Dança das Emoções

festa parte 3

Luiza ainda estava atordoada, respirando com dificuldade, o corpo inteiro pulsando com a eletricidade daquele beijo. O toque de Valentina queimava em sua pele, como uma lembrança que não conseguia apagar. O desejo era evidente, quase palpável, mas ao mesmo tempo, uma confusão intensa tomava conta de sua mente.

"Eu realmente fiz isso?", ela se perguntava, seus olhos ainda fixos em Valentina. O olhar de Valentina era intenso, caloroso, mas também cheio de expectativa. A pergunta sobre irem para um lugar mais calmo pairava no ar, como uma linha que Luiza sabia que, uma vez cruzada, não haveria volta.

— Eu... — Luiza começou, sua voz hesitante. Ela deu um passo para trás, tentando recuperar o fôlego e organizar os pensamentos que corriam caoticamente. — Eu não sei se isso é uma boa ideia, Valentina.

Valentina, embora claramente desapontada, assentiu compreensiva. Ela sabia que não podia pressionar Luiza. Ainda que tudo dentro dela quisesse continuar, sabia que o momento era delicado. Luiza ainda estava lidando com suas memórias confusas, sua relação com Dany e agora, com um sentimento que parecia maior do que qualquer lembrança.

— Tudo bem, Luiza. Não precisa decidir nada agora — Valentina disse suavemente, tentando esconder a própria frustração. — Eu só... quero que você faça o que sentir que é certo.

Luiza respirou fundo, tentando absorver o que Valentina disse. Ela sentia-se perdida, como se estivesse em dois mundos ao mesmo tempo. Parte dela queria correr para longe, esquecer o que aconteceu, mas outra parte – talvez a parte mais verdadeira de si mesma – queria mais. Muito mais.

— Eu só preciso de um tempo para pensar — murmurou Luiza, sem conseguir sustentar o olhar de Valentina por muito tempo. — Isso tudo... me pegou de surpresa.

Valentina assentiu, respeitando o espaço de Luiza, mas era inegável que algo havia mudado entre elas. Um novo limite fora cruzado, e agora Luiza sabia o que realmente estava sentindo. Mesmo que ainda não conseguisse admitir completamente, a verdade estava lá, inescapável.

Quando Luiza se afastou e saiu da sala, Valentina a observou desaparecer pela porta. Ela sentiu uma mistura de derrota e esperança, consciente de que, embora a situação fosse complicada, as barreiras de Luiza estavam começando a ceder.

Valentina sabia que Luiza precisava de tempo, mas também sabia que aquele beijo não era um erro. Era um reflexo da conexão profunda que existia entre elas. Ela só precisava ser paciente e esperar que Luiza se desse conta disso.

Enquanto isso, Luiza foi até o terraço da casa, buscando ar fresco para clarear a mente. Os sons da festa ficaram mais distantes enquanto ela se encostava na grade, sentindo a brisa tocar seu rosto. A imagem de Valentina, os lábios dela nos seus, o toque firme de suas mãos, tudo isso ainda ecoava em seu corpo.

"O que eu estou fazendo?", Luiza se perguntava mais uma vez. Ela tinha Dany, sua namorada, alguém com quem ela se comprometera, mas agora tudo parecia turvo. Valentina mexia com ela de uma forma que ela não sabia explicar. Aquelas memórias que voltavam lentamente, as sensações que cresciam... era tudo tão intenso.

Foi quando Duda apareceu ao seu lado, silenciosa, mas sempre atenta.

— Tá tudo bem? — Duda perguntou, com aquele tom de amiga que sabia exatamente quando as coisas estavam confusas.

Luiza olhou para ela, sem saber por onde começar.

— Eu... beijei a Valentina — confessou, sem rodeios, esperando que Duda surtasse ou dissesse algo que a fizesse se sentir pior.

Mas Duda apenas assentiu com um leve sorriso, como se já estivesse esperando por aquilo.

— E como foi? — perguntou Duda calmamente.

Luiza passou a mão pelos cabelos, ainda tentando processar.

— Foi... intenso. Muito intenso. Mas eu tô confusa, Duda. Eu tô com a Dany, e não devia estar sentindo essas coisas por outra pessoa, certo? — disse Luiza, com um tom de desespero na voz.

Duda, com sua paciência habitual, olhou para a amiga com compreensão.

— Eu acho que, mais do que "não deveria", você precisa se perguntar por que está sentindo isso. Às vezes, a gente se prende em algo que acha que é certo, mas o coração nos leva para outro lugar. — Duda pausou, escolhendo as palavras com cuidado. — O que você sentiu com a Valentina não pode ser ignorado, Luiza. E só você pode decidir o que fazer com isso.

Luiza ficou em silêncio, absorvendo as palavras de Duda. Sabia que a amiga tinha razão. Não podia continuar se enganando. Aquele beijo com Valentina havia revelado algo muito maior do que uma simples atração.

— Eu só... tenho medo de machucar a Dany — murmurou Luiza.

Duda a abraçou pelos ombros, mostrando o apoio que sempre lhe oferecia.

— Machucar alguém nunca é fácil, mas também não dá pra você viver uma mentira só pra não magoar outra pessoa. Pensa bem, Lu, o que você realmente quer? Quem te faz feliz de verdade?

Essas palavras ficaram ecoando na mente de Luiza. Ela sabia que, no fundo, tinha que encarar a verdade, por mais dolorosa que fosse.