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Acordei com a luz invadindo o quarto, os meus olhos meio turvos enquanto eu piscava algumas vezes para me acostumar com o ambiente. Meu corpo estava mole, a cabeça pesava como se eu tivesse levado uma surra. Quando finalmente consegui focar o olhar, me deparei com Vegas bem na minha frente, me encarando como se estivesse me analisando.

- Bom dia, panterinha. - Eu murmurei, com a voz ainda arrastada de sono, um leve sorriso surgindo no canto dos lábios.

Ele arqueou uma sobrancelha e bufou, do jeito grosso dele de sempre.

- Para de me chamar assim. Já falei que é ridículo.

Eu ri, me espreguiçando e sentindo o corpo protestar com uma leve dor, resquício da bebedeira da noite anterior. Só então notei o olhar sério de Vegas e como ele me encarava sem desviar.

- Que foi? Tá me olhando assim por quê? - Perguntei, ainda meio grogue.

- Hoje é o dia que a gente vai embora, Pete. - Ele disse sem rodeios. - Vamos voltar pra Tailândia. Voltar pra rotina... trabalho, gravações, essas merdas todas.

A notícia bateu como uma pancada. A viagem de descanso, os dias de fuga da realidade, estavam oficialmente no fim. Eu me sentei na cama, esfregando o rosto e tentando processar aquilo enquanto olhava de volta para Vegas.

- Já? - Minha voz saiu mais triste do que eu pretendia. - Parece que a gente chegou ontem.

Vegas soltou um suspiro e deu de ombros.

- Não dá pra fugir pra sempre. Tem que encarar a vida real em algum momento. Vai ser uma correria de novo.

- E a gente... como vai ser quando voltarmos? - Perguntei, sem saber muito bem o que eu estava realmente questionando. Talvez uma parte de mim estivesse preocupada em perder a intimidade que tínhamos construído nesses dias.

- Vai ser o que tiver que ser. Você se preocupa demais. A gente dá um jeito, como sempre fez.

Eu sorri de leve, ainda um pouco pensativo, mas me senti mais calmo. Afinal, ele estava certo. A gente sempre dava um jeito.

- Você também deveria parar de beber, Pete. Com quatro copos já ficou completamente bêbado ontem.

Eu ri sem jeito, lembrando das cenas da noite passada. Dançando em cima da mesa com Khaotung, e depois sendo carregado como se fosse uma sacola por Vegas até o quarto. Foi engraçado, mas ao mesmo tempo, eu sabia que ele estava certo. Eu era péssimo com álcool, sempre fui.

- Tá bom, mãe. - Provoquei, me esticando pra beliscar a perna dele de leve. - Eu sei que não dou conta de beber... mas a noite foi boa, vai.

- Eu que tive que te carregar igual um saco de batatas. Ainda bem que a gente tá sempre junto nessas merdas, porque senão, sei lá...

- Aí que tá, né? - Falei, sentando na cama e esticando o corpo. A gente vai estar sempre junto de qualquer forma. Somos um shipper fixo. Não tem como fugir disso.

- Mais um motivo pra você não ficar se acabando de bebida. Não quero ter que cuidar de você toda vez.

Eu ri de novo, sabendo que apesar da secura nas palavras dele, Vegas sempre acabava cuidando de mim de um jeito ou de outro.

- Vai tomar banho, Vegas. - Falei, esticando o braço pra dar um empurrão leve nele.

- Vem comigo, então.

Senti o rosto esquentar na hora. Claro que ele tinha que dizer isso. A provocação era o forte dele, e no fundo, eu sabia que ele não ia perder a chance de me deixar sem graça.

BlackBlue - VEGASPETEOnde histórias criam vida. Descubra agora