Recomeço

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Um novo recomeço, era o que eu esperava e sentia que deveria acontecer. No meio de tanta turbulência e caos de uma recuperação de lesão grave no joelho direito, em plena olimpíadas, no meu auge, esperavam tudo de mim, menos uma lesão que poderia não ter acontecido.

Meu sonho era participar de uma olimpíada, e eu necessitava disso. Com muito esforço e dedicação, fui convocada para a minha primeira olimpíada, em 2016. Um sonho realizado, mas eu precisava de mais, continuei atrás dos meus objetivos e conquistas.

Em 2021, fui convocada pela segunda vez, com o título de melhor ponteira e jogadora do mundo. Isso me realizou, incentivou minha irmã, Júlia Kudiess, a seguir com seu caminho no vôlei e me proporcionar momentos de orgulho.

No jogo da final, aconteceu o inesperado, quando caí de um bloqueio e senti a enorme dor no meu joelho, minha primeira reação foi gritar e socar o chão.

Eu tinha perdido meu sonho.

Era o que eu pensava, até porque, eu era a promessa do time, com 20 anos eleita a melhor jogadora do time e do mundo, esperavam muitas coisas de mim e eu não poderia descumprir com isso.

Senti que meu mundo tinha desmoronado, era como se tudo tivesse caído em cima de mim sem eu ter nenhuma proteção, até porque, vamos concordar que uma menina de 20 anos, que tinha acabado de brigar com a namorada, Rosamaria, não tinha nenhum tipo de estrutura psicológica pra passar por aquilo.

Quando fui atendida por médicos especializados, depois de chamar por Gattaz e Rosamaria, que me levaram as pressas para o banco de atendimento, eles me informaram rapidamente que poderia ser grave, e eu teria que ser firme e corajosa para enfrentar aquilo, eu tive uma crise de ansiedade, eu não tinha psicológico, com câmeras gravando meu sofrimento e dor.

Dor de perda. Perda do meu sonho, até por que, para mim, aquilo era o fim, na minha cabeça não seria forte o suficiente pra aquilo, sem nenhuma ajuda.

Não consegui ganhar minha medalha no pódio, fui levada para a pequena enfermaria que lá estava presente, e rapidamente, viajando de volta pro Brasil.

Depois daquele episódio de terror, me mudei, mudei meus hábitos e me afastei de todos que me queriam por perto.

Eu sentia saudades, sentia saudades de todas elas. Gattaz, Carolana, Thaisa e Anne foram as que mais me ajudaram, mesmo sendo sempre chutadas pra fora, continuavam do meu lado, me ajudando sempre que precisava, claro que minha irmã estava lá, mas nunca fui próxima o bastante de Julia.

Minha relação com minha irmã era de amor e ódio, e infelizmente o ódio sempre vinha da minha parte. Eu me sentia culpada, óbvio, ela não tinha culpa. Com meus três anos meu pai morreu, na minha frente, a tiros por se envolver com coisas erradas. Depois disso minha vida que nem era tão avançada já tinha virado de ponta cabeça. Minha mãe arrumou um namorado, pai de Julia e Laura, e eu me senti largada. Eu esperava que minha mãe ficasse presa ao meu pai, mas isso já estava previsto que não ia acontecer. E então todo esse ódio acumulado, se desfez em Julia, mesmo ela não tendo culpa.

Meu "relacionamento" com Rosamaria aconteceu em 2017, no Minas, já éramos amigas, já nos falávamos, mas eu sempre fui um pouco perdidinha por ela. Rosamaria era tudo pra mim e a pessoa á quem eu mais amava, antes mesmo de nos tornamos mais que amigas. Gattaz juntou nós duas, por meio de piadinhas que já eram seu tipo. Começamos a ficar em 2018, antes disso eram apenas piadas e provocações, até que em 2019, ela pediu dispensa e ficamos afastadas. Ela nunca foi do tipo que se importava muito com o que eu sentia, não só á mim, mas á qualquer pessoas.

Quando as olimpíadas de 2021 aconteceram, caímos no mesmo quarto, e eu puxei a primeira conversa. Acho que esse foi meu principal erro.

Sempre soube que Rosamaria não se importava, mas eu quis tentar de novo, afinal, eu já tinha feito muito coisa por ela e não era agora que aquilo ia mudar.

Começamos a namorar, e muitas brigas aconteciam, eu sou 6 anos mais nova, não tínhamos os mesmos objetivos e muito menos as mesmas obrigações. Um dia antes da final, tivemos uma briga mais séria, que resultou em um término de algo que nem havia começado. A briga começou por que ela não se sentia a vontade de me assumir, mas qual era o real problema ?

Ela já era assumida pra família, eles já me conheciam, como amiga, claro. Mas eu sempre acreditei que aquele relacionamento ia pra frente, até que eu surtei, e ela não esperava isso de mim, e eu também não esperava isso dela.

Fui pro jogo com o psicológico abalado, abalado não, destruído. Eu me sentia destruída. E para completar o pacote, um término de um recém relacionamento.

Mas Cristal Giorno estava disposta a seguir um novo caminho, com novos objetivos, que no momento, era focar na sua recuperação.

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⏰ Última atualização: Oct 01 ⏰

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lisboa • Rosamaria MontibellerOnde histórias criam vida. Descubra agora