Capítulo 25

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À noite, Li Jin terminou de copiar os textos e começou a praticar caligrafia básica em papel de borda áspera.

Quando o jovem se aproximou e o viu praticando os exercícios mais simples, ficou levemente surpreso.

Li Jin colocou o pincel de lado, virou-se para olhar o jovem e perguntou: "O que houve?"

O jovem sorriu levemente, e a marca de nascença em sua sobrancelha, semelhante a uma mancha de cinábrio, parecia especialmente delicada à luz das velas.

Ele disse: "Quando meus irmãos estavam estudando, o professor também os fazia praticar o básico, como os traços horizontais e verticais. Antes, eu via você, AhJin*, apenas traçando modelos de caracteres sem praticar esses fundamentos, e queria te dizer algo sobre isso, mas nunca encontrei a oportunidade."

*(Nota 1: Em chinês, o prefixo "Ah" (阿) é frequentemente usado antes de nomes próprios como uma forma de tratamento afetuoso ou familiar. Esse prefixo é pronunciado como "Ah" e serve para indicar proximidade ou intimidade com a pessoa. Portanto, ao transliterar para o português, "Ah Jin" mantém a pronúncia e o sentido original mais precisamente do que "A Jin".)

Após uma breve pausa, o jovem continuou: "Agora que você está consolidando sua escrita, não há mais necessidade de eu dizer nada."

Li Jin pensou que ele provavelmente se referia ao comportamento do antigo "ele", o que explicava por que nunca teve a chance de fazer uma observação.

Li Jin perguntou: "Você também sabe escrever?"

Agora que ele havia recuperado a maior parte das memórias do antigo dono de seu corpo, não tinha mais medo de se trair. Só que havia pouquíssimas lembranças relacionadas ao jovem, e Li Jin apenas sabia que ele havia sido comprado, mas não conhecia sua história de vida.

Qin Muwen abaixou o olhar e disse: "Eu sei um pouco, mas para um ger, aprender a escrever não tem muita utilidade, então não aprendi muito."

Li Jin sorriu e disse: "Como não teria utilidade? No futuro, quando ganharmos dinheiro, você será o responsável por anotar as compras e despesas. E quando eu melhorar minha caligrafia, poderei te ensinar."

Os olhos do jovem se arregalaram, olhando para Li Jin. Nem mesmo seu pai lhe havia dito que aprender a escrever tinha valor para um ger. Pelo contrário, diziam que era melhor aprender a tocar instrumentos, para ao menos poder tocar algo para o marido.

Mas agora seu esposo estava seriamente lhe dizendo que um ger poderia aprender a escrever e que, no futuro, ele administraria a casa.

A reação do jovem divertiu Li Jin, que riu e disse: "Eu poderia te ensinar agora mesmo a continuar praticando a escrita, mas, como ainda estou na fase de aprendizado, não quero acabar te prejudicando."

"Quando eu melhorar um pouco mais na prática, aí sim terei confiança para ensiná-lo."

Quanto à questão da origem do jovem, Li Jin não se aprofundou.

Mesmo que ele tivesse nascido em uma família rica e poderosa, o fato de ter chegado a essa situação mostrava que essa família já havia se desfeito.

Perguntar novamente seria o mesmo que rasgar uma ferida que já cicatrizou, causando uma dor desnecessária.

Por isso, Li Jin não continuou com o assunto.

Quando o jovem estivesse pronto para deixar tudo para trás e quisesse contar a verdade por vontade própria, aí sim seria o momento certo.

Depois, o jovem sentou-se na cama para embalar Baozi até que ele dormisse, enquanto Li Jin terminou de praticar caligrafia com dez grandes caracteres. Ele então apagou as luzes, foi até o pátio para lavar-se e, ao som das cigarras, adormeceu.

O Cotidiano da Vida Rural do Transmigrado Li JinOnde histórias criam vida. Descubra agora