O Silêncio Entre Nós

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Narrador Pov:

O vento lá fora soprava forte, fazendo com que as árvores balançassem de maneira quase ameaçadora. O som das folhas roçando nas janelas era o único barulho que preenchia o silêncio da sala. Sentada no sofá, com um olhar distante, Adele segurava uma xícara de chá nas mãos, mas não parecia nem um pouco interessada no líquido que esfriava a cada segundo. Seus olhos estavam vermelhos, como se tivesse passado horas chorando – e provavelmente havia.

Do outro lado da sala, S/n observava, sentada na beira da poltrona, com as mãos sobre os joelhos, os dedos apertando o tecido da calça com força. Ela também não sabia o que dizer. Afinal, o que se fala quando tudo que foi construído ao longo de anos está prestes a desmoronar?

O ar entre as duas estava pesado, quase sufocante. A casa, que antes era cheia de vida, de música e de risadas compartilhadas, agora parecia um campo de batalha emocional, onde as palavras não ditas feriam mais do que qualquer briga que já tiveram.

— Eu não sei por onde começar... — S/n quebrou o silêncio, sua voz baixa e rouca, como se cada palavra estivesse sendo forçada a sair de sua garganta. Seus olhos finalmente encontraram os de Adele, mas o olhar da cantora estava distante, como se ela estivesse em algum outro lugar, em algum outro tempo.

Adele suspirou profundamente, os ombros caídos sob o peso da situação. — Nem eu. — Ela respondeu suavemente, sua voz carregada de uma tristeza que cortava o ar. Ela colocou a xícara de chá na mesa de centro, inclinando-se para frente, as mãos tremendo levemente. — Eu não achei que seria assim, sabe? Eu sempre pensei que a gente conseguiria superar qualquer coisa... mas aqui estamos.

S/n sentiu o estômago se contorcer com as palavras de Adele. As duas já haviam enfrentado tantos altos e baixos ao longo dos anos – o sucesso meteórico de Adele, as turnês intermináveis, a pressão da mídia, as longas ausências que pareciam criar um abismo entre elas. Mas, de alguma forma, S/n sempre acreditou que o amor seria o suficiente.

— Eu também pensei que a gente ia conseguir. — Ela admitiu, a voz falhando levemente. — Mas... quando foi que nos perdemos, Adele?

Essa pergunta pairou no ar entre elas. Adele olhou para baixo, passando os dedos pelo cabelo loiro, um gesto nervoso que S/n conhecia bem. Ela sempre fazia isso quando não sabia como lidar com uma situação. Quando finalmente olhou para S/n, seus olhos estavam cheios de dor, mas também de uma aceitação silenciosa.

— Eu não sei. Talvez tenha sido a rotina, ou o fato de que eu estava sempre longe. Talvez tenha sido porque eu me perdi de mim mesma também. — Adele murmurou. — Tudo mudou tão rápido, e eu me afastei de tudo, inclusive de você.

S/n sentiu um nó na garganta se formar, mas tentou engolir o choro. A última coisa que queria era transformar essa conversa final em mais uma cena cheia de lágrimas. Elas já haviam chorado demais, gritado demais, e agora, só restava um vazio.

— Eu tentei te alcançar, mas parece que você estava sempre... longe. — S/n confessou, a voz finalmente quebrando. — Eu me senti sozinha, mesmo estando ao seu lado.

Adele fechou os olhos por um momento, como se as palavras de S/n tivessem perfurado diretamente o coração dela. Ela sabia que essa era a verdade mais dolorosa de todas. Ela não estava presente, mesmo quando estava fisicamente ali. Havia se perdido entre sua música, a pressão do sucesso e a necessidade de se reconectar consigo mesma, esquecendo-se de que S/n também precisava dela.

— Eu sinto muito por ter te deixado sozinha. — Adele sussurrou. — Eu nunca quis que isso acontecesse. Nunca quis que chegássemos a esse ponto.

S/n desviou o olhar, as lágrimas ameaçando cair, mas ela as segurou. Sabia que era o fim, e de certa forma, havia feito as pazes com isso. Não porque o amor havia acabado, mas porque ambas precisavam de algo que não podiam mais oferecer uma à outra.

— Talvez o amor não seja suficiente, afinal. — S/n disse, quase para si mesma.

Adele olhou para ela com os olhos tristes, mas não contestou. Talvez, por mais doloroso que fosse admitir, ela também soubesse que o amor delas, embora verdadeiro, não era mais o bastante para sustentar tudo o que tinham.

Elas ficaram em silêncio por alguns minutos, apenas respirando, sentindo o peso do que estava por vir. O divórcio já havia sido acordado, as questões práticas já resolvidas, mas o coração... o coração nunca está pronto para esse tipo de separação.

Finalmente, Adele levantou-se, caminhando lentamente até onde S/n estava sentada. Ela ajoelhou-se à sua frente, segurando as mãos dela entre as suas. — Eu vou sempre te amar, S/n. — Ela disse suavemente. — Isso nunca vai mudar.

S/n fechou os olhos ao ouvir aquelas palavras, sentindo o calor das mãos de Adele nas suas. Era o fim de uma era, mas, talvez, fosse o começo de algo novo, algo que ambas ainda precisariam descobrir sozinhas.

E, mesmo assim, o amor que uma vez compartilharam estaria sempre ali, no fundo dos corações delas, como uma canção silenciosa, esperando para ser lembrada.

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Oiii, pessoal!
Depois de MUITO tempo voltei e testando um jeito novo de manter minhas ideias e compartilhá-las com vocês.

Love is not enough (Adele/You)Onde histórias criam vida. Descubra agora