Capítulo 3: Entre a Razão e o Coração

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Pov

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Pov. Lee Gahyun

Depois daquela conversa, um silêncio pesado pairava entre mim e Taehyung. Era como se tudo o que disséssemos pudesse quebrar o frágil equilíbrio que tínhamos alcançado, mas que eu sabia que não duraria. Eu o observava de longe, tentando me concentrar nas aulas, nos ensaios, em qualquer coisa que não fosse ele, mas era inútil. Eu estava presa naquele dilema entre a razão e o coração.

Quando finalmente consegui fugir do caos que Taehyung sempre trazia consigo, decidi que precisava de uma noite para mim mesma. Algo simples, longe de tudo, longe dele. Mas era difícil, porque mesmo quando eu tentava escapar, Taehyung estava lá, nos meus pensamentos, nos lugares em que íamos juntos.

Estava em meu quarto, deitada na cama, encarando o teto. Meu celular vibrou na mesa ao lado. Peguei o aparelho, sem pressa, até ver o nome dele na tela.

Taehyung: Podemos conversar?

Meu coração deu um salto, e por um momento, considerei ignorar. Talvez fosse melhor assim, dar o tempo que ele havia sugerido. Mas, como sempre, eu era incapaz de ficar longe dele por muito tempo. Contra todos os meus instintos, acabei respondendo.

Eu: Sobre o quê?

Demorou alguns minutos para que ele respondesse.

Taehyung: Sobre nós.

Respirei fundo, sentindo um aperto no peito. "Nós." Aquela palavra parecia tão complexa. Não havia um "nós" — pelo menos, não de um jeito que fizesse sentido. Mas ao mesmo tempo, era impossível negar que algo estava lá, algo que ambos estávamos tentando entender, mas sem sucesso.

Eu: Onde?

Taehyung: No jardim atrás da escola.

Ele sabia que aquele era o meu lugar favorito. O jardim escondido atrás do prédio principal era sempre calmo, um refúgio quando tudo ficava demais. Não era surpresa que ele sugerisse isso. Era típico de Taehyung tentar me desarmar dessa maneira, me puxando para onde eu me sentia mais vulnerável — e ao mesmo tempo, mais segura.

Levantei-me devagar, como se cada movimento fosse um passo em direção ao inevitável. O ar da noite estava fresco quando saí de casa e caminhei até o colégio. As ruas estavam tranquilas, apenas o som de grilos preenchendo o silêncio da noite. Quando cheguei ao jardim, Taehyung já estava lá, encostado em uma árvore, suas mãos nos bolsos, observando as estrelas como se tentasse encontrar respostas nelas.

Quando ele percebeu minha chegada, seus olhos se desviaram do céu e encontraram os meus. Aqueles olhos que sempre me deixavam sem chão, como se pudessem ver através de todas as minhas barreiras.

— Você veio.— Ele disse suavemente, um pequeno sorriso nos lábios. Mas havia algo nos olhos dele, uma espécie de hesitação.

— Você pediu para eu vir. — Respondi, cruzando os braços para tentar proteger a mim mesma, mesmo que soubesse que era inútil.

Taehyung assentiu, dando um passo à frente.

— Eu tenho pensado muito desde a nossa última conversa. — Eu o observei com cuidado, sem saber onde aquilo nos levaria.

— E o que você descobriu? — Perguntei, minha voz mais controlada do que eu esperava.

Ele olhou para o chão por um momento antes de levantar o olhar novamente, seus olhos presos aos meus.

— Eu percebi que... eu sinto algo por você. Mais do que amizade.— As palavras saíram lentamente, como se ele ainda estivesse testando-as.

Meu coração disparou, e eu não sabia como responder. Por meses, eu esperei por aquele momento, por aquela confissão. Mas agora que estava acontecendo, parecia surreal. Era isso que eu queria, certo? Então por que parecia tão complicado?

— Eu sei que te magoei... — Ele continuou, sua voz baixa. — E não foi minha intenção. Eu só... não sabia como lidar com o que estava acontecendo entre nós.

— E agora sabe? — Perguntei, dando um passo à frente, meus olhos fixos nos dele.

Ele deu de ombros, um sorriso triste nos lábios.

— Eu ainda não tenho todas as respostas, Gahyun. Mas sei que não quero te perder.

As palavras flutuaram entre nós, e eu podia sentir o peso da sinceridade por trás delas. Mas ainda havia uma parte de mim que estava com medo. Medo de que isso não fosse suficiente, de que, no final, acabássemos machucando um ao outro ainda mais.

— O que você quer, Taehyung? — Perguntei, tentando manter minha voz firme. — Porque eu não posso mais continuar assim, no escuro. Se isso for apenas mais um jogo para você, eu preciso saber.

Ele deu mais um passo em minha direção, até que estávamos perto o suficiente para que eu pudesse sentir seu perfume familiar.

— Eu quero tentar.— Ele sussurrou, seus olhos intensos. — Eu não tenho todas as respostas, mas eu quero tentar descobrir isso com você. Quero entender o que somos. O que podemos ser.

Eu fechei os olhos por um momento, tentando processar tudo. Isso era o que eu queria ouvir, mas também era o que mais me assustava. Porque tentar significava arriscar, e eu não sabia se estava pronta para o que esse risco poderia trazer.

— Tentar...— Repeti, abrindo os olhos novamente e encontrando os dele. — Isso é o que você realmente quer?

Ele assentiu, sem hesitar desta vez.

— Sim, Gahyun. Eu quero tentar.

Eu o observei por mais um momento, buscando qualquer sinal de dúvida em seu rosto. Mas ele estava sério, determinado. E, apesar do meu medo, havia uma parte de mim que queria acreditar nele. Que queria acreditar que, talvez, tentar fosse suficiente.

— Tudo bem.— Eu disse, minha voz suave. — Vamos tentar.

E, pela primeira vez, o sorriso de Taehyung não estava carregado de mistério ou provocação. Era genuíno, como se ele também estivesse aliviado com a nossa decisão. E talvez, só talvez, isso fosse o começo de algo que ambos precisávamos. Algo que ia além das expectativas e do medo. Nossos olhares estavam conectados, como se pertencessem um ao outro.

"Amigos não olham para amigos desse jeito."

Todavia agora, nós não éramos mais apenas amigos.

FRIENDS | KIM TAEHYUNGOnde histórias criam vida. Descubra agora