Capítulo 1: Encontros Inesperados

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As ruas de Londres estavam molhadas pela chuva incessante de uma tarde cinzenta. O céu pesado parecia querer desabar a qualquer momento, mas "Y/n" não podia se dar ao luxo de esperar o temporal passar. Ela tinha uma missão. Normalmente, sua vida como agente de inteligência era tranquila. Preferia o calor de seu escritório, rodeada por telas de computadores e documentos confidenciais, distante das explosões e dos tiros no campo de batalha. No entanto, naquele dia, as circunstâncias a forçaram a sair de sua zona de conforto.

Ela segurava com firmeza um arquivo que continha informações cruciais sobre uma célula terrorista em expansão, uma ameaça crescente que ninguém poderia ignorar. O conteúdo do dossiê estava comprometido, e "Y/n" precisava entregá-lo pessoalmente a uma das unidades de elite. Era arriscado demais transferir digitalmente. Os inimigos estavam mais próximos do que imaginavam, sempre à espreita, prontos para interceptar qualquer sinal de fraqueza.

Enquanto caminhava rapidamente pelas ruas escuras, o som dos passos dela ecoava no silêncio da noite, apenas quebrado pelo ocasional gotejar das águas da chuva caindo dos telhados. Apesar de estar sozinha, algo em seu instinto a avisava de que não era o único par de olhos atento naquela rua.

Ela sentiu um arrepio na espinha, seus sentidos alertas. Virou-se bruscamente, a mão direita automaticamente indo para o coldre sob seu casaco, pronta para puxar sua arma caso fosse necessário. Foi quando ela o viu.

Uma figura alta, imponente, envolta na escuridão. Ele parecia surgir das sombras, como se fosse parte delas. Seu corpo era forte, ombros largos, a postura relaxada, mas cheia de autoridade. O rosto estava coberto por uma balaclava preta com uma caveira branca e sinistra desenhada nela. Aquele símbolo de morte era inconfundível. Era ele: Ghost.

O coração de "Y/n" deu um salto. Ela já tinha ouvido falar sobre ele, claro. Todos no meio militar conheciam a lenda de Simon Riley, o soldado sem rosto. Ele era temido e respeitado em igual medida, uma verdadeira força da natureza. Mas vê-lo ali, em carne e osso, a poucos metros dela, era diferente de qualquer coisa que tivesse imaginado.

"Y/n", você não deveria estar aqui. — A voz dele soou grave, rouca, carregada por um sotaque britânico marcante. Mesmo através da máscara, o timbre de sua voz era inconfundível. — Isso é perigoso para alguém que prefere ficar atrás de uma mesa.

Ela estreitou os olhos, tentando controlar o súbito aumento de adrenalina no corpo.

— E você? Me seguindo? — A pergunta saiu antes que ela pudesse se conter, quase desafiadora.

Ghost deu um passo para frente, saindo completamente das sombras. Sob a fraca luz de um poste de rua, ela conseguiu ver melhor a expressão impassível e o brilho calculista em seus olhos. Ele não sorriu, mas algo nos seus olhos escuros brilhou de forma sutil. Era como se estivesse testando-a, vendo até onde ela iria.

— Eu sigo o perigo — ele respondeu, com um toque de ironia na voz.

A tensão entre os dois era palpável. Mesmo sabendo que Ghost era um aliado, "Y/n" sentia uma mistura de alerta e curiosidade. Ele não era qualquer soldado, e estar diante dele era como encarar uma fera enjaulada, pronta para atacar a qualquer momento.

— Então, por que você está aqui? — Ela perguntou, tentando controlar o nervosismo que começava a surgir.

Ghost a observou por um momento, os olhos analisando cada movimento dela. Ele era conhecido por sua capacidade de ler as pessoas, de ver além das máscaras que todos usavam. E naquele momento, "Y/n" sentia que ele estava tentando ver através dela.

— Você carrega algo que interessa a muita gente — ele finalmente disse, apontando para o arquivo em suas mãos. — E não são apenas os seus superiores que estão atrás disso.

Ela franziu a testa, segurando o arquivo com mais força. Sabia que a missão era perigosa, mas o fato de Ghost ter aparecido só confirmava o quão séria a situação era.

— Eu vou entregar isso — afirmou, decidida. — Não importa quem esteja me seguindo.

Ele deu um passo à frente, sua presença dominando o pequeno espaço entre eles. A água da chuva escorria pela máscara de caveira, tornando-o ainda mais intimidante.

— Você não entende — disse ele, com um tom mais suave, quase como um aviso. — Se você continuar, não haverá volta. E, dessa vez, nem mesmo eu posso te proteger de tudo.

A ameaça nas palavras dele não era para ela, mas para o que estava à frente. "Y/n" sentiu um peso no peito. Sabia dos riscos, mas desistir não era uma opção.

— Não preciso que me protejam, Ghost. Só preciso fazer meu trabalho.

Por um segundo, ela jurou ver algo mudar na postura dele. Talvez fosse respeito ou apenas aceitação. Mas seja o que for, Ghost deu um leve aceno com a cabeça, como se reconhecesse a determinação dela.

— Muito bem — ele murmurou. — Mas vou te acompanhar. Querendo ou não.

A proposta soou mais como uma ordem do que uma oferta. E "Y/n" sabia que seria impossível recusar.

Sem outra palavra, eles começaram a caminhar juntos pela rua escura, lado a lado. A chuva caía forte ao redor deles, mas o silêncio entre ambos era ainda mais pesado. A noite estava apenas começando, e tanto "Y/n" quanto Ghost sabiam que o verdadeiro perigo estava por vir.

Sob a Máscara: Entre Fogo e DesejoOnde histórias criam vida. Descubra agora