Sempre me pergunto quando vejo você sentada ao meu lado com essa expressão tão calma e solitária, como se seu mundo tivesse desmoronado em algum momento, e você ainda fosse forçada a viver nele apenas com as migalhas que sobraram, você se arrependeu de alguma coisa? Sim... Eu gostaria de te perguntar isso.
~•••~
O vento frio da noite bate em meu corpo quente me fazendo estremecer, mas não importa o quão frio esteja, eu consigo sentir um calor intenso queimar dentro de mim, minha respiração está ofegante ficando difícil de respirar, eu não consigo acreditar que isso é real. Meus olhos perdidos na escuridão da noite, me fazem relembrar cada momento tão especial, nunca imaginei me tornar um soldado, não até aquele dia.
A destruição das muralhas... Sinto meu corpo estremecer ao lembrar dos gritos altos e assustados que tomavam conta de toda cidade como se não fosse nada, Todos estavam em Pânico, era quase impossível conseguir fugir daqueles monstros, eu era tão pequena quando isso aconteceu, tive sorte de conseguir escapar viva, queria que ela tivesse tido essa mesma sorte.
Olho vagamente para minhas pernas nuas, sem que eu perceba, minha mão já estava novamente sobre a enorme cicatriz que cobria quase toda minha coxa direita, ela não doía mais, mas... Cada vez que eu a olho, sinto um aperto tão grande no meu coração, como se meu mundo tivesse desmoronado em cima de mim novamente, as memórias tão vividas daquele dia voltam, e eu me sinto como a pequena menininha que ficou presa em baixo de uma construção que desmoronou vendo todos ao meu redor morrer.
Meus olhos começam a arder e lágrimas escorrem pelo meu rosto, meu nariz começa a escorrer ficando difícil de respirar, é como se minha garganta estivesse sendo apertada com raiva, cada vez mais forte, me punindo por um erro que não cometi.
Sinto um arrepio por todo meu corpo quando uma mão para em meu ombro, minha cabeça agora está baixa, não quero que vejam a deplorável situação que eu estou, é vergonhoso, é...
- Sumire? Você não vai comer? - Sua voz calma parece preocupada, como eu não iria reconhecer essa voz?
Eu apenas balanço minha cabeça que não em resposta para ele, não quero que todos vejam meus olhos vermelhos e inchados.
A mão quente que pousava sobre meu ombro vai embora, mas ainda sinto sua presença atrás de mim, a sensação de seus olhos em mim é desconfortável, não sinta pena! Só vá embora!
- Se você só queria dizer isso, Vá embora Armin! - Cuspi para fora mais agressiva do que minha intenção, mas ele não se mexeu, ainda estava lá me encarando.
Virei minha cabeça para trás, e assim como eu sentia, lá estava ele, era impossível não reconhecer sua presença, ainda mais quando ele me olhava como se eu fosse um bichinho que foi abandonado por seu dono.
- Você está pensando naquilo né... Sabe, não é vergonha se sentir triste. -Ele para de falar e engole a seco - Sempre que eu estou sozinho, as lembranças daquele dia voltam como se eu estivesse vivendo aquilo de novo.
Não consigo me concentrar em meus pensamentos, é como se milhares de coisas passassem ao mesmo tempo disputando por atenção, "Por que aquilo aconteceu?" "Foi um descuido?" "Foi intencional?" "De quem é a culpa?" ...
Sinto as mãos quentes de Armin sobre as minhas, só então eu percebo que eu estava tremendo novamente, droga, eu pareço uma garotinha assustada como naquele dia.
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Nosso fim - Annie Leonhart
Fanfiction"O vazio que você deixou em mim, ninguém pode preencher..." Após entrar para o esquadrão de Operações Especiais, Sumire se depara com uma garota que a atrai de forma inesperada. Embora a garota seja perfeita aos olhos de Sumire, seu jeito rude e dir...