado fazia os flocos de neve dançarem ao redor deles, criando um cenário quase mágico. Com uma manta ao redor do corpo e a calda do vestido embolada em um dos braços, ela murmurou algo que soava como um palavrão, e Yaman não pôde evitar um sorriso ao ouvir seu resmungo. Ele trocou um olhar cúmplice com Ada, que também sorriu, compartilhando o alívio que sentiam.
O conforto inesperado de saber que Ella não havia se casado trazia uma alegria imensa a ele. Ozan era um bom rapaz, digno de amor verdadeiro, alguém que merecia uma parceira que o apoiasse e que pudesse, de alguma forma, colocar sua mãe mandona em seu devido lugar. Yaman pensava que a ministra Pinar seria a mulher ideal para Ozan, com seu temperamento forte e sábio, capaz de equilibrar a dinâmica familiar. Ella amava Ozan de uma forma diferente; o que sentia por ele era mais amizade do que romance, embora ambos não admitissem isso, já que ninguém queria decepcionar Onur. O destino de Ella, não era ao lado de Ozan Burak; isso era evidente. Sua amiga estava destinada a estar com Can Devit, e essa verdade era inegociável.
Agora, ansiava pelo encontro deles no dia seguinte, esperando que resolvessem o que estava pendente. Dois anos haviam se passado, e havia muito a ser conversado e explicado. Esperava que Can abrisse os olhos de Ella e a fizesse enxergar a verdade sobre Onur.
Observou ambas apressarem os passos em direção ao carro, onde o motorista as aguardava com a porta já aberta.
Antes de entrar, Ella gritou, lutando contra o vento:
— Boa noite, Yaman!
— İyi geceler, Ella! — respondeu ele, acenando com um sorriso antes que ela entrasse no veículo aquecido.
Seu celular começou a tocar juntamente com o motor do carro rugindo, soltando uma leve fumaça que se dissolveu na neve como um suspiro. Yaman observou o carro sumir na névoa, e os seguranças fechares os portões a mão fechada em torno do celular que tocava insistentemente. O nome de Sila piscava na tela, uma provocação cruel, e ele desligou, a raiva borbulhando em seu peito como uma lava incandescente. Desde o retorno de Sila, ele sentia a sombra de sua presença pairando sobre seu casamento, uma ameaça constante. Ela vinha tentando achar alguma brecha, algum ponto fraco para destruir o que ele havia construído com Seher.
A neve caía em flocos suaves, cobrindo tudo com um silêncio gélido, interrompido apenas pelo som distante de dois seguranças conversando no alojamento, buscando abrigo da nevasca. Yaman guardou o celular, mas um bip agudo o fez retirá-lo novamente. Era uma mensagem. Ele a abriu com desdém, lendo as palavras de Sila: "Não me ignore, querido, ou você se arrependerá! Terei você de volta, apenas preciso me livrar do obstáculo em meu caminho." A ameaça pairava no ar, fria e incisiva. Um calafrio percorreu sua espinha. O obstáculo... Era Seher.
Seus olhos se fixaram na fonte, um ponto de paz em meio à fúria da natureza. A água, aprisionada em um abraço de gelo, brilhava sob a luz tênue, coroada por um manto de neve. A água, normalmente tão viva e vibrante, agora estava adormecida, congelada, mas ainda reluzia com uma beleza etérea.
O ar gélido picou seus pulmões, uma sensação cortante que o fez estremecer. Ele respirou fundo, tentando ignorar a ameaça que Sila representava, assim como as imagens dos homens que viu .
Enquanto caminhava para casa , seus olhos se fixaram nas câmeras instaladas ao redor da propriedade. Um pensamento cruzou sua mente: e se aquelas lentes tivessem capturado os rostos dos homens? E se a placa do Riviera, um símbolo de status e segurança, estivesse agora marcada por um perigo iminente? Haveria a possibilidade de Sila estar por trás disso, querendo prejudicar sua esposa grávida , depois de tudo o que ele havia dito a ela ?
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