Ah, sim... Foi como aquele mês chuvoso de setembro em que bebíamos café com espuma de leite. Entre por açúcar ou adoçando e mel falsificado, escolhíamos a "pior" opção. Das escolhas estúpidas que poderíamos tomar por sermos jovens, escolhemos correr da cafeteria, deixando de pagar ao pobre atendente que mais uma vez levaria bronca de seu gerente por algo que claramente não era sua culpa. Achávamos tão engraçado na época. "Que idiota", "bunda mole", dizíamos e ríamos. Corremos um pouco mais e se escondemos atrás de um container azul já castigado pelo tempo por sua cor pálida. Olhamos para o céu--
"Isso... Era assim mesmo?"
Conversamos sobre o tempo, o dever de casa penoso da professora ---, o quanto a sola dos sapatos de couro estavam se desgastando... Naquele momento uma brisa refrescante se esbarrou com nossos rostos e fios de cabelo... Pretos? Loiros? Loiros. Você inclinou seus dedos em minha direção e os ajeitou pondo atrás de minha orelha pontiaguda. Nós rimos por alguns segundos e por algum motivo, em seguida, você lançou uma moeda ao ar: "Cara ou coroa?", você me perguntou. Antes mesmo de lhe dar a resposta, a moeda já havia virado. C-coroa, havia dado coroa. Sim, "deu" coroa.
"Ora, ora, que azar o seu! Agora terá de me beijar." Fiquei sem reação pus minhas mãos ao redor de minha boca tentando conter o riso: "O quê? Não, ha, ha, ha! Você é ridícula." Foi quando percebi que seus dedos seguravam as pontas de minha saia, um gesto de carinho seu de quando quer algo. Você não hesitou enquanto se inclinava em minha direção ao olhar em meus olhos: "Você não quer?" --
"Eu respondi sim... Não podemos, eu sim... Eu..."
Intenso, mas delicado. Quente, mas suportável. Acolhedor, mas triste. Eu me debatia enquanto tentava se soltar, "Não podemos!". Empurrei-a com força contra a estrutura do container, pelo som do impacto, doeu o bastante para a deixar de cama. "Eu sinto muito, mas não..." em seu rosto só lágrimas se escorriam em seu rosto... Fino ou... Fino. Liso. Eu não sei. Você correu, correu, correu... --
"Qual era sua marca de sapato? Seu perfume? O seu tipo sanguíneo? A forma como seu rosto ficava vermelho de quando eu te batia?"
Passos e passos, uma moça ruiva, alta usando um batom matte vermelho por volta dos 20 anos me olha com um sorriso estampado no rosto e aplica uma seringa com uma ponta fina em minha veia. "Pronto, a dor já vai passar em questões de segundo." ela diz enquanto prepara um prato de sopa de tomate, provavelmente defumado com cebola e alho, pitadas leves de pimenta preta e salteado com alho poro... Meu favorito, certo? "Aproveite enquanto está quente, é temporada de chuva e frio. Não vá querer pegar um resfriado." Nos olhamos por um tempo. "Me desculpa, mas tenho que encontrar minha amiga, ela está esperando lá fora." Ela me olha com... Pena? "Ah, dona Emmi, vamos me acompanhe com os outros para assistirmos juntos o filme "Sua chuva", sim?"
"Ah, sim... Foi como aquele mês chuvoso de setembro."
Ilustração e conto por "Café Estrelado".
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Sua Chuva
Short Story"Sua Chuva" apresenta uma narrativa envolvente entre memórias de juventude, liberdade e as escolhas impulsivas que marcam essa fase da vida. O conto transporta o leitor para um dia chuvoso de setembro, onde duas jovens compartilham momentos de despr...