O despertar confuso de Luiza

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O sol já havia se posto há horas, mas Valentina continuava no hospital, presa naqueles corredores frios, esperando uma notícia, qualquer sinal de melhora. Ela mal dormia, mal comia. Sua vida agora era aquele hospital. Entre uma troca de turno com os pais de Luiza, Valentina insistia em estar lá sempre que podia, com a esperança de que, a qualquer momento, ela abriria os olhos.Dany, por outro lado, fazia visitas rápidas. 

Sua presença também era uma constante, mas menos intensa. Ela estava lá como amiga, prestando apoio, mas sem aquela intensidade avassaladora que Valentina demonstrava. Naquele fim de tarde, Dany estava ao lado da cama de Luiza, segurando sua mão, conversando baixinho sobre banalidades, sem esperar grande coisa.

 De repente, algo aconteceu. Os dedos de Luiza se mexeram levemente, os cílios tremularam. Dany arregalou os olhos e, em um momento de surpresa, viu Luiza abrir os olhos.- Amor? – a voz de Luiza saiu baixa e arranhada, mas clara o suficiente para que Dany entendesse.Dany parou.

" Amor? Luiza a estava chamando de amor? Confusa, tentou manter a calma.- Luiza?" – Dany respondeu com a voz trêmula. – Meu Deus, você acordou! Você está no hospital, sofreu um acidente.Luiza olhou ao redor, seus olhos vagando pelo quarto branco e pelos aparelhos que apitavam ao seu lado. 

A confusão tomava conta de seu rosto.- O que aconteceu? Por que estou aqui? – Ela perguntou, ainda desorientada.- Você teve um acidente, mas está tudo bem agora. Vou chamar o médico, tá? Só um segundo. – Dany soltou sua mão e saiu apressada.O médico entrou rapidamente, pedindo a Dany que esperasse do lado de fora enquanto realizava os procedimentos e avaliava a condição de Luiza. Assim que Dany saiu, viu Valentina a alguns metros de distância, andando de um lado para o outro, ansiosa. 

Quando os olhos de Valentina encontraram os de Dany, a apreensão tomou conta.- O que aconteceu? – Valentina perguntou, sentindo o coração acelerar. – Ela acordou?- Acordou – Dany respondeu, com uma expressão estranha, como se não soubesse exatamente o que dizer.Valentina mal conseguiu processar o que Dany estava sentindo.

 O importante era que Luiza estava de volta.Quando o médico saiu, ele se dirigiu à pequena sala de espera onde estavam Valentina, Dany e os pais de Luiza. Ele explicou que Luiza estava consciente, mas era possível que ela estivesse confusa, algo comum após traumas severos. As visitas podiam ser feitas, mas apenas uma pessoa por vez.Valentina, com o coração na boca, olhou para Sónia e, com um sorriso compreensivo, disse:- Vai você primeiro.

 Ela vai querer ver a mãe.Sónia entrou no quarto com lágrimas nos olhos. Quando Luiza a viu, um sorriso fraco se formou em seu rosto.- Mãe... – murmurou, emocionada.Sónia a abraçou com cuidado, e as duas trocaram palavras de alívio e amor. O coração de Sónia estava pesado de medo, mas o pior parecia ter passado.---**

Do lado de fora, Valentina aguardava impaciente. Quando Sónia saiu do quarto, ainda emocionada, Valentina sorriu e respirou fundo. Era a sua vez. Ela entrou devagar, tentando conter a explosão de sentimentos dentro de si.

Ao cruzar a porta e ver Luiza desperta, seu coração disparou. Era como se finalmente pudesse respirar depois de tanto tempo.- Oi, amor... – Valentina disse suavemente, seus olhos brilhando com um misto de alívio e amor profundo. – Posso entrar?Luiza, ao ouvir aquela palavra, franziu o cenho, confusa.- Amor? – ela repetiu, olhando para Valentina de maneira estranha. – Por que você está me chamando assim? E onde está a Dany, minha namorada?

Essas palavras bateram em Valentina como um soco no estômago. 

A surpresa e a dor se misturaram em seu rosto.- Como assim, Dany...? – Valentina gaguejou, incrédula. – Luiza... você não se lembra de mim?- Claro que lembro – Luiza disse, como se fosse óbvio. – Você é Valentina, minha colega de faculdade... irmã do Igor.

 Por que você está me chamando de amor?Valentina ficou estática. Seus olhos encheram-se de lágrimas. O coração, que antes palpitava de alívio, agora se apertava em um desespero mudo. Ela queria falar, queria explicar tudo, mas as palavras não saíam.

Ela simplesmente não sabia como reagir àquela realidade.Luiza, ao perceber o desconforto de Valentina, tentou se recompor.- Me desculpa, mas... estou muito confusa. Por que você está aqui? – Ela perguntou, sem entender a razão daquela tensão.Valentina deu um passo para trás, sentindo o chão sumir debaixo dos seus pés.- Eu... eu vim te ver, Luiza – respondeu, com a voz falha. – A gente tem muita coisa para conversar...

Dança das EmoçõesOnde histórias criam vida. Descubra agora