Capítulo 11 - O Peso da Frustração

1 0 0
                                    

O sol ainda não havia surgido completamente quando Davi acordou, seu corpo pesado, mas determinado. Ele se levantou, sentindo a adrenalina pulsar em suas veias. O treinamento físico era crucial, e ele sabia que precisava começar o dia com intensidade. Vestiu suas roupas de treino e saiu para a área aberta atrás da academia, onde o ar fresco da manhã o revigorou.

Ele começou a correr, cada passo ressoando em seu corpo, enquanto sua mente revisava tudo o que aprendera na forja. A espada Voraz, sua primeira criação, ainda brilhava em seu interior, uma lembrança constante de seu potencial. O calor da fornalha, a voz de Kaelion... tudo parecia um presságio de que sua jornada estava apenas começando.

Após alguns minutos de corrida, Davi se dedicou a exercícios de força, lutando contra os limites de seu corpo. Ele estava determinado a se fortalecer, não apenas para proteger Ana Clara, mas para provar a si mesmo que era mais do que um simples irmão subestimado.

Quando finalmente se sentou para descansar, Davi se deu conta de que precisava se preparar para sua primeira aula teórica na academia. Ele havia ouvido rumores sobre a instrutora, uma mulher enérgica e exigente que sabia tudo sobre mana e suas aplicações.

A sala de aula estava cheia quando Davi entrou, o aroma de papel e tinta pairava no ar. As mesas estavam dispostas em fileiras, e alunos conversavam animadamente. Davi se acomodou em um canto, observando os rostos familiarizados, já prontos para aprender.

A instrutora entrou, seu cabelo curto e desgrenhado balançando conforme ela se movia com energia.

— Bom dia, turma! Hoje falaremos sobre mana — começou ela, sua voz firme e clara. — Mana é a força vital que flui em cada um de nós, e entender como usá-la é essencial para o nosso desenvolvimento.

Davi a escutou atentamente enquanto ela explicava como a quantidade de mana variava entre os indivíduos.

— Se você tem uma habilidade de rank SSS, sua mana é comparável a uma represa. Agora, se você é rank F, bem... sua mana se assemelha a um balde de água — disse ela, fazendo uma pausa. Risos ecoaram pela sala.

Um aluno do fundo, em tom provocativo, gritou:

— Ei, Davi, com sua mana, você nem conseguiria acender uma lâmpada!

O riso se espalhou entre os colegas, e Davi sentiu o rosto arder de constrangimento. Sua mão se fechou em um punho, mas ele se esforçou para manter a calma.

— Cada pessoa nasce com uma habilidade, ou a desperta ao longo da vida. Para usá-la corretamente, você deve circular a mana pelo corpo e materializá-la fora dele. A mana também pode ser utilizada para fortalecer o físico, mas isso exige uma quantidade significativa de mana e é pouco utilizado — continuou a instrutora.

O restante da aula passou em meio a anotações e explicações, mas a provocação do aluno ainda ecoava na mente de Davi, criando uma tempestade de emoções. Quando a aula terminou e Davi se dirigiu ao seu alojamento, o peso da frustração se tornava insuportável.

Enquanto caminhava, Davi não percebeu que alguns alunos o seguiam até a entrada de seu alojamento. Com um movimento brusco, eles o agarraram, derrubando seus livros ao chão.

— Quando você vai embora, Davi? — um deles perguntou, sua voz carregada de desprezo. — Sem a sua irmã por perto, você não é nada!

A irritação de Davi subiu como uma chama.

— E vocês, que se acham tão bons, estão na turma de apoio comigo? Onde os fracassados fracos ficam? — retrucou, desafiador.

A provocação atingiu o alvo, e em um instante, um dos alunos avançou e lhe deu um soco no estômago. O golpe o pegou de surpresa, e Davi se curvou, tentando recuperar o fôlego.

— Como você ousa falar assim conosco? — Marco, o aluno que usou magia de vento para subjugar Davi, apareceu, com um sorriso desdenhoso.

Davi tentou reagir, mas a pressão mágica sobre ele era esmagadora. Marco, em um ato de deboche, pisou em sua cabeça.

— O lugar dos vermes é no chão.

— E por que você não está deitado aqui também? — Davi respondeu, a raiva transbordando em suas palavras.

Marco fez um gesto a um dos alunos, que imediatamente chutou Davi, fazendo-o rolar para o lado. Risos ecoaram, mas a cena foi interrompida quando alguém se aproximou. Os alunos, percebendo a chegada de um superior, saíram correndo.

Davi ficou no chão, a cabeça cheia de frustração e dor, seu corpo pesado e humilhado. Ele se levantou lentamente, sem conseguir conter a raiva que fervilhava dentro dele. As palavras do Rei Ferreiro ecoaram em sua mente, e ele se lembrou da força que havia começado a forjar dentro de si.

Com Voraz em seu coração e a determinação renovada, Davi sabia que um dia se levantaria, não apenas para se defender, mas para mostrar a todos que ele não era um simples "verme". A jornada estava apenas começando, e ele estava prestes a forjar seu próprio destino, não importava o custo.

Entre Correntes e Espadas: Ecos dos poderososTempat cerita menjadi hidup. Temukan sekarang