lutar contra sentimentos

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Nos dias que seguiram o encontro na faculdade, Luiza não conseguia afastar Valentina dos seus pensamentos. Cada olhar, cada toque trocado, ainda que breve, carregava uma intensidade que Luiza não podia mais ignorar. Mesmo tentando manter o foco em seu relacionamento com Dany, algo dentro dela estava mudando. As memórias de Valentina, os sentimentos despertados, eram fortes demais para serem negados.

Por outro lado, Valentina, apesar de respeitar o espaço de Luiza, não escondia mais o quanto a desejava. Nos corredores da faculdade, nas reuniões de grupo, até mesmo nas mensagens que trocavam, havia sempre uma tensão, um jogo de olhares que deixava claro que o que aconteceu na festa era só o começo de algo maior.

O próximo encontro decisivo entre elas aconteceu em uma tarde comum, mas o clima entre as duas estava longe de ser comum. Estavam trabalhando juntas no laboratório de design gráfico, desenvolvendo os últimos ajustes do projeto. Era um espaço grande, com mesas espalhadas e janelas enormes que deixavam a luz do fim da tarde banhar a sala com um brilho dourado. Por sorte, estavam sozinhas ali naquele momento.

— Está ficando muito bom — comentou Luiza, referindo-se ao trabalho, enquanto olhava a tela do computador. Mas sua atenção estava dividida entre o projeto e Valentina, que estava ao seu lado, observando as edições.

— É, está sim — respondeu Valentina, mas seu tom tinha algo a mais. Ela não estava apenas falando sobre o projeto, e Luiza sabia disso.

O silêncio entre elas durou alguns minutos. Ambas se concentravam na tarefa, mas havia uma energia latente no ar, uma expectativa que as envolvia. Luiza não conseguia evitar; o calor do corpo de Valentina tão próximo fazia com que sua mente vagasse para momentos mais íntimos. Seu corpo reagia a isso, e ela sentia-se cada vez mais confusa.

Valentina percebeu o desconforto crescente de Luiza, mas ao invés de se afastar, decidiu testar o limite de suas interações. Aproximou-se mais um pouco, o suficiente para que seus braços se roçassem levemente. O toque era mínimo, quase imperceptível, mas para Luiza foi como um choque elétrico. Ela respirou fundo, tentando manter o controle.

— Luiza — começou Valentina, sua voz baixa, quase um sussurro. — A gente precisa conversar sobre o que está acontecendo.

Luiza congelou por um instante, seus dedos parados sobre o teclado. Ela sabia que essa conversa viria, mas não estava pronta. Não ainda.

— Eu sei... — respondeu ela, sem conseguir olhar diretamente para Valentina. — Mas eu não sei o que dizer, Val. Eu ainda estou com a Dany, e isso... isso não deveria estar acontecendo.

Valentina suspirou, percebendo o quanto Luiza estava lutando contra o que sentia.

— Não estou pedindo que você tome uma decisão agora. Só quero que você seja honesta consigo mesma. O que você sente quando está comigo? — Valentina não queria forçar nada, mas sabia que Luiza precisava enfrentar seus sentimentos de frente.

Luiza finalmente olhou para ela, seus olhos carregados de confusão e desejo.

— Eu sinto... eu sinto que quando estou com você, tudo parece certo e errado ao mesmo tempo. Eu não consigo parar de pensar em você, Valentina, mas também não consigo trair a Dany. Ela é minha namorada.

— E você é feliz com ela? — Valentina perguntou, a expressão séria, mas com um toque de suavidade. Não era uma pergunta capciosa, mas uma questão que Luiza precisava encarar.

Luiza hesitou. Ela queria dizer que sim, que era feliz com Dany, mas algo dentro dela a impedia. As últimas semanas haviam sido um turbilhão de emoções e, por mais que ela se esforçasse, as coisas com Dany não pareciam mais as mesmas. O relacionamento parecia vazio comparado ao que sentia perto de Valentina.

Dança das EmoçõesOnde histórias criam vida. Descubra agora