Capítulo 14 - O Hall dos Heróis

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O imponente Hall dos Heróis se erguia como uma catedral sagrada dentro da Academia Imperial. Suas colunas altas e estatuetas detalhadas dos maiores guerreiros da história pareciam observá-lo enquanto Davi atravessava o salão com passos firmes. O chão de mármore refletia as lâminas e escudos reluzentes dispostos em exibição, todos pertencentes aos lendários heróis que outrora moldaram aquele mundo com suas habilidades.

Davi já sabia que sua afinidade com armas lhe permitia absorver o conhecimento armazenado em cada uma delas. Entretanto, ele estava consciente de suas limitações – ainda estava longe de dominar completamente as artes marciais dos grandes guerreiros. Porém, algo dentro dele o instigava a tentar.

Kaelion, a presença silenciosa que morava dentro de Davi, parecia estar estranhamente quieto. Havia uma expectativa no ar, como se o antigo Rei Ferreiro estivesse curioso para ver o que Davi faria a seguir.

Davi parou em frente à espada de Argon, o herói que derrotou um dragão de chamas com um único golpe. A lâmina brilhava com uma energia quase palpável, um testemunho do poder de seu antigo mestre.

— Vamos lá — murmurou Davi para si mesmo, estendendo a mão em direção à espada. Assim que seus dedos tocaram o metal frio, uma onda de energia percorreu seu corpo. O peso da técnica de Argon invadiu sua mente, como um rio poderoso prestes a transbordar.

Por um breve momento, Davi achou que seria capaz de absorver tudo. Viu-se empunhando a espada com a destreza de Argon, seu corpo em perfeita sintonia com o fluxo das artes marciais. Mas então, algo se quebrou. O fluxo diminuiu, como se uma barreira invisível tivesse surgido.

Ele recuou, sentindo uma leve tontura. Quando abriu os olhos, percebeu que só havia aprendido uma fração da técnica. Aquilo era frustrante, mas ao mesmo tempo, esperançoso. Com o tempo, seria capaz de absorver tudo.

"Ah, então é isso... o nível dele ainda está baixo demais", ecoou a voz de Kaelion em sua mente, quase em um tom de deboche. "Você achou mesmo que poderia dominar uma arte tão complexa em uma única tentativa, garoto?"

Davi suspirou. Ele sabia que Kaelion tinha razão, mas isso não diminuía sua determinação. Se ele não podia absorver tudo de uma vez, então aprenderia aos poucos.

Com essa decisão em mente, Davi partiu para a próxima fase de seu plano. Se ele não podia absorver as artes dos heróis antigos de imediato, então faria isso com os instrutores da academia.

No dia seguinte, Davi começou sua série de visitas aos instrutores, disfarçando sua verdadeira intenção com ares de curiosidade inocente. Ele entrava em suas aulas, ouvia atentamente suas instruções e, no final, fazia sempre o mesmo pedido:

— Instrutor, posso ver sua arma?

Na primeira vez, foi o instrutor de combate corpo a corpo, Mestre Beron. O velho guerreiro arqueou uma sobrancelha, claramente surpreso, mas entregou sua lança a Davi. Este, com a maior cara de pau, tocou a arma e imediatamente começou a absorver parte da técnica de Beron.

Davi sentiu uma energia fluindo para dentro de si, como um fluxo constante. Aos poucos, ele absorveu cerca de 50% da maestria do instrutor. Quando devolveu a lança, ele se esforçou para disfarçar o sorriso.

Beron olhou para ele com desconfiança, mas não disse nada.

Nas aulas seguintes, a história se repetiu. Davi ia a cada um dos instrutores – Mestre Lena, a especialista em espadas curtas; Mestre Jorhan, o arqueiro lendário; e até o rigoroso Mestre Dorik, que treinava artes de combate com maças pesadas. Com cada um deles, Davi fazia o mesmo pedido:

— Posso ver sua arma?

Cada resposta vinha com um olhar mais cético que o anterior, mas como Davi sempre agia com uma mistura de seriedade e curiosidade, ninguém suspeitava de suas verdadeiras intenções. O que, para os instrutores, parecia uma simples questão de educação, para Davi era uma oportunidade de ouro. Ele absorvia as técnicas, ora 50%, ora 70%, sentindo seu poder aumentar gradualmente.

No entanto, a cena começou a ficar repetitiva, e logo os instrutores passaram a comentar entre si. Um dia, no intervalo das aulas, Davi ouviu um dos instrutores conversando com outro:

— Você também? — Mestre Lena perguntou, ajustando sua espada na cintura.

— Sim! Ele me pediu para ver a lança. Achei que ele fosse um daqueles aspirantes a colecionador de armas — respondeu Mestre Beron.

— E ele me pediu o arco! — Mestre Jorhan balançou a cabeça, rindo baixinho. — O garoto é estranho, mas parece determinado.

Davi, que estava ouvindo a conversa ao longe, sorriu de canto. Não importava o que eles pensavam. O importante era que, pouco a pouco, ele estava absorvendo tudo o que podia.

As semanas se passaram, e Davi continuou seu treinamento intensivo. Ele ainda não havia conseguido absorver 100% das técnicas de nenhum instrutor, mas sabia que estava no caminho certo. Cada luta, cada treino o aproximava mais de seu objetivo.

"Se continuar assim", pensou Davi, enquanto caminhava pelos corredores da academia, "logo poderei dominar por completo todas as artes marciais, mesmo aquelas dos lendários heróis."

Kaelion, observando tudo de dentro da mente de Davi, apenas riu baixinho.

"Você está longe, garoto... Mas, devo admitir, sua persistência é admirável."

Entre Correntes e Espadas: Ecos dos poderososTempat cerita menjadi hidup. Temukan sekarang