Monitoramento

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ANDRAS

─ Devia ter me deixado convencer Tamlin de ir contigo, cara

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─ Devia ter me deixado convencer Tamlin de ir contigo, cara...

Lucien tava jogado na minha cama, brincando com um cubo mágico de apenas duas cores: laranja e branco. Um presente que tinha me dado de aniversário havia uns quinze anos.

Sai do banheiro depois de terminar os retoques na cara e ajustei o capuz, logo peguei o coldre de adagas ao seu lado que continha três lâminas, o prendendo na coxa esquerda sobre a calça de couro.

─ Monitorar uma vidente não é difícil.

─ Se é uma exilada, há uma razão pra isso ─ se sentou, ainda mexendo no cubo, me olhando sério ─. É bom que retorne inteiro.

Lhe lancei um sorriso maroto, me inclinando para pegar o par de luvas preto no lençol e o coloquei.

─ Quem é que 'tá com medo agora, em Lucien?

No instante que ele ergueu o braço e o vulto quadrado ganhou movimento, desviei para não ser atingido pelo brinquedo e ri torto, saindo do quarto. Não demorou para ser seguido por ele, que me abraçou pelo ombro, rindo cético.

─ Volta com um único arranhão e te garanto que eu mesmo irei terminar o serviço.

Revirei os olhos.

─ Deveria me vingar, não me ameaçar, raposa idiota.

─ Foda-se.


✧ ✧ ✧


Nos separamos na fronteira, antes de eu cruzar para o outro lado. Dessa vez, atravessei a Muralha na minha forma original, entretanto, usei meu poder de camuflagem para passar despercebido, assim nenhum ser vivo me notaria por cinco horas - eu precisaria o reativar. Caso o efeito, por qualquer razão viesse a cair antes, minhas roupas me protegem da cabeça aos pés.

A parede mágica impedia da friagem, passar para as terras primaveris, a neve cobria as árvores e flocos caiam sem parar. Da parte interna do sobretudo preto, tirei um relógio de bolso.

O vos lumiere ad eum me maga, nomen tuum in ventis fluit ─ cantarolei mentalizando a imagem da bruxa e a forma como ela me encarava sem medo da morte, independente de eu ser um feérico ou não ─ Mostre-me onde está a minha bruxa, com a força que nunca se oculta ─ repeti e uma luz branca transparente emanou do relógio, apontando para frente num filete ondulado, indicando onde eu deveria ir.

Clare Beddor - ACOTARWhere stories live. Discover now