O Plano Perigoso

138 21 1
                                    

Era um final de tarde como qualquer outro na faculdade. Valentina e Luiza estavam caminhando lado a lado, conversando sobre o dia cheio de aulas e planejando o que fariam no final de semana. O sol já começava a se pôr, tingindo o céu de tons alaranjados, e o campus estava começando a esvaziar.

"Então, amanhã à noite, filme e pizza?" Valentina sugeriu, com um sorriso despreocupado.

Luiza riu, entrelaçando os dedos nos de Valentina. "Claro! Mas dessa vez você escolhe o filme. A última escolha minha quase nos fez dormir."

As duas riram juntas, quando, sem que percebessem, um carro escuro se aproximava lentamente da calçada. Dentro dele, o contratado de Dany observava à distância, esperando o momento certo. A ordem era clara: dar um susto em Valentina. Não algo grave, mas o suficiente para assustá-la, talvez jogar o carro perto o bastante para ela tropeçar e cair, sem grandes danos. Pelo menos, era o que Bruna havia insistido. Mas a verdade era que o motorista contratado não ligava para o "nível" do susto. Ele faria o que fosse necessário e desapareceria.

---

**Horas antes...**

Dany e Bruna estavam em um estacionamento deserto. Bruna, de braços cruzados, estava claramente nervosa. "Dany, isso está indo longe demais. Eu só queria separar Valentina de Luiza, não machucá-la de verdade."

Dany revirou os olhos, impaciente. "Relaxa, Bruna. Isso não é nada sério. Vai ser só um susto, algo pequeno, mas o suficiente para Valentina ficar assustada, e, quem sabe, Luiza começar a repensar o quanto 'perigo' Valentina traz para a vida dela."

Bruna mordeu o lábio, ainda hesitante. "E se algo der errado?"

Dany deu de ombros, sua expressão fria. "Confia em mim, nada vai acontecer. Só um sustinho, e depois ela vai ficar com medo de sair de perto de Luiza, achando que é culpa dela. Isso vai criar o espaço que precisamos."

Bruna balançou a cabeça, resignada, mas seu coração estava pesado com a ideia. **Talvez seja só um susto...**

---

**De volta ao campus...**

O carro começou a ganhar velocidade. Valentina, alheia ao que acontecia, estava concentrada em uma piada de Luiza, quando de repente um som alto de pneus gritando ecoou pela rua. Ela virou o rosto em direção ao barulho, seus olhos arregalando-se ao ver o carro vindo em sua direção. No reflexo, ela puxou Luiza para o lado, mas foi tarde demais.

O carro desvia bruscamente para a calçada e, no último segundo, Valentina tropeça para trás, mas, em um movimento desesperado, Luiza se joga para protegê-la. O impacto foi brutal. O corpo de Luiza foi lançado alguns metros à frente e caiu no chão com um som surdo. O motorista, ao perceber o erro, acelera rapidamente, sumindo na escuridão da rua.

Valentina caiu no chão, com o coração disparado. Seus ouvidos zumbiam, e por um momento ela não conseguia entender o que acabara de acontecer. Foi só quando olhou para frente que viu Luiza, deitada no asfalto, imóvel.

"LUÍZA!" Valentina gritou, seu pânico se transformando em desespero absoluto. Ela correu até o corpo inerte de sua namorada, ajoelhando-se ao lado dela. "Amor, por favor... me responde!" Valentina implorava, sacudindo suavemente o ombro de Luiza, mas não havia resposta. A testa de Luiza estava sangrando, e o pânico de Valentina crescia a cada segundo que passava.

Ela pegou o telefone com mãos trêmulas e ligou para a emergência. "É urgente! Minha namorada foi atropelada, ela não está reagindo! Por favor, venham rápido!" A voz dela estava embargada, quase sufocada pelas lágrimas.

---

**Momentos depois...**

Valentina estava completamente em choque enquanto observava os paramédicos colocarem Luiza na maca. O rosto dela estava pálido, e uma sensação esmagadora de culpa tomava conta de Valentina. **Isso foi culpa minha. Se eu não tivesse parado... se eu tivesse visto o carro antes...** As palavras giravam em sua mente, enquanto ela mal conseguia processar o que estava acontecendo.

Ela ligou para o irmão, Igor, em meio ao desespero. A voz dela mal conseguia sair. "Igor... eu preciso de você. A Luiza... ela... ela foi atropelada... Eu não sei o que fazer, por favor, venha para o hospital."

Em seguida, Valentina ligou para Duda, a melhor amiga de Luiza. Quando Duda atendeu, Valentina só conseguiu dizer, entre soluços: "A Luiza... ela está mal, foi atropelada... ela não responde!"

Duda entrou em pânico do outro lado da linha, mas conseguiu manter a calma suficiente para dizer: "Estou indo para lá agora! Vou ligar para os pais dela. Fica firme, Valentina. A Luiza vai ficar bem."

---

**No hospital...**

Valentina estava sentada na sala de espera, com os cotovelos apoiados nos joelhos, as mãos no rosto, esperando qualquer notícia. Sua mente não parava de repetir a cena do acidente. O sangue, o corpo de Luiza no chão... o medo de que poderia perdê-la a consumia.

Logo, Igor e Duda chegaram correndo pelo corredor. "Val!" Igor exclamou, abraçando a irmã apertado. "O que aconteceu? Como ela está?"

Valentina, com a voz falha, explicou o que conseguia. "Eu... nós estávamos saindo da faculdade, e... um carro veio do nada. Eu acho que era pra mim, mas... a Luiza... ela se jogou na minha frente... E agora ela está lá dentro, Igor. E eu não sei o que vai acontecer." Sua voz quebrou de vez, e ela começou a chorar, o rosto enterrado no ombro do irmão.

Duda, que tentava manter a calma, perguntou: "Você viu quem foi? Como isso aconteceu?"

Valentina balançou a cabeça. "Eu não sei. Foi tão rápido... e o carro fugiu."

Antes que pudessem falar mais, o médico apareceu na porta da sala de espera. "Os familiares de Luiza Campos?"

Valentina e Duda se levantaram ao mesmo tempo. "Eu sou a namorada dela," Valentina disse rapidamente. "E os pais dela estão a caminho."

O médico olhou para as duas com um semblante grave. "Luiza sofreu um traumatismo craniano com o impacto. Conseguimos estabilizá-la, mas ela precisará ficar em observação na UTI nas próximas horas. O estado dela é crítico, e precisamos monitorá-la de perto para garantir que não haja inchaço cerebral. Vocês podem visitá-la por alguns minutos."

O chão parecia desaparecer sob os pés de Valentina. Ela olhou para o médico, incrédula, as palavras mal chegando aos seus lábios. "Ela... ela vai ficar bem?"

O médico fez uma pausa antes de responder. "Ainda é cedo para dizer. As próximas horas serão decisivas."

Valentina caiu de volta na cadeira, sentindo o peso esmagador da culpa. Se algo acontecesse com Luiza, ela jamais se perdoaria.

Dança das EmoçõesOnde histórias criam vida. Descubra agora