CAPÍTULO UNÍCO

0 0 0
                                    

Ana possuía uma beleza silenciosa, tecida pela natureza. Sua pele morena, levemente beijada pelo sol, trazia o brilho suave das tardes à beira-mar, enquanto seus longos cabelos, de um castanho profundo, ondulavam como as marés, revelando fios dourados sob a luz do dia. Seus olhos, vastos e cálidos, guardavam o calor do entardecer, com uma profundidade que falava mais do que qualquer palavra dita. Seus traços delicados esculpiam uma serenidade misteriosa, e o sorriso, sempre gentil, guardava segredos de antigas marés. De estatura média, seu corpo esguio refletia a liberdade de quem caminhava ao som das ondas, sempre em harmonia com o vento e o mar.

Cada passo de Ana pela orla era um sussurro de sua alma em sintonia com o horizonte. Havia nela uma graça natural, despretensiosa, que se mesclava ao ritmo do mar e ao som das gaivotas. Seu caminhar, leve como a brisa que acariciava seu rosto, refletia a liberdade de alguém que, sem pressa, seguia o fluxo da vida.

Era como se o mundo ao seu redor silenciasse para escutar o murmúrio de seus pensamentos, e aqueles que a observavam, mesmo de longe, sentiam-se atraídos por uma força invisível. Havia algo em Ana que evocava uma nostalgia de algo perdido, como um pôr-do-sol que sempre prometia voltar, mas nunca da mesma forma. E era nessa promessa sutil, no mistério de quem ela realmente era, que residia seu encanto mais profundo.

Henrique carregava a força silenciosa dos ventos que cruzam o oceano, uma presença marcante que se anunciava sem palavras. Com seus 1,85m, ele parecia esculpido pela própria natureza, os cabelos castanho-claros, sempre desalinhados, traziam a memória das brisas que os despenteavam ao longo das praias, como se ele nunca estivesse longe do mar. A tonalidade bronzeada de sua pele, um beijo permanente do sol, era o testemunho de horas entregues às ondas, ao surfe, e ao solitário diálogo com a imensidão do horizonte.

Seus olhos, de um verde intenso, traziam a profundidade de quem já enfrentou muitas tempestades e encontrou equilíbrio nas águas mais turbulentas. Havia neles uma serenidade que atraía os olhares alheios, como se escondessem mundos dentro de si, convidando os mais curiosos a desvendá-los, sem jamais revelar tudo. Suas feições, desenhadas por linhas firmes e claras, carregavam um misto de mistério e uma leveza despretensiosa, um sorriso de canto que surgia como o reflexo de uma vida vivida com paixão, mas sem pressa.

Os ombros largos e o físico, moldado pelos esportes ao ar livre, pareciam carregar o peso do mundo com naturalidade. Não era a força bruta que se anunciava, mas a firmeza tranquila de quem se conhece. Sua postura, sempre ereta, mas despojada, transmitia segurança e liberdade ao mesmo tempo, como o oceano: vasto, poderoso, mas em paz consigo mesmo.

O primeiro encontro deles, naquela noite de estrelas e mar, não foi orquestrado, mas trazia o selo daquilo que o destino molda com cuidado. Ana, como era de costume ao cair do sol, encontrava refúgio à beira da praia, deixando-se embalar pela carícia da brisa salgada e pelo murmúrio suave das ondas. Ali, no silêncio que só o mar compreendia, ela se perdia em pensamentos que flutuavam como os cabelos soltos ao vento, dançando em harmonia com a noite.

Seu rosto, iluminado por uma luz suave, revelava uma paz serena, entremeada por toques de uma melancolia sutil, como se guardasse segredos ainda não desvendados. Os olhos, fixos no horizonte distante, buscavam algo além da linha onde o céu e o mar se encontravam — talvez uma resposta, talvez um sonho ainda por descobrir.

Henrique, recém-saído do mar após uma intensa sessão de surfe, caminhava pela praia com a prancha repousada sobre o ombro, o corpo ainda reluzente da água salgada, os músculos ondulando a cada passo decidido na areia. Seu olhar foi imediatamente atraído por ela. Havia algo de inusitado, uma aura que o fez parar, quase como se o universo tivesse sinalizado um destino. Talvez fosse a paz que emanava de seu olhar, ou o modo como o vestido branco que vestia se fundia com a espuma das ondas, como se ele fosse uma extensão do próprio mar. Sem refletir, movido por uma intuição silenciosa e inexplicável, se aproximou.

ONDAS DO DESTINOOnde histórias criam vida. Descubra agora