No Reino da Entidade

Capítulo 10: Silhueta

Enquanto o calor da fogueira começava a aquecer o ambiente e a tensão no ar se dissipava levemente, olhei para os rostos dos meus companheiros. Cada um deles carregava marcas da luta, não apenas físicas, mas emocionais. O desespero e a incerteza estavam presentes em nossos olhares. A situação era crítica, mas havia um fio de esperança que ainda nos conectava.

Jake se agachou ao lado de Dwight, examinando seus ferimentos. A preocupação estava estampada em seu rosto, e eu sabia que a vida de nosso amigo dependia do nosso próximo movimento. O silêncio era interrompido apenas pelo crepitar das chamas e o som distante da Legião se afastando.

Kate: Eu não sei quanto tempo podemos ficar aqui. Precisamos de um plano.

Eu: Concordo. Precisamos saber mais sobre o que nos cerca. Talvez o nosso próximo desafio nos "Trials" seja ainda pior

Nea: Como assim? O que você está pensando?

Eu: Se esse lugar realmente é uma armadilha, talvez possamos encontrar uma maneira de manipulá-lo. Podemos usar a névoa e as sombras a nosso favor.

Jake: Isso pode funcionar. Mas precisamos de um mapa ou alguma forma de nos orientarmos. Não sabemos o que mais podemos encontrar.

Kate: E se as coisas se tornarem perigosas novamente? Temos que estar preparados.

Nea: Então precisamos de um ponto de encontro. Se nos separarmos, devemos ter um lugar onde todos possam se reunir.

Eu: Isso faz sentido. Meus Perks estão se revelando aos poucos e um deles parece me alertar sobre ataques dos inimigos e onde eles estão.

Jake: Mas parece que você não consegue ativar quando quiser completamente, isso deve ser uma desvantagem, ainda mais nesse momento

Kate: Mas isso é ótimo Luiz. Afinal, você e o Jake saíram vivos da Legião.

Eu: Eu sei, mas chega de enrolação. Precisamos de um plano caso a gente se separe ou continuamos juntos igual contra o Myers.

Jake: E quanto aos ferimentos do Dwight? Precisamos estabilizá-lo para que ele possa se mover.

Kate: Vou procurar algumas ervas e remédios naturais que possam estar por aqui. Pode ser que encontremos algo útil.

Nea: E eu vou ficar de olho nas sombras. Não podemos ser pegos de surpresa novamente.

Enquanto cada um de nós se preparava para suas tarefas, uma nova determinação começou a surgir dentro de mim. Era como se a esperança estivesse renascendo, mesmo diante do caos. Se éramos realmente presos em um ciclo, então tínhamos que quebrá-lo. Precisávamos agir.

Concentrei-me em respirações profundas, tentando afastar o pânico que ainda ameaçava tomar conta. Ao olhar para Dwight, que estava sendo cuidadosamente atendido por Kate, percebi que a luta não era apenas por nós, mas por todos que já haviam enfrentado essa realidade aterrorizante.

Jake: Luiz, você ainda está com aquele seu "Perk Único", certo? Você pode tentar usar isso para nos ajudar a encontrar uma saída.

Eu: É verdade, mas não posso fazer isso por muito tempo.

Jake: Hum? Eu sei que você não controla ele totalmente, mas o que você quer dizer com isso?

Eu: Eu não sei...é como se minha cabeça estivesse pulsando quando uso e meus olhos estivessem ardendo.

Kate: Efeito colateral? Nunca vi algo parecido, eu acho

Nea: Que seja, então precisamos de um plano. Mas agora devemos pensar em como deixar o Dwight mais estável.

A ideia de usar meu poder me deixou com um pé atrás, mas também me fez perceber que havia uma responsabilidade em minhas mãos. Eu não era mais um garoto normal agora, apesar de querer ser nesse momento.

Eu: Vou tentar. Se conseguirmos um pouco de calma e concentração, posso ver o que está à nossa volta.

