Prólogo

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A brisa da noite carregava um cheiro familiar de terra molhada e folhas secas, trazendo à mente de Isabela memórias que ela tentava enterrar, o passado distante querendo sair do seu subconsciente para voltar a tortura-la. A cidade, que um dia fora seu lar, agora parecia um labirinto de sombras e segredos. Cada esquina, cada rua, cada casa trazia lembranças de risadas e momentos que a tragédia transformara em dor.

Quando a notícia da morte de sua irmã chegou, foi como um golpe do destino. A palavra “acidente” soava vazia, e Isabela sabia que havia algo mais. Em sua mente, a cena se repetia: uma chamada urgente, a súbita perda, o olhar vazio da cidade que parecia ignorar sua dor, seus próprios pais ignorando o fato de que ela também estava sofrendo com a perda e a culpando. A imagem dos seus rostos distorcidos em agonia e fúria ainda assombrava suas noites.

Ao pisar em solo familiar, o peso da saudade a acompanhou. Cada passo a levava de volta ao lugar onde o tempo havia parado, e o vazio deixado por sua irmã a seguia como uma sombra; quanto mais se aproxima mais pesado seu corpo ficava, a sensação de aperto em sua garganta, a mão invisível da ansiedade a ameaçando sufocar e impedir que o ar entre em seus pulmões.

E então, ela o viu. Arthur, ele estava parado na frente da sua casa, mais bonito que na última vez que o viu. Ele é um homem de olhar intenso, como se carregasse o peso de segredos que poderiam mudá-la para sempre, essa sensação sempre trouxe um arrepio em sua espinha. Mas era ele que estava ali, ele sempre estava. Se aproximando dele, viu como o homem repetiu sua ação, saindo do canto escuro da varanda.

Isabela sentiu um frio na espinha ao ficar frente a frente com ele. Ele sabia mais do que dizia. E aquela conexão inexplicável entre eles poderia ser a chave para revelar a verdade ou a porta para um abismo de perigos desconhecidos.

— Bem-vinda de volta. — ele falou, o tom de voz mais firme e sombrio do que dá última vez que o viu.

— É bom te ver outra vez.

Enquanto a noite caía, Isabela percebeu que, para descobrir o que realmente acontecera com sua irmã, iria precisar de ajuda, teria que enfrentar não apenas os fantasmas do passado, mas também a própria escuridão que cercava a cidade. Isabela é uma mulher orgulhosa, e pedir ajuda ao homem na sua frente não seria uma tarefa fácil.

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