Aos poucos, sinto meus olhos cintilantes acordarem com pequenas lágrimas escapando deles devido ao peso. Como impulso, minha mão agarra o edredom macio que há embaixo de mim. Uma luz fraca e amarelada faz com que eu nunca mais queira abrir meus olhos. E a dor irradiante e esclarecedora faz com que eu queira estar dentro de uma vala fria.
- Mas o que?- - minhas palavras saem mais do que um balbucio do que como uma frase, fecho meus olhos instantaneamente quando sinto a luz do local queimar eles, debruçando novamente minha cabeça no travesseiro que parecia com uma nuvem dos céus.
Começo a prestar atenção ao meu redor, pressentindo e ainda de olhos fechados, sentindo uma certa ansiedade questionando minha cabeça e pressionando meu corpo dolorido contra a cama. Ouço vozes ao fundo. Não consigo distinguir. Uma voz feminina me faz excitar. Penso em Lauren. Mas como ela poderia estar aqui? Tom não a chamaria, não se fosse algo que não deveriam se preocupar, e sentia que não deviam se preocupar. Logo uma voz doce e gentil. Uma voz masculina. Uma voz que me causou arrepios na nuca, um arrepio terrível, um arrepio que fez com que eu voltasse a ter medo de bicho papão. Outra voz masculina. A voz também faz com que os pelos do meu rosto levantem. A voz que me amaldiçoou. Meus olhos abrem com um impulso e desejo, mas solto um berro curto da minha boca por ter me mexido demais.
Ouço a porta se abrir e passos desesperados vão até meu encontro, não me atrevo a abrir os olhos, não ao pensar o porquê de estar sentindo essa dor, e em quem deveria estar me vendo nessa situação, provavelmente com o cabelo arrepiado e bafo de quem acabou de acordar. As vozes se embaralham conforme uns conversavam entre si, mas nada da voz que me fez pulsar. Duas mãos firmes guiam meu tronco de volta à cama, me auxiliando para que deitasse de novo, mas eu não queria, preciso abrir meus olhos e procurar pelo Diabo, preciso abrir meus olhos e entender onde estou, e o porquê de estar aqui, e a única coisa que eu conseguia pensar era na merda do Diabo!
- Fechem a cortina e peguem água para ela beber. Rápido! - a voz que me causou arrepios estranhos faz meu corpo estremecer quando abro lentamente meus olhos a medida que ouço as cortinas se fecharem. Agarro o edredom de novo, com medo do que meu destino planejou pra me fuder ainda mais. Subo e desço meu peito com calma, na intenção de transmitir a sensação de calmaria para meu corpo todo, e relaxar meus músculos. As portas abrem e fecham quase que o tempo todo, minha cabeça pulsa de dor e teima ao tentar tirar Tom dela.
- Lilith... - a voz feminina chega mais perto e a mulher toca minha mão, estava fria, fria como um cadáver. Minha visão se torna mais nítida na medida em que ela se adapta ao ambiente com cheiro de madeira molhada. Molhada... Estava chovendo. Mas não era época de chuva. - Lilith, querida, abra seus olhos. Está tudo bem.
Balbucio palavras indecifráveis, na intenção de perguntar tudo de uma vez, esquecendo que minha boca não era tão rápida. Lauren me encarava aliviada, com um sorriso esplendor no rosto. Pelas olheiras escurecidas e marcadas, era nítido que ela não dormia bem, e sua boca estava branca como sua pele, se mesclando com os rosados dos lábios rachados de tão ressecados. Sua mão aperta a minha, provavelmente na intenção de se manter em pé e não desmaiar. Conhecia minha tia, e pela falta de vaidade que estava aparente, isso aconteceria a qualquer momento.
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The Purge | Tom Kaulitz
Fanfiction"Mais um ano aguardando ansiosa cada segundo, para a Purificação, mas dessa vez, minha experiência seria diferente das anteriores, não ficando aflita e amedrontada, ansiando para que a noite acabe dentro de meu quarto. Nesse ano, serei eu quem estar...