Após semanas de treinamento intenso e absorção gradual das técnicas dos instrutores, Davi sentia-se mais confiante. Suas habilidades haviam crescido de forma significativa, e, embora ainda não pudesse absorver as técnicas dos grandes heróis por completo, estava mais perto de alcançar seu objetivo.
Naquela manhã, ao caminhar pelo pátio da academia, ele percebeu uma movimentação incomum. Grupos de alunos estavam aglomerados, cochichando entre si com expressões de espanto e admiração. Davi se aproximou, curioso, e viu o motivo de toda aquela comoção.
No centro do campo de treinamento, um imenso círculo de combate havia sido montado. Ao seu redor, bandeiras coloridas e estandartes flutuavam ao vento, dando ao lugar uma aura de importância. E, no centro, estava Ana Clara.
Ela trajava uma armadura leve de treino, suas feições sérias e focadas. O brilho de sua habilidade estava evidente. Desde que sua afinidade com a encarnação da Fênix foi descoberta, a academia fazia questão de treinar Ana Clara com uma atenção especial. Ela estava sendo preparada para grandes responsabilidades, e seus talentos de Rank SSS eram incomparáveis.
Davi assistiu à distância, notando o poder da irmã, que crescia a cada dia. As chamas da Fênix dançavam ao seu redor, como se fossem uma extensão de sua própria vontade. Ela dominava o campo com uma facilidade quase instintiva, deixando todos à sua volta atônitos. No fundo, Davi sentia orgulho, mas também a pressão crescente para se tornar mais forte e proteger sua irmã de qualquer perigo futuro.
Enquanto os alunos aplaudiam as demonstrações de habilidade de Ana Clara, um toque firme no ombro de Davi o tirou de seus pensamentos. Ele se virou e deu de cara com Eliel, seu único amigo próximo na academia.
— Ei, você não vai ficar só assistindo, vai? — disse Uriel, com um sorriso travesso. — Ouvi dizer que o Hall dos Heróis tem mais armas esperando por você. Não cansou de "pedir emprestado" as armas dos instrutores?
Davi riu, balançando a cabeça. Ele sabia que a maioria dos alunos já desconfiava de seus hábitos estranhos de estudar as armas dos instrutores, mas, para ele, aquele era o caminho mais rápido para alcançar a maestria.
— Vamos ver até onde consigo chegar com isso, Uriel. — Davi deu um sorriso de canto. — Ainda tenho muito que aprender.
— Só tome cuidado. Dizem que algumas dessas armas têm vontade própria. Não vai querer acabar sendo possuído por uma delas, vai?
Uriel estava brincando, mas Davi sabia que havia uma verdade em suas palavras. Muitas das armas lendárias carregavam um poder além da compreensão comum. Algumas até mesmo retinham resquícios das almas de seus mestres antigos, prontos para testar os mais fracos de espírito.
Decidido a avançar, Davi agradeceu a companhia de Uriel e seguiu em direção ao Hall dos Heróis novamente. A sensação de estar diante de armas tão poderosas era emocionante e, ao mesmo tempo, assustadora. Cada vez que tocava uma nova arma, ele sentia um pedaço da história do antigo herói que a empunhava.
Dessa vez, Davi caminhou diretamente até uma alabarda massiva presa em um pedestal no centro do salão. Era a arma de Galdor, um herói conhecido por dizimar exércitos sozinho. A alabarda brilhava com um estranho tom escarlate, como se estivesse perpetuamente manchada pelo sangue de antigas batalhas.
Quando Davi estendeu a mão para tocá-la, sentiu uma resistência. Era como se a arma recusasse ser tocada. Ele fechou os olhos, concentrando-se em sua habilidade de absorver a técnica armazenada na arma.
No entanto, ao contrário das outras vezes, a conexão foi abrupta. Ele sentiu um fluxo intenso de poder, mas era caótico, como um rio descontrolado. A energia o atingiu em ondas, quase o derrubando de volta.
— Essa não será fácil, garoto — murmurou Kaelion, observando atentamente de dentro da mente de Davi. — Galdor não entregará seu legado a qualquer um.
Davi cerrou os dentes, lutando para manter a conexão. Suas mãos tremiam, mas ele se recusava a soltar a alabarda. Aos poucos, ele começou a absorver pequenos fragmentos da técnica de Galdor. Não era como antes, onde conseguia uma porcentagem significativa de uma só vez. Aquela arma exigia um esforço maior, como se testasse sua determinação.
— Interessante... — Kaelion riu. — Parece que até as armas podem ser teimosas.
Apesar da dificuldade, Davi conseguiu absorver uma pequena parte da técnica de Galdor. Não era muito, mas era o suficiente para ele perceber a diferença de poder. Sua habilidade com a alabarda aumentou instantaneamente, embora ele soubesse que precisaria de muito mais para dominar completamente aquela arte.
Exausto, ele finalmente soltou a arma e caiu de joelhos, respirando pesadamente. Suor escorria por sua testa, e seus braços pareciam feitos de chumbo.
— Ainda está muito longe, garoto — comentou Kaelion. — Mas já posso ver o potencial. Continue assim, e talvez um dia você chegue perto do nível dos heróis que admira tanto.
Davi sabia que Kaelion estava certo. Ele ainda tinha um longo caminho a percorrer, mas cada pequena vitória o levava mais perto de se tornar um verdadeiro mestre das armas. E, enquanto continuasse absorvendo as técnicas, um dia, seria capaz de enfrentar qualquer desafio que aparecesse em seu caminho.
Determinadamente, ele se levantou e olhou para a próxima arma do salão. Não havia tempo para descanso.
KAMU SEDANG MEMBACA
Entre Correntes e Espadas: Ecos dos poderosos
AdventureEm um mundo futurista repleto de raças mágicas e criaturas humanóides, Davi e sua irmã Ana Clara se veem lançados em uma nova realidade, onde dimensões e constelações definem o destino de todos. Davi, um jovem lutador marcado pelo desprezo, tem uma...