Capítulo 33

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Rubi Sentinelli

No dia seguinte, acordo com os olhos pesados, como se eu não tivesse realmente descansado. Minhas pálpebras lutam para se abrir, e quando finalmente consigo, vejo Gregório dormindo ao meu lado. O peso da realidade começa a cair sobre mim, e antes que eu consiga controlar, as lágrimas surgem, silenciosas no início, mas logo se tornam incontroláveis.

Meu choro o desperta, e ele se levanta num sobressalto, preocupado.

— O que foi, meu amor? — Sua voz é suave, mas cheia de urgência, como se ele já soubesse que algo está errado.

Eu não consigo responder. Em vez disso, me jogo em seus braços, abraçando-o com toda a força que tenho. Meu corpo treme, e a sensação de pavor me consome. Eu estou com medo, assustada, perdida. O toque de Gregório deveria me acalmar, mas, naquele momento, tudo ao meu redor parece desmoronar. Não é ele, mas o que ficou gravado na minha mente.

Olho para a cama, para o quarto ao nosso redor, e o pavor toma conta de mim. Um grito escapa da minha boca, quase como um reflexo, como se eu estivesse tentando expulsar o terror que invade cada parte do meu ser. As lembranças vêm em uma enxurrada. A escuridão daquela noite, o toque de Jasper, seus olhos, sua risada cruel. Eu sinto a repulsa crescendo em mim, como se cada célula do meu corpo estivesse tentando se livrar do que aconteceu, mas é inútil. Está marcado em mim.

— Rubi... — Gregório tenta me acalmar, mas não consegue esconder a própria dor de me ver assim. Eu sei que ele está sofrendo também, mas eu não consigo parar. A imagem de Jasper está gravada em minha mente, o medo que senti, a impotência... tudo volta com força total.

Eu me afasto por um instante, cobrindo meu rosto com as mãos, tentando conter os soluços. Mas eles são fortes demais. Tudo é forte demais. O quarto começa a se fechar ao meu redor, e por um momento, sinto como se não houvesse ar suficiente.

— Eu estou aqui, meu amor. — Gregório se aproxima novamente, me puxando de volta para seus braços. — Você está segura agora, eu estou com você.

Eu sei que ele está certo. Sei que o perigo imediato já passou, mas meu corpo ainda reage como se estivesse lá, naquela noite, naquele quarto. O medo não me deixa, não me abandona. Tento respirar fundo, tento me ancorar na presença de Gregório, mas é difícil. Tão difícil.

— Não consigo parar de lembrar... — Finalmente consigo sussurrar entre os soluços. Minha voz é fraca, quase inexistente, mas sei que ele me ouve. — Eu sinto como se estivesse presa lá... Como se... Como se nunca fosse acabar.

Gregório me segura ainda mais forte, como se pudesse me proteger até das minhas próprias lembranças.

— Eu vou cuidar de você, Rubi. Eu prometo. — Sua voz é firme, mas há dor ali também. Eu sei que ele está sofrendo tanto quanto eu. — Nós vamos superar isso juntos. Ninguém vai te machucar de novo. Eu estou aqui.

Fecho os olhos, tentando acreditar nisso. Tento encontrar conforto em seus braços, mas ainda me sinto quebrada, despedaçada por dentro. A única coisa que posso fazer é me agarrar à presença de Gregório, esperando que, com o tempo, o pavor diminua, que as lembranças percam sua força.

Mas por agora, tudo que posso fazer é chorar em seus braços, enquanto ele me segura, enquanto o mundo ao nosso redor parece se desmoronar.

Doce pecado - Os Irmãos Frank 2Onde histórias criam vida. Descubra agora