Dança das Emoções

estabelecendo prioridades

Luiza mal conseguia se concentrar. As palavras de Valentina, o toque dela, aquele beijo que ainda queimava em sua memória... tudo isso girava em sua mente sem parar. A sensação de estar dividida entre o que achava que deveria fazer e o que seu coração verdadeiramente queria estava ficando insuportável. Valentina tinha sido clara: ela não iria pressioná-la, mas também não esconderia seus sentimentos. E agora, tudo dependia de Luiza.

Dany, por outro lado, parecia alheia à turbulência interna de Luiza. Embora amorosa como sempre, havia algo possessivo em sua atenção que Luiza começava a notar. A maneira como Dany sempre estava perto, a necessidade constante de saber onde Luiza estava ou com quem estava... tudo aquilo que antes parecia apenas um cuidado amoroso, agora começava a pesar.

Certo dia, depois de mais uma noite em claro, Luiza decidiu que não podia continuar assim. Estava decidida a ter uma conversa franca com Dany. Sabia que o que quer que dissesse a ela mudaria o rumo de tudo, mas não podia mais continuar ignorando seus sentimentos. E, mais do que tudo, não queria machucar Dany, mesmo sabendo que, inevitavelmente, alguém sairia ferido dessa história.

Ela enviou uma mensagem para Dany pedindo para se encontrarem na cafeteria que costumavam frequentar. Era um lugar calmo, onde sempre conversavam sobre coisas triviais, e Luiza achou que seria o ambiente mais neutro possível para o que precisava dizer.

Enquanto esperava, o nervosismo a consumia. Luiza sabia que precisava ser honesta, mas isso não tornava a situação menos dolorosa.

— Ei, amor — Dany chegou sorridente, sentando-se à mesa de frente para Luiza. — Tudo bem?

Luiza sentiu o peso daquela pergunta, como se a resposta fosse algo mais complexo do que Dany poderia imaginar.

— A gente precisa conversar, Dany — começou Luiza, tentando manter a voz estável.

Dany parou, a expressão mudando ligeiramente, como se já pressentisse que algo não estava certo.

— Sobre o quê? — perguntou Dany, o tom mais cauteloso.

Luiza respirou fundo, as palavras difíceis de sair.

— Eu... eu acho que as coisas entre a gente não estão do jeito que deveriam estar — começou, olhando diretamente para Dany. — Eu estou confusa, Dany. Sobre o que eu quero, sobre o que eu sinto. E eu acho que não seria justo continuar assim.

Dany franziu a testa, claramente confusa e um pouco irritada.

— Confusa como? Do nada você está confusa? — O tom dela já demonstrava impaciência, uma faísca de irritação crescendo. — Isso tem a ver com Valentina, não tem?

O coração de Luiza disparou. Ela sabia que Valentina viria à tona em algum momento dessa conversa, mas não esperava que fosse tão cedo.

— Eu... eu não posso mentir pra você, Dany. Eu sinto que tem algo entre mim e Valentina que não posso mais ignorar. — As palavras saíram num fio de voz, mas eram a verdade.

Dany riu, um riso curto e amargo.

— Eu sabia. Eu sabia que ela estava te rondando desde que você saiu do hospital. — Dany se inclinou para frente, os olhos brilhando de raiva. — E você caiu direitinho, não foi?

Luiza balançou a cabeça, tentando se defender.

— Não é assim, Dany. Eu não planejei nada disso. Eu só... eu estou confusa sobre os meus sentimentos, e seria errado continuar com você quando não consigo nem entender o que estou sentindo.

— Você está se deixando enganar, Luiza — Dany insistiu, a raiva crescendo. — Eu sabia que Valentina estava esperando uma oportunidade, mas eu pensei que você fosse mais forte do que isso.