09_ Supermercado.

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| Denver, Colorado25 de Novembro, 2021Às 02h19

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| Denver, Colorado
25 de Novembro, 2021
Às 02h19.

Já passava das duas da tarde quando eu comecei a caminhar junto a Emma em direção ao supermercado, seguindo as instruções da Quinn. O combinado não era gastar tanto, porém, éramos quatro adolescentes sem ter um pingo de conhecimento na cozinha. E mesmo assim não era nada saudável continuar vivendo a base de pizzas.

Sabia que minha mãe provavelmente vai me matar quando souber.

ㅡ O que pretende fazer pro jantar, As? ㅡ Emma indagou ao meu lado, observando as pessoas que passavam pela gente. As pessoas de Denver era tão calmas quanto as de Aspen, então eu estava me sentindo em casa e adorando aquele ar de familiaridade.

ㅡ Olha, Emma, eu sou péssimo na cozinha. ㅡ Esfreguei minha nuca, desviando meus olhos de um jeito envergonhado. Soltei um suspiro de alívio ao reconhecer o supermercado, percebendo também a movimentação de pessoas ali dentro. ㅡ Mas eu posso pesquisar no YouTube.

ㅡ Argh... ㅡ Emma revirou os olhos, soltando o ar com força. ㅡ Ok, me siga. Eu sei exatamente o que fazer, por sorte.

Emma lançou um sorriso convencido em minha direção, apressando os passos para entrar no supermercado quando puxou o carrinho. Eu fiquei atrás dela para seguir suas instruções, pegando todas as coisas que ela me pedia, ao som de Good Thing da Kehlani. Por fim, quando o carrinho já estava cheio o suficiente, Emma me puxou em direção ao caixa.

ㅡ Nunca me disse que tinha talento para cozinha. ㅡ Comentei soltando uma risada, saindo do supermercado com a quantidade de sacolas na mão. Emma vinha logo ao meu lado, abrindo um sorriso convencido.

ㅡ Meu pai me ensinou. ㅡ Afirmou, arrumando as sacolas em seu braço. ㅡ Minha mãe é péssima nesse quesito, assim como o Rapha, mas meu pai adorou quando eu pedi para ele me ensinar.

Rapha não levava jeito para coisa nenhuma, a não ser futebol e química. Algo que não bate com suas características, mas ainda sim é uma qualidade surpreendente.

ㅡ Seu irmão só leva jeito para futebol. ㅡ Debochei, ouvindo Emma rir ao meu lado quando começamos a percorrer aquele mesmo percurso para o supermercado.

ㅡ Não conta pra ele, mas concordo com você. ㅡ Lançou uma piscadela, o que me fez rir.

Eu e Emma continuamos conversando durante o caminho de volta para o apartamento, rindo e falando mal do Rapha a todo segundo. Assim que chegamos em frente ao sobrado, não demorei a reparar na presença da Florence, entregando um buquê de flores para uma moça com um sorriso imenso aberto nos lábios mostrando suas adoráveis covinhas. Meu corpo pareceu congelar no chão, ao mesmo tempo que eu começava a ouvir os batimentos frenéticos do meu coração, não sabendo identificar o que tinha naquela garota para me chamar atenção daquele jeito.

E, principalmente, desregular tanto meu coração.

Como se soubesse que estava sendo observada, Florence desviou os olhos na minha direção, juntando às sobrancelhas na mesma hora ao me flagrar observando-a. No mesmo segundo minhas bochechas ficaram quentes, o que eu agradeci imensamente por não ser branco e ficar vermelho, ao mesmo tempo que eu desviava os olhos e passava pelo portão ao ouvir a Emma me chamando.

Eu ainda podia sentir a quentura se espalhar pelo meu corpo, consequência da visão perfeita que eu tive da Florence por poucos segundos. Eu não sabia como, mas aquela garota iria me tirar dos trilhos, tenho certeza.

... ... ...

