Capítulo 2: No Limite

16 11 0
                                    

Pov

Ops! Esta imagem não segue nossas diretrizes de conteúdo. Para continuar a publicação, tente removê-la ou carregar outra.

Pov. Lee Gahyun


O ensaio da peça escolar começou como qualquer outro. Estávamos ensaiando a cena mais intensa do roteiro, onde os personagens principais se confrontam em uma discussão acalorada. Irônico como, mesmo estando envolvida na trama fictícia, minha mente não conseguia se afastar de uma realidade muito mais caótica — o que estava acontecendo entre mim e Taehyung.

Eu me movia pelo palco, entregando minhas falas com a paixão esperada, mas minha mente estava a quilômetros de distância, presa nos eventos da noite passada e nos olhares que Taehyung me lançara mais cedo. Toda vez que nossas palavras se cruzavam, havia uma tensão crescente entre nós. Era impossível ignorar.

Ele estava sentado na primeira fileira, observando tudo de forma relaxada, como sempre. Seus olhos estavam fixos em mim, e eu sabia disso, mesmo sem precisar olhar de volta. Não precisava ver para sentir. Cada célula do meu corpo estava ciente da presença dele, como se estivesse marcado em minha pele.

— Gahyun, sua próxima fala! — O diretor interrompeu meus pensamentos, e eu pisquei, tentando me concentrar novamente.

— Ah, sim...—" Recuperei-me rapidamente e disse minha linha, mas com metade da força. Era impossível continuar como se nada estivesse acontecendo.

O ensaio seguiu, mas eu estava distraída. No intervalo, caminhei para os bastidores, tentando me recompor. Tomei um gole de água e respirei fundo, mas nada parecia ajudar. O pior era que eu sabia que a qualquer momento ele apareceria, como sempre fazia, com aquele olhar provocante que me deixava desconcertada.

E, claro, ele apareceu. Como uma sombra que nunca me deixava em paz.

— Você estava fora de foco hoje.— Ele comentou, encostando-se à parede ao meu lado, os braços cruzados e um sorriso sutil nos lábios.

— Eu só... estava distraída.— Respondi, sem saber como explicar que a razão da minha distração estava bem na minha frente. Taehyung riu baixinho, um som que fez meu estômago revirar.

— Por quê? Algo está te incomodando? — Ele inclinou a cabeça, como se estivesse genuinamente curioso, mas havia um brilho malicioso nos olhos dele. Era como se ele soubesse exatamente o que estava fazendo.

— Você.— As palavras escaparam antes que eu pudesse detê-las, e me arrependi no mesmo segundo.

Taehyung arqueou uma sobrancelha, surpreso pela minha honestidade repentina, mas não disse nada. Ele só me observou, e aquela tensão entre nós se fez ainda mais presente. O ar ao nosso redor parecia pesado, carregado com palavras não ditas e sentimentos reprimidos.

— O que exatamente eu fiz? — Ele perguntou, e dessa vez, não havia brincadeira em sua voz.

Eu respirei fundo, sabendo que estava no limite. Precisava dizer o que estava engasgado há tanto tempo, mas as palavras pareciam presas. Queria gritar com ele, exigir respostas, mas temia o que ele diria. O que nós éramos? Por que ele me tratava dessa maneira? Era um jogo? Eu era apenas mais uma peça?

— Você sabe o que está fazendo.— Eu disse, minha voz um pouco mais firme agora. — Você sabe o que eu sinto. Sabe como me sinto quando você age assim. Você joga comigo, Taehyung.

Ele ficou em silêncio, mas seu olhar escureceu. A brincadeira habitual que ele sempre carregava parecia ter desaparecido, substituída por algo mais sério, mais intenso. Ele descruzou os braços e deu um passo à frente, diminuindo a distância entre nós.

— Eu não estou jogando com você, Gahyun.— Ele murmurou, e a proximidade me deixou nervosa. Eu conseguia sentir o calor que emanava do corpo dele, e isso só piorava minha confusão.

— Então o que é isso? — Minha voz vacilou, mas me recuperei. — Nós somos amigos, mas não agimos como amigos. Eu não olho para você como olho para meus outros amigos. E você sabe disso. Então por que você continua fazendo isso? Por que continua me prendendo nessa situação, sem nunca deixar claro o que quer? — Minhas palavras saíram rápidas, carregadas de frustração e mágoa.

Ele ficou quieto por um momento, seus olhos me encarando intensamente. Eu esperava que ele dissesse algo, qualquer coisa, para me ajudar a entender. Mas, claro, Taehyung nunca é previsível.

— Eu não sei... — Ele finalmente respondeu, sua voz baixa e hesitante.

Essa resposta me atingiu como um soco. Não era o que eu queria ouvir. Eu queria algo concreto, algo que me desse um caminho a seguir. Mas ele não sabia. Ele não sabia o que queria, e isso me deixava ainda mais perdida.

— Isso não é justo.— Eu sussurrei, meus olhos ardendo com lágrimas que eu não queria derramar. — Você não pode me manter aqui, sem respostas, sem saber o que somos. Isso dói, Taehyung. Dói porque eu sinto coisas por você que não consigo mais ignorar.

Ele deu mais um passo à frente, seus olhos nunca deixando os meus. Seus dedos tocaram minha mão, e o simples contato fez meu coração acelerar. Eu queria me afastar, queria me proteger, mas algo em mim não conseguia. Eu estava presa a ele, como sempre estive.

— Eu não quero te machucar.— Ele sussurrou, e seu tom parecia genuinamente arrependido. — Mas... eu também não sei como lidar com o que sinto.

Essa foi a primeira vez que ele admitiu sentir algo, e isso me pegou de surpresa. Taehyung sempre foi uma incógnita, alguém que mantinha seus sentimentos guardados a sete chaves. Mas agora, ele estava revelando uma parte de si que eu nunca tinha visto antes.

— Então... o que fazemos agora? — Eu perguntei, minha voz mais suave, mas ainda carregada de incerteza.

Taehyung me olhou por mais um longo momento antes de suspirar, soltando minha mão lentamente. — Eu acho que precisamos de tempo. — Ele disse, seu tom cheio de indecisão. — Para descobrir o que realmente queremos.

Eu não sabia se aquilo era o que eu queria ouvir, mas pelo menos era um começo. Um começo doloroso, talvez, mas ainda assim um começo.

Ele se afastou um pouco, como se estivesse dando espaço para que eu respirasse, para que eu processasse o que acabara de acontecer. Eu fiquei ali, sozinha com meus pensamentos e com a sensação de que, apesar de ter dado um passo à frente, ainda havia um longo caminho a ser percorrido.

FRIENDS | KIM TAEHYUNGOnde histórias criam vida. Descubra agora