CAPÍTULO TRINTA

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— Quem é Santos? — Vesti a blusa e neguei com a cabeça.

— Sei lá. — Respondi. — É algum amigo teu que foi preso? Eu só entrei em uma penitenciaria, mas nem era daqui do Rio.

— Está nesses papeis. — Me virei, enquanto arrumava o cabelo, e o vi encarando uma das pastas.

PL já havia vasculhado sua própria pasta, xingado e rido de todos os crimes que estavam expostos nos papeis, mas agora estava com a pasta de documentos que o Lopes havia me dado mais cedo.

— Bem... — Sussurrei. — Se está aí, pelo que sei, é um delegado da Civil.

— É o teu último caso? O que cê falou que veio investigar?

— Sim.

— Não me disse que era um delegado. — Prendi o cabelo num rabo de cavalo e estreitei os olhos.

— Conhece o cara? — Ele negou.

— Mato polícia, não viro amigo deles. — Sorri.

— Mas gosta de foder com um. — Seus lábios comprimiram, mas notei a vontade de sorrir.

— Engraçadinha. — Bufei e fui pra perto da mesa onde ele estava, a pasta estava aberta na foto do delegado.

— Não estou mentindo pra você, PL. Falei a verdade antes e tô falando agora. — Fiz careta quando olhei pra cima e ele me encarava como se esperasse a resposta. — Recebi a missão ontem à noite e, pra poder ser convencida a vir, o meu chefe teve que falar onde era e quem era. Sei que o cara é delegado da Civil, mora no Rio e tem como aliado um de vocês. — Sua confusão aumentou.

— Traficante?

— Eu não li o relatório, você me sequestrou antes disso, lembra? — Ele bufou.

— Não te sequestrei, tu veio com os próprios pés. — Sorri.

— Que pés bonitos eu tenho, não é? — Ele fez careta e voltou a observar a pasta, eu fui atrás de uma havaiana, não dava pra ir de bota até o escritório do Conan.

— Aqui fala de cemitério clandestino, abuso de poder e... — Puxei as havaianas da minha mala. — Não sei o que significa "evasão de divisas".

— Enviou dinheiro para o exterior sem declará-lo. — Sorri ao sentir a maciez. — Deve ter algo relacionado a tortura também, pelo que sei. — Suspirei. — PL, já tô pronta.

— Tem: "Suspeito de torturar e matar preso", em observação. — Concordei e me aproximei dele outra vez.

— É a porra do Brasil, o cara fez todos os crimes que podia e não passou nem por uma condução coercitiva. — Levantei a mão e fechei a pasta que ele segurava. Ele grunhiu e me encarou.

— Condução o que?

— Condução coercitiva... O cara não foi chamado pra depor. — Segurei sua mão e comecei a puxá-lo. — Vamos, só tenho mais algumas horas aqui.

E ele deixou ser levado.

Dei de ombros.

— Vocês falam como se eu não tivesse tirado ele de lá.

— Foram seis meses pra isso, Manuella. — Sorri na direção do Conan.

— Ele foi acusado de matar uma criança, como acha que eu iria tirar essa acusação dele? — Bufei. — A PF escondia a troca de tiro dentro do sítio, o pai do Murilo teve que mandar três deles pra prisão só pra poder tirar as acusações do Caveira! Eu posso ser uma bruxa, mas não consigo fazer magia ainda.

O Crime Perfeito - Livro 4Onde histórias criam vida. Descubra agora