O cheiro delicioso de macarrão com queijo se espalhou pelo apartamento. Emma estava mesmo cozinhando. Eu segurava o livro nas minhas mãos para tentar lê-lo, porém, Rapha e Ally estavam jogando LoL na TV, o que causava um grande barulho irritante.

Torci os lábios, descrente.

Quando Rapha me falou daquela viagem de última hora, planejava ter várias horas de sono para recompensar todo aquele cansaço que tive durante o ensino médio. No entanto, não estava tendo nada disso, mas sim uma grande dor de cabeça por ter uns amigos ㅡ e irmã ㅡ como eles.

Soltei um resmungo, fechando meu livro enquanto me dava por vencido e caminhava até a janela. Era uma janela pequena, mas dava para ver grande parte daquele lugar. Eram casas pequenas e pareciam aconchegantes demais, assim também como lojas e alguns bancos para pessoas sentarem.

Engoli em seco quando reparei na Florence, terminando de fechar sua floricultura ao lado do Ottis. O garoto parecia rir junto com sua prima, arrancando um sorriso bonito da parte dela, trazendo aquelas mesmas sensações de antes. Algo naquela garota parecia bom demais para ser verdade, mas não pela beleza dela, mas tinha algo mais escondido dentro dos olhos dela que causava aquela piscina de sentimentos em mim.

Florence era um ponto de interrogação na minha cabeça e, consequentemente, um alerta vermelho. E eu sabia que deveria ficar longe, mas também a ideia de me afastar não me agradava nenhum pouco.

ㅡ Ei ㅡ Murmurei, me girando para olhar para dentro de novo. Rapha e Ally pararam de jogar para me olharem, curiosos. ㅡ Acho que tenho uma ideia.

ㅡ Como assim? ㅡ Rapha indagou, franzindo a testa, esfregando sua nuca.

ㅡ Vocês disseram que vir para Denver era uma chance de conhecer uma nova cidade, não é?

ㅡ É claro, e eu estou doida pra isso, aliás. ㅡ Ally justificou com um sorriso no rosto, parecendo entender minha linha de raciocínio. ㅡ O que quer dizer com isso?

ㅡ Acho que é uma boa pedir para alguém nos guiar, sabe? Alguém que conhece a cidade como a palma da mão. ㅡ Sugeri, tentando disfarçar minhas verdadeiras intenções. Eu pretendia ficar mais um pouco perto da Florence, e aquela desculpa de "conhecer" a cidade é o momento perfeito. Conheço a cidade e, principalmente, ela.

ㅡ Eu entendi. ㅡ Ally balançou a cabeça em concordância, abrindo um sorriso. ㅡ Acho que tenho a pessoa perfeita.

ㅡ Quem?

ㅡ A Florence, ué. ㅡ Ally afirmou, como se fosse óbvio. ㅡ Ela é sua prima, Rapha, e também conhece a cidade muito bem. Conhecer o resto dos seus primos e a cidade pode fazer com que fiquemos mais enturmados aqui.

Mordi meu lábio inferior quando a Ally sugeriu exatamente o que eu queria, forçando uma expressão inocente.

ㅡ Eu acho uma ideia ótima.

ㅡ Eu também! ㅡ Rapha se pronunciou em seguida. ㅡ Amanhã alguém pode buscar nosso café da manhã e dizer para ela. Alguém se pronuncia?

ㅡ Eu posso ir.

Rapha e Ally me encararam na mesma hora.

ㅡ Você?

ㅡ Sim, ué. Fui eu quem deu a ideia. ㅡ Continuei forçando uma expressão inocente, notando o Rapha estreitar os olhos em minha direção como se eu estivesse desconfiando. ㅡ Amanhã eu busco nosso café e falo com ela.

Ally soltou um gritinho animado enquanto voltava sua atenção para o vídeo-game, sem perecer que o Rapha me olhou de um jeito desconfiado de novo antes de voltar a jogar.

Ok, agora só me falta coragem para chamá-la.

•••

Coração Rebelde | Vol.3Onde histórias criam vida. Descubra agora