A vida que segue

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Duda entrou no quarto de Luiza, trazendo consigo um sorriso caloroso. Embora soubesse que a amiga estava em um turbilhão de emoções, ela queria trazer um pouco de leveza para o ambiente.

— E aí, amiga, como você está? — Duda perguntou, puxando uma cadeira para sentar ao lado da cama.

Luiza suspirou profundamente, sentindo o corpo ainda dolorido pelos efeitos do acidente. — Sinceramente? Como se eu tivesse sido atropelada por um caminhão — ela respondeu com um leve sorriso irônico. — Estou dolorida, minha cabeça ainda está confusa e... não me lembro de algumas coisas.

Duda assentiu, sabendo que precisaria ter muito cuidado com o que dizia a partir de agora.

— Imagino que esteja sendo complicado... — Duda começou, mas Luiza a interrompeu, virando-se para encará-la com uma expressão pensativa.

— Tem uma coisa que eu não consigo tirar da cabeça, Duda — disse Luiza, franzindo a testa. — Valentina veio aqui no meu quarto, e do nada, ela me chamou de "amor". Eu fiquei sem entender. Por que ela faria isso? Eu sei que ela tem essa fama de pegadora, mas... eu não consigo parar de pensar nisso.

Duda respirou fundo, lutando para não deixar escapar nada que pudesse comprometer a recuperação de Luiza. Ela sabia que Valentina a amava profundamente e que, em algum momento, as memórias de Luiza poderiam voltar.

— Bom... você e a Valentina... — Duda começou com cautela. — Vocês foram se aproximando bastante nos últimos meses. Se deram super bem, sabe? Mas eu realmente não posso te dizer muito mais do que isso, Lu. Não quero interferir no seu processo de recuperação.

Luiza estreitou os olhos, absorvendo as palavras da amiga. Fazia sentido, de certo modo. Se ela e Valentina estavam tão próximas, era natural que Valentina fosse visitá-la todos os dias. Mas ainda assim, o "amor" ecoava na sua mente. Valentina sempre foi a pegadora, a que não se prendia a ninguém. Será que ela estava tentando algo, uma espécie de aventura? Bem, isso teria que ser resolvido, pensou Luiza.

— Ok, isso explica o fato de ela estar sempre por aqui — disse Luiza, coçando a cabeça. — Mas ainda assim... não sei, não parece algo que Valentina faria. De qualquer forma, vou deixar claro que estou com a Dany. Não quero que ela pense que pode começar algo.

Duda apenas sorriu de leve, sabendo que as coisas eram muito mais complexas do que Luiza podia imaginar. Ela apenas esperava que, com o tempo, as memórias de Luiza voltassem, e tudo fizesse sentido para sua amiga.

**Valentina visita Luiza:**

Mais tarde, Valentina entrou no quarto com a expressão séria, mas os olhos sempre demonstrando o carinho e a preocupação que sentia. Luiza a viu entrar e tentou adotar uma postura mais amistosa, mas ainda com a ideia de esclarecer as coisas entre elas.

— Oi, Valentina. Como você está? — Luiza perguntou.

Valentina respirou fundo, tentando esconder a ansiedade que a invadia toda vez que via Luiza sem lembrar-se delas. — Estou bem, obrigada. E você? Como está se sentindo hoje?

Luiza deu um leve sorriso, ainda um pouco desconfortável com tudo, mas disposta a ser direta. — Estou um pouco melhor. Ainda sinto dor, mas o que mais me incomoda são essas lacunas na memória. Por isso... queria entender. Por que você está aqui todos os dias? O que exatamente aconteceu entre a gente?

Valentina, por um breve instante, quis despejar tudo o que sentia. Ela queria dizer que Luiza era o amor da sua vida, que cada visita era um esforço para não cair aos pedaços. Mas, em vez disso, respirou fundo e manteve a calma.

— Bem, nós nos aproximamos muito desde que a Duda começou a namorar o Igor, meu irmão. Passamos muito tempo juntas, e foi aí que nossa amizade cresceu. Acho que, por isso, estou aqui sempre, para ver como você está.

Luiza assentiu, tentando processar o que Valentina dizia. De alguma forma, fazia sentido, e a presença de Valentina realmente não parecia ser uma ameaça. Pelo contrário, havia algo nela que a fazia sentir-se segura, como se pudesse confiar completamente.

— Você é uma boa pessoa, Valentina. E... obrigada por vir me visitar. De verdade. — Luiza disse, um sorriso genuíno se formando em seu rosto.

Antes que a conversa pudesse ir mais longe, Dany entrou no quarto de repente, com um sorriso largo no rosto. Luiza olhou para ela, e a familiaridade daquele sorriso a fez relaxar.

— Ei, não vai me dar um beijo? — Luiza perguntou a Dany, sem perceber o peso daquela pergunta.

Dany, surpresa, mas aproveitando a oportunidade de mostrar a Valentina quem ainda estava com Luiza, inclinou-se e deu um beijo longo e apaixonado em Luiza, cheio de urgência. Valentina sentiu o sangue ferver e lutou para manter a compostura, seus punhos se fechando enquanto assistia à cena.

Luiza, sentindo a intensidade do beijo, o interrompeu a meio, rindo descontraída. — Dany, temos visitas! O que foi isso?

Dany riu também, sem tirar os olhos de Valentina, claramente satisfeita com o efeito que o beijo teve. — Eu só estava com saudade, amor. Você me deixa assim, com vontade.

Valentina não conseguiu mais suportar a cena e se levantou abruptamente. — Bom, acho que é melhor eu ir. Com licença.

Sem esperar por uma resposta, Valentina saiu disparada do quarto, sentindo as lágrimas começarem a se formar. Duda, que estava do lado de fora, percebeu imediatamente o que estava acontecendo e foi atrás dela.

**Na cafeteria:**

Na cafeteria do hospital, Valentina deixou as lágrimas caírem enquanto Duda se sentava ao seu lado.

— Eu não consigo mais, Duda — Valentina começou, com a voz embargada. — Eu estou tentando, mas... e se ela nunca se lembrar? E se eu a perder para sempre?

Duda colocou a mão no ombro de Valentina, tentando confortá-la. — Eu sei que está sendo difícil, mas você não pode esquecer que ela só beijou a Dany porque não se lembra de vocês. Ela não está fazendo isso de propósito. Eu vou te ajudar, prometo.

Valentina olhou para Duda, o rosto marcado pelo choro, mas agradecida pelo apoio. — Obrigada, Duda. Eu não sei o que faria sem você.

As duas se abraçaram, e por um breve momento, Valentina sentiu que não estava sozinha nessa luta. Ela só precisava de mais um pouco de força para continuar.

Dança das EmoçõesOnde histórias criam vida. Descubra agora