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 A primeira vez que eu gostar do que vejo no sangue,

Não acontecerá.

Não aconteceu.

O reflexo pode mudar e se remexer, mas nada tira o apodrecimento de mim


Talvez eu goste da parte de cima.

Mas só quando as costelas saírem para fora e me inverterem como um monstro.

As pernas não podem ser tanto assim.

Serão bonitas no dia em que se distorcerem de dentro para fora.

As entranhas serão belas,

porém apenas no dia em que se regurgitarem pela garganta.


Se as cordas no meu pescoço vibrassem bem,

Fariam parte de um violão feito de carne, sustentado pela coluna.

Perguntaria para a verdade absoluta qual é o meu problema,

Uma, três ou duzentas e vinte duas vezes, a mesma resposta.

Mas a verdade andaria até o sangue no chão,

E me mostraria O Portador da Luz

Mas eu já o conheço muito bem.


Santíssimo Portador da Luz,

Banhe-me em sangue e me diga o quanto eu sou parecido contigo.

Ou não,

Porque já não consigo te enxergar.

Quando pedi para não te ver na poça no chão,

Não pensei que arrancaria meus olhos.

Como alguém que segue sua fé cegamente.

Por que é tão mal comigo?


Ilustríssimo, me diga:


Por que o preto dos teus olhos me lembra tanto do meu?

Por qual motivo meu rosto é um bolo de carne derretido,

Por que minhas costas se encurvaram dessa forma demoníaca?

Meu sorriso abriu e rasgou toda minha boca, isso foi necessário?


Mas no final,

Eu sei que não foi você que criou isso, muito menos alguém por ti.

Porque não existe tu.

Só existe eu.

Palavras AfogadasOnde histórias criam vida. Descubra agora