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Era quase quatro da tarde, quando já estávamos de volta em Imperia. Deixamos Caleb em sua barraca em segurança, e subimos montanha acima, para preparar uma refeição.

Estávamos todos em silêncio ainda. Eu, porquê estava processando a história do Mentor Clark, tentando raciocinar até que ponto aquilo tudo poderia ou não ser verdade.

Despejo água dentro da panela cheia de ervilhas, e coloco sobre o fogo já aceso.

O cardápio é o mesmo de ontem:
Ervilhas cozidas e pão.

Nunca precisei me preocupar em fazer a minha própria comida. No acampamento, tínhamos nossas refeições prontas no horário certo, e quando estávamos em missões, matavamos algum animal qualquer, e fazia assado na brasa da fogueira.

Então, a sopa de ervilha é a opção mais rápida e fácil para alguém que não sabe o básico de culinária.

Não é precisamente gostoso, mas enche a barriga, e a saciedade é a única coisa que importa. Além do mais, o creme quando misturado com o pão, não fica tão terrivelmente ruim.

Me sento no chão perto da fogueira, e cruzo minhas pernas em uma posição confortável.

-Não está cogitando verdade nas falas de Clark, certo? -Jhon pergunta, se sentando ao meu lado.

Respiro fundo

-Não acho que descartar totalmente seja conveniente.

Jhon bufa

-Não pode estar sã. -Ele fala baixo, para si mesmo. -Ele é apenas um senhor em demência, Lais.

-Mas e se não for, Jhon? E se Clark estiver falando, ao menos 1% de verdade? Significa que existe algo que não conhecemos naquela floresta. -Aponto para as enormes árvores, que cobrem a extensão de toda minha visão para o horizonte. -Tudo bem, senhor Clark pode ser um pouco louco, mas se tiver essa pequena porcentagem dele estar certo, eu quero saber! Quero investigar e saber mais sobre o desconhecido!

Jhonatan procura meu olhar.

-Quero saber mais sobre mim, Jhon... -Respondo por fim, com suas órbitas azuis me encarando como se me pudesse me ler. -Quer saber mais sobre Chris, sobre Enguerrand, e todo esse show de horrores.

Os olhos do meu amigo abaixam. O lugar está em silêncio.

Eu só quero dar um jeito em tudo, quero ter meu guerreiro de volta, quero Chris comigo de novo.

Desvio os olhos, e as meninas estão me olhando.

Judy vem até mim em passos calmos e sensíveis, ela se senta ao meu lado, segura minhas mãos, atraindo minha atenção.

Judy me envolve em seus braços, em um abraço aconchegante. Penso por um instante, antes de fechar os olhos, e apertar seu corpo contra o meu de volta.

Sinto outros braços nos envolvendo, em um abraço quádruplo, e meu coração se quebra mais um pouco. Como pude falhar com eles? Com Chris?

-Está tão ferida, Laís... -Judy sussurra perto do meu ouvido.

-Ele é apenas um menino, Judy. -Falo, com a voz arrastada em total derrota.

Não tenho preferência pelas minhas luzes, são meus irmãos, minha família, e eu os amo como minha própria vida. Mas, se fosse qualquer outro lá na floresta, eu não estaria tão quebrada como estou agora.

Eu sei que Christian não é frágil, sei que é uma luz, assim como eu, mas não consigo evitar pensar nele em apenas um garoto perdido.

Marcy é a primeira a se pronunciar, depois do nosso silêncio em conjunto.

Se a Luz apagar (EM ANDAMENTO)Onde histórias criam vida. Descubra agora