Visita Indesejável

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A sala de espera estava tomada pelo silêncio, mas os pensamentos de Valentina eram ensurdecedores. Ela tentava processar tudo o que havia acontecido, mas a dor de ver Luiza naquele estado inerte na UTI a deixava vulnerável. Seu coração estava esmagado pelo medo, pela incerteza. Cada vez que fechava os olhos, revivia o momento do acidente, o som do carro, o corpo de Luiza caindo, e o sangue. A culpa a corroía por dentro.

Foi nesse estado de tensão que Dany apareceu no hospital. Assim que a viu, Valentina se levantou abruptamente, confusa e irritada ao mesmo tempo.

“Dany? O que você está fazendo aqui?” A voz de Valentina saiu trêmula, com uma mistura de surpresa e desconfiança.

Dany, por sua vez, estava pálida, claramente abalada com a notícia. Apesar de tudo, ela realmente se importava com Luiza. O plano que ela e Bruna haviam montado era para dar um susto em Valentina, afastar a garota de Luiza, mas Dany nunca imaginou que algo tão grave pudesse acontecer. E, agora, ao saber que Luiza era a vítima, seu coração apertava de preocupação genuína.

“Eu... eu soube do acidente,” Dany respondeu, tentando manter a calma, mas a dor em seus olhos era evidente. “Alguém da faculdade comentou que a Luiza foi atropelada, e eu vim saber como ela está. Eu... precisava saber.”

Valentina estreitou os olhos, ainda desconfiada. Ela sabia que Dany ainda nutria sentimentos por Luiza, mas a presença dela naquele momento a incomodava profundamente. "Ela está na UTI, Dany. Em coma induzido... A situação é grave." Valentina deixou escapar as palavras com dificuldade, tentando manter a compostura.

Dany parecia devastada. Seus olhos encheram-se de lágrimas, e ela se sentou na cadeira ao lado, levando as mãos ao rosto. “Meu Deus... Eu nunca quis que algo assim acontecesse. Nunca quis que ela se machucasse.” Sua voz quebrou de emoção, e, naquele momento, ficou claro para Valentina que, apesar de tudo, o amor de Dany por Luiza ainda era real. Ela não queria que Luiza morresse, não era parte de nenhum plano.

Valentina se conteve, sabendo que também estava emocionalmente fragilizada. Ela não podia alimentar um conflito naquele momento, não quando a pessoa que ambas amavam estava lutando pela vida. "Eu sei que você não queria isso, Dany. Mas... agora não é o momento para discutir o passado."

Dany respirou fundo, secando os olhos. “Eu só... eu só não queria que você estivesse com ela. Queria outra chance, queria que as coisas fossem diferentes. Mas eu nunca, nunca, faria algo para realmente machucá-la. Você precisa acreditar em mim.”

Valentina olhou para Dany por um longo momento. Embora as palavras dela soassem sinceras, havia algo que ainda não se encaixava. Ela sabia que Dany tinha ciúmes e que isso havia impulsionado muitas de suas ações, mas nada justificava o que havia acontecido. Ainda assim, esse não era o momento de confrontá-la. "Eu entendo que você se preocupa com ela, mas, por favor, Dany... só precisamos nos concentrar em Luiza agora."

Nesse momento, D. Sônia, que estava observando a interação das duas, decidiu intervir, sentindo que o clima estava tenso. “Valentina tem razão, Dany. Vamos focar no que realmente importa. A Luiza precisa de nós, todos nós, agora.”

Dany assentiu, claramente comovida, e então, com uma expressão mais tranquila, perguntou: “Eu... eu posso ver a Luiza? Só por um momento, por favor.”

Valentina sentiu um aperto no coração. A última coisa que queria era que Dany se aproximasse de Luiza nesse estado, mas antes que pudesse dizer qualquer coisa, D. Sônia respondeu primeiro. “Pode, Dany. Talvez sua visita traga um pouco de conforto para ela. Mas seja breve, os médicos são muito rigorosos.”

Com isso, Dany seguiu até o quarto da UTI. Valentina a observou com um nó na garganta. Ela sabia que, apesar do ciúme e da obsessão de Dany, havia algo de genuíno no que ela sentia por Luiza. No entanto, isso não tornava as coisas mais fáceis para Valentina.

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**Dentro da UTI...**

Dany entrou no quarto, o som dos monitores e da respiração de Luiza conectada aos aparelhos era quase ensurdecedor. Ela se aproximou lentamente da cama, olhando para o rosto inerte da garota que um dia amou tanto. Ver Luiza naquela condição era doloroso. Dany se ajoelhou ao lado da cama, segurando com delicadeza a mão fria de Luiza.

“Eu... eu sinto muito,” sussurrou Dany, com lágrimas nos olhos. “Eu nunca quis que isso acontecesse com você. Eu só... eu só queria você de volta.”

Ela se inclinou um pouco mais, seu coração apertado com a dor de ver Luiza tão vulnerável. “Eu ainda te amo, Luiza. Mesmo que você não me queira, mesmo que você esteja com ela... eu nunca quis te machucar.”

Após alguns minutos em silêncio, observando Luiza, Dany se levantou. Seu rosto estava molhado de lágrimas, mas ela se forçou a manter a compostura. Olhou para a porta uma última vez antes de sair, sabendo que, de certa forma, seu amor por Luiza nunca iria embora.

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**De volta à sala de espera...**

Quando Dany voltou, seus olhos inchados e a expressão cansada mostravam que ela estava realmente abalada. Valentina a observou à distância, sem saber o que pensar. Dany parecia sinceramente preocupada, mas o caos que cercava o acidente ainda não fazia sentido para ela.

Dany se aproximou de D. Sônia e Augusto novamente, dizendo que estava indo embora, mas pediu para ser informada de qualquer novidade. Antes de sair, olhou mais uma vez para Valentina, como se quisesse dizer algo, mas decidiu ficar em silêncio. Ela se despediu e saiu.

Quando a porta da sala de espera se fechou, Valentina soltou um longo suspiro, tentando aliviar a tensão que estava sentindo. As palavras de Dany ecoavam em sua mente, e, embora ela soubesse que Dany não havia planejado o acidente, algo dentro de si ainda a alertava para ter cuidado.

Igor e Duda voltaram para a sala logo depois, e Valentina resumiu rapidamente o que havia acontecido. Os três ficaram ali, juntos, aguardando qualquer nova atualização do médico.

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