/ - XVI

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[ Santa ]

Ele realmente me convidou pra jantar...

Ele...

Ele está aqui, na minha frente, no meu apartamento!

Droga Santa, você não pode estragar tudo!

Estava cada vez mais complicado controlar minha empolgação com tudo que estava acontecendo, ele estava sorriso? Era mesmo um sorriso?

_ Seu sorriso é lindo P'...

Eu estava tão absorto que acabei deixando escapar, levei a mão a boca logo em seguida quando percebi o sorriso dele sumindo e o olhar sério voltar a me encarar

_ Desculpe... vamos ao que veio fazer, certo?

Peguei minha mochila e tirei meu notebook, entrei na minha conta da empresa e tive acesso aos meus arquivos, lá estava ele, o bendito rascunho que acabou me aproximando de P'Perth

Apontei para o sofá e ele caminhou devagar sentando em seguida, eu sentei no tapete próximo a mesinha de centro e comecei a desenhar algumas medidas que eu tinha certeza que estava incorreta

_ Para!

Me virei pra trás, ele ainda estava sério

_ Não precisa fazer isso...

Ele levantou do sofá

_ Já estou terminando P'... não vou tomar mais o...

_ Não é isso!

Ele veio na minha direção e abaixou o suficiente para ficarmos na mesma altura

_ Eu tenho uma cópia.

Senti meu sangue ferver... eu estava fazendo tudo isso a toa?

_ Você está bem?

Ele inclinou a cabeça pro lado, senti meu rosto esquentar, eu com toda certeza deveria estar vermelho, respirei fundo e engoli seco abrindo um sorriso

_ Claro P'Perth... porque eu não estaria não é mesmo?

Me levantei tão rápido que ele quase caiu de costas, mas se manteve equilibrado e levantou em seguida

_ Eu só passei a noite inteira preocupado em recuperar algo que, bem... não precisava ser recuperado...

Me virei pra ele, o rosto dele ano exibia nenhuma expressão de arrependimento, fiquei ainda mais irritado

_ Você acha que pode brincar assim comigo?

Fui na direção dele e parei a menos de um metro, ele permanecia igual, sem exibir nenhuma reação

_ Você está me ouvindo? Ou além de mudo é surdo também?

Levantei o dedo pra colocar no peitoral dele e senti meu pulso doer com ele apertando um tanto forte

_ P'...

_ O que você pensou em fazer?

Ele deu um passo à frente ainda apertando meu pulso

_ Está... - tentei puxar meu braço

_ Eu só estava te dando uma lição pra aprender a fazer as coisas com mais cuidado, e em nenhum momento eu disse que seu trabalho foi em vão!

Ele soltou meu braço e eu fiz um carinho pra aliviar a dor, estava vermelho, senti meus olhos esquentarem

_ Você precisa aprender a parar de ser um pirralho mimado e levar o serviço a sério, e não ficar me incomodando o dia inteiro como se eu não tivesse nada de importante a fazer!

Minha cabeça estava baixa, meu pulso estava realmente dolorido, ele precisava usar toda essa força mesmo? Engoli seco e senti uma lágrima escorrer pelo meu rosto

_ Você está...

Levantei a cabeça e ele travou, os olhos dele estavam arregalados e a expressão dele mudou, mas... eu não conseguia identificar bem o que ela dizia

_ Eu... - ele olhou pro meu pulso que eu ainda fazia um carinho - me deixa ver...

Ele deu um passo à frente e eu um pra trás, ele travou com a mão estendida em minha direção

_ Pode ir embora P'Perth... já que não tem nada pra fazer aqui!

Comecei a chorar e tenho certeza que não era dor, não física.

Ele piscou algumas vezes e deu um passo em minha direção, dessa vez não me movimentei, ele segurou meu braço novamente, só que dessa vez o toque era leve, ele arregalou os olhos quando viu a marca vermelha

_ Me desculpe! - ele procurou meu olhos e eu o encarei ainda com lágrimas escorrendo - eu... eu não queria te machucar Santa!

Eu puxei o ar e fiz bico, não sou acostumado com dor física, quando mais novo qualquer pequeno arranhão era motivo de um grande show de lágrimas, agora mais velho, a dor ainda me incomoda muito

_ Hum!

Concordei com a cabeça e passei o braço que estava solto no rosto para limpar as lágrimas

_ Está doendo muito?

Ele passou o polegar e eu senti meu corpo todo se arrepiar, ele parece ter percebido já que fez outro carinho dessa vez olhando nos meus olhos

_ Não está doendo tanto assim, não precisa se preocupar!

Eu disse tentando puxar o braço, mas ele segurou mesmo que devagar

_ E porque as lágrimas?

Ele estava mesmo preocupado comigo?

_ Eu só... - respirei fundo e olhei pro meu braço que ele ainda segurava com tanto carinho - eu só não gosto de sentir dor, meu corpo não é acostumado com isso, qualquer dor por mais pequena que seja, em mim dói muito mais...

Ele fechou os olhos lentamente e abriu um meio sorriso

_ Você é mesmo um pirralho...

De repente tudo parou

Senti meu coração batendo tão forte que parecia querer sair pela boca

Ele deu um passo pra frente e levantou meu braço até a altura de seus lábios, ele disse algumas palavras que não consegui identificar e soprou, senti o hálito quente em contato com minha pele, não consegui desviar o olhar por nenhum segundo, ele ainda sorria quando soltou meu braço

_ Logo vai ficar bem garotinho!

Ele levou a mão até minha cabeça e bagunçou meus cabelos, em qualquer outra ocasião eu iria xingar ou brigar, mas meu coração estava tão acelerado e minha respiração tão descompassada que não consegui racionar tudo que estava acontecendo

_ Termine o seu desenho, se quiser alterar algo não precisa seguir o meu ao pé da letra, vou encaminhar na segunda pela manhã ao First, então, seja rápido!

Essa foi a maior quantidade de palavras que já escutei vindo dele em um tom tão agradável e ameno

Eu permaneci ali parado no meio da sala, imóvel, eu tinha certeza que se tentasse andar minhas pernas iriam ceder

Ele chegou na porta e após calçar os sapatos olhou pra trás

Sorrindo

_ Boa noite pirralho!

Ele se virou, abriu a porta e saiu, não precisou de mais de dois segundos para que eu caísse sentado no chão com a mão no coração

Droga! Acho que estou apaixonado.

The Ceo's SonOnde histórias criam vida. Descubra agora