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Helena

── Que noite bonita. — Gabriel falou, afiando duas facas, uma na outra.

── Tá radiante. — Pedro continuou com o tom de voz calmo, enquanto assistia a um vídeo de caso criminal no celular dele, em volume alto.

Entre eles, Arthur intercalava o olhar entre os dois. É claro que eles só querem assustar o novo namorado da Sophia, o que, para mim, soa bem engraçado, por mais que não seja. Ele trocava olhares entre os dois e claramente estava desconfortável. Fiquei com dó; eles escravizaram o menino, colocaram-no para mudar as coisas de lugar e trocaram toda a sala.

A sala da minha casa.

Eu não pedi para trocar!

Mas até que ficou bom assim.

── Dá um jeito nesse seu namorado? — Sophia me olhou, e eu encarei o mesmo.

── Gabriel Medina! — Falei, cruzando os braços, e ele desviou o olhar para mim rapidamente.

── Olha ali, já vai apanhar de novo. — Pedro falou.

── Gabriel, se você precisa de ajuda, pisque cinco vezes. — Garro falou baixinho, e o cretino fez questão de piscar cinco vezes seguidas. Em seguida, veio até mim e me puxou pela cintura, beijando minha bochecha.

── Que foi, preta? — Perguntou, encarando meus olhos enquanto ajeitava meu cabelo atrás da orelha. Seu olhar tinha um brilho, só que não era diferente; ele sempre se faz presente quando estamos juntos. Notei isso desde o dia do primeiro beijo.

── Deixa o namorado da sua irmã em paz! — Falei baixo, e ele bufou. ── Gabriel, você fez o menino trocar toda a sala de lugar para testar a força física dele. Para que você quer saber a força que ele tem?

── Porque, se a minha irmã estiver em perigo um dia, eu quero que ela esteja com uma pessoa que vá defendê-la e não sair correndo, né, Helena? — Respondeu sério. ── Pode não parecer, porque eu vivo humilhando ela, mas eu vi ela nascer, eu amo ela e me preocupo!

── Eu sei disso, Gabriel, mas não fica incomodando o menino! — Falei, segurando o rosto dele enquanto acariciava a região. ── Nossa, eu até penso, sabe?! Se você é assim com ela, imagina com a sua filha que você tanto me pede?!

── Vai namorar com trinta anos. — Respondeu sério. ── Na verdade, acho que eu prefiro um filho menino, que daí ele namora com a filha do Pedro.

── Vocês nem sabem se é menina ainda!

── Vai ser. — Ele afirmou. ── Eu sou meio sensitivo, sabe?!

Meu celular começou a vibrar sobre a bancada ao meu lado, e eu peguei rapidamente, mudando meu humor e expressão para raiva em segundos. Medina pareceu notar e ficar preocupado, mas me conhece o suficiente para saber quem era.

── O que sua mãe quer? — Ele questionou.

── Não sei e nem quero saber. — Falei, desligando.

── Sabe, eu sei que você tem seus motivos e não tiro sua razão, mas não acha que tá pegando pesado com ela? — Perguntou, segurando minhas mãos, e eu neguei com a cabeça.

lentes no horizonte, gabriel medina. Onde histórias criam vida. Descubra agora