JANEIRO

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•• EU, VOCÊ e o que não dizemos! ••
Quando os olhos falam, as palavras silenciam.
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"São os seus defeitos que fazem de você uma pessoa única."

Ah, tá bom Bela... Fácil falar quando a fera vira príncipe no final, né? Duvido muito que essa frase tivesse o mesmo efeito se um banguela sorrisse para você! Aposto cada pedacinho de chocolate que o impacto ia ser outro!

A questão aqui é: porque gostamos de quem gostamos? Não sei!
Talvez sejam fatores científicos, como a química, ou neurológicos. Essa explicação pode até ser plausível no campo das análises, porém para mim, continuava como uma incógnita.

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Parece que eu fui esmagada por um rolo compactador, igual a dessas máquinas de pavimentação, sabe? Pois é... Perdi a hora. Estava novamente atrasada, mas dessa vez em minha defesa eu não tive culpa.
Fiquei estudando até tarde para a prova de cálculo - a matéria que eu mais detestava também era a que Donavan mais se dava bem na faculdade - precisei engolir meu orgulho e pedir sua ajuda, como ele foi irritante. Urrrgh!
Fazendo aquela cara de super nerd, com um sorrisinho atrevido e malicioso nos lábios, faz isso só para me ver irada, me provocar está no topo da sua lista de necessidades diárias, e ele aproveitava cada oportunidade, como ele adora isso!

Passo apressada pela cozinha com a mochila quase caindo das costas, correndo em direção a porta de entrada.

- Hei... Mocinha! - a voz de meu pai paralisa minha mão na maçaneta.

Com as mãos na cintura e visivelmente zangado, ele caminha em minha direção, seu olhar de reprovação diz tudo.

- Parece que chegar atrasada está virando um hábito muito rotineiro por aqui, não é Chloé? Você não tem uma prova hoje?

- Sim pai, tenho! É por isso que estou correndo.

Donavan observava tudo despreocupadamente enquanto comia seu cereal sentado à mesa.

- Tchau, pai! - dou-lhe um beijo na bochecha e abro a porta então ele grita por Donavan, reviro meus olhos e dou uma bufada.

Donavan se aproximou com a maior calma do mundo, testando propositalmente minha paciência. Seu olhar era puro deboche. Aff.

- Você não tem aula hoje não? - ele questiona seriamente Donavan, que apenas nega com a cabeça.

Com as mãos no bolso e um sorriso de canto ele me encara, sabe exatamente o que meu pai irá lhe pedir e isso o satisfaz.

- Já que está sem fazer nada, você pode levar Chloé até a escola.

Eu queria bater o pé e rejeitar a carona, mas não podia negociar naquele momento. Então simplesmente me dei por vencida.

- Vamos logo! - exclamei emburrada.

Puxei Donavan pela camiseta surpreendendo-o, seus olhos se arregalaram quando perdeu o equilíbrio. Não hesitei.
Atravessamos a porta tão rapidamente que meu pai nem teve tempo de reagir. Apenas acenou em nossa direção e soltou: "cuidado, sem correr" - podia ver mesmo com ele tentando disfarçar, que estava preocupado.

O pedido que meu pai havia feito a Donavan de "não correr" tinha ficado estacionado na calçada de casa, porque ele simplesmente voou por aquelas ruas enquanto eu tentava me segurar, cada vez que ele freava bruscamente eu batia com meu capacete contra o dele. Podia ouvir suas risadas abafadas dentro do seu capacete.

No portão da escola, há um minuto do sino bater, desci afobada da moto, puxei o capacete depressa, mas esqueci que ele está afivelado, Donovan ao ver meu embaraço, me ajudou retirá-lo, sem falar nada ele ajeitou o meu cabelo bagunçado e as ainda me deu uma piscadinha sorrindo, envergonhada saí correndo pra dentro da escola, encontrei com Lisa que estava rindo da minha cara próximo da entrada, antes de entrar, olhei por cima dos ombros e Donavan recostado em sua moto acenou para mim curvando a cabeça e sorrindo.
Senti uma ligeira falta de ar, meu coração disparou num ritmo frenético, ainda de braços dados com Lisa dei um pequeno tropeço no paralelepípedo e surpreendentemente fui amparada pelo aluno novo.
Meu olhar congelou no azul celeste dos seus olhos.

EU, VOCÊ e o que não dizemos!Onde histórias criam vida. Descubra agora