Jake: Ótimo! Vamos nos preparar e manter a mente focada.

Enquanto todos se organizavam, eu fechei os olhos, tentando deixar a ansiedade de lado.  Concentrei em minha respiração e visualizei o ambiente ao nosso redor, buscando qualquer sinal de movimento, de uma saída, de qualquer coisa que pudesse nos ajudar.

Usando minha habilidade, percebi algumas movimentações na floresta ao redor e de primeira pensei que era A Legião, o que é impossível, visto que o portão do "Trial" tinha fechado e eles estavam presos. Observando mais um pouco eu vi que era a Névoa se mexendo e formando uma silhueta humana no meu campo de visão e, quando eu estava tentando ver toda a silhueta, meu olho começou a arder de forma agressiva e parei de olhar, deixando todos preocupados com minha situação.

O ambiente ao nosso redor parecia ter se tornado mais denso, como se a própria névoa estivesse se alimentando de nossa tensão. O crepitar da fogueira era o único som que quebrava o silêncio, um lembrete constante de que ainda estávamos vivos, mas a situação era crítica.

Kate: Luiz, você está bem? O que aconteceu?

Eu: A névoa... estava se moldando em uma forma, mas não consegui ver claramente. Era como se algo estivesse tentando se comunicar comigo.

Jake: Uma forma? Você conseguiu identificar quem era?

Eu: Não... era tudo muito confuso. A dor nos meus olhos me impediu de ver mais. Mas havia uma sensação vazia. Como se essa presença estivesse nos observando.

Nea: Isso é preocupante. Se há alguém ou algo ali, precisamos saber se é uma ameaça ou uma possível ajuda.

Kate: Luiz, você consegue tentar de novo? Pode ser que você consiga ver mais agora que está mais ciente.

Eu: Se isso não me causar cegueira, tudo bem -_-

Concentrei-me novamente, tentando afastar a dor e a pressão na minha cabeça. O calor da fogueira e a presença dos meus amigos me deram um pouco de força. Fechei os olhos e me foquei na névoa, buscando a forma que havia percebido antes.

Desta vez, a silhueta parecia mais clara, mas ainda envolta em escuridão. Era uma figura humana, mas com traços distorcidos, como umas patas finas em suas costas.

Eu: É... é alguém, mas não consigo ver quem. A figura era uma espécie de humanoide com...patas? Sinto que ela quer nos avisar de algo, mas não sei como.

Jake: Tente se conectar com essa presença, Luiz. Pergunte o que ela quer.

Eu: Não sei se consigo fazer isso, mas vou tentar.

Com um esforço concentrado, me aprofundei na conexão, tentando transmitir a ideia de que estávamos aqui para ajudar. A figura na névoa começou a se agitar, e pela primeira vez, senti uma resposta. Era uma onda de emoções – medo, desespero e, por fim, um lampejo de esperança.

Eu: O que você precisa? Como podemos ajudar?

A figura pareceu hesitar, mas então uma voz suave, quase um sussurro, ecoou em minha mente.

???: Vøçë ɲão ɗevëriæ ter enträdø aqui...

A dor em meus olhos aumentou, mas a urgência da situação me impediu de parar. Caí para trás, enquanto Jake e Nea só observaram de longe, Kate segurou minha mão. Mesmo depois de falar o que ouvi e vi, só o Jake acreditou enquanto a Nea continuava com sua expressão de sempre e a Kate assustada mas cética quanto a isso. Dwight estava melhorando aos poucos, apesar de parecer que estava na verdade piorando e decidimos ficar na fogueira, já que enquanto estivermos acordados, não seríamos tragados à névoa.

Assim, com um novo senso de propósito, seguimos adiante. A luta não era apenas pela sobrevivência, mas por todos que haviam sido capturados por essa realidade e, se houvesse uma chance de liberdade, não iríamos deixar passar.

[CONTINUA]