- Faz tempo que não saímos daqui - murmurei, mais para mim mesma do que esperando uma resposta. - Mas parece que a cada vez fica mais perigoso.
Maggie concordou, o olhar fixo à frente, mas eu sabia que ela estava tão alerta quanto eu. Nossos olhos podiam estar no caminho, mas a mente estava sempre dividida entre o presente e o que viria a seguir. Sabíamos que, a qualquer momento, o silêncio podia ser interrompido pelos sons familiares - e aterrorizantes - dos mortos. E isso me fazia apertar com mais força o cabo da minha faca, sentindo o peso do metal na palma da mão. Era uma sensação que eu conhecia bem demais.
Mais à frente, Glenn e Daryl caminhavam em silêncio. Glenn tentava puxar conversa de tempos em tempos, mas Daryl era sempre reservado, respondendo apenas com monossílabos ou grunhidos. Era o jeito dele, mas aquilo criava uma certa distância entre nós quatro.
Observando os dois, eu me pergunto como Daryl consegue carregar aquela besta com tanta facilidade. Ele caminha como se o peso não fosse nada, pronto para agir ao menor sinal de perigo.Olho para o horizonte, avistando o centro de compras que era o nosso destino. As ruínas dos prédios surgiam distantes, meio escondidas pelas árvores, mas ainda assim, dava para sentir o que nos esperava lá. Era o tipo de lugar que já havia sido saqueado dezenas de vezes, mas sempre existia a esperança de encontrar algo que outros tivessem deixado passar. A ideia de armas ou comida enlatada era o que nos mantinha em movimento, mas também sabíamos que o risco estava em todo lugar.
O som que nos atingiu de repente não foi alto, mas claro o suficiente para nos fazer parar ao mesmo tempo.
Aqueles grunhidos, o som arrastado dos pés mortos...Meus músculos enrijecem, e meus olhos imediatamente vasculharam o terreno à nossa frente. Eles apareceram do meio de uma curva na estrada, três zumbis, corpos em decomposição, avançando com aquela lentidão assustadora e faminta. Eu podia sentir meu coração acelerar mas minhas mãos já estavam em movimento, firmes ao redor da faca.
Daryl foi o primeiro a agir, como sempre. Ele ergueu a besta, frio e calculista enquanto mirava. O primeiro zumbi foi derrubado antes mesmo de ter a chance de chegar perto. A flecha perfurou o crânio com um som seco, e o corpo desmoronou no chão, morto pela segunda vez. Glenn ficou ao seu lado, observando, esperando para agir se precisasse, mas ele sabia que Daryl raramente errava.
Os outros dois continuaram avançando, e foi aí que Maggie e eu nos movemos para próximo ao segundo zumbi. Seus olhos opacos me encaravam, mas era o cheiro que mais me atingia - um fedor de carne apodrecida, de morte.
Sem pensar muito apenas cravei a faca na lateral de sua cabeça. O impacto da lâmina contra o osso fez meu braço vibrar, e um som úmido escapou do zumbi enquanto ele caía no chão. Era um som que eu já estava acostumada, mas nunca deixava de me perturbar.Maggie lidou com o terceiro zumbi, o cano de metal estalando quando atingiu o crânio da criatura. Ela se movia com precisão, quase automática, como se já tivesse feito aquilo dezenas de vezes - e, de fato, tinha. O zumbi cambaleou, e ela não hesitou em finalizar com outro golpe, certeiro e brutal. O corpo caiu pesado, e, de repente, estávamos cercados pelo silêncio outra vez.
Limpo a faca em minha calça tentando afastar o cheiro que parecia grudar na pele.
- Tudo certo? - perguntei mais por hábito do que por necessidade. Sabia que estávamos bem, mas sempre era bom confirmar.
Daryl já estava puxando a flecha do primeiro zumbi, enquanto Glenn dava uma última olhada ao redor, certificando-se de que não havia mais perigo imediato. Com a luta acabada, voltamos a caminhar. Ainda estávamos a caminho, mas a cada passo, eu sentia a sobrevivência nos acompanhando como uma sombra.
O centro de compras estava diante de nós, quieto e sombrio, com as fachadas envelhecidas e os carros abandonados no estacionamento. A visão era desoladora, e o silêncio do local não era nada reconfortante. Estávamos todos tensos, atentos a tudo, cada corpo que poderia se mover entre os escombros.
Mesmo de longe, dava para perceber que não estávamos sozinhos - o ar carregava aquele fedor inconfundível dos zumbis que estavam espalhados pelos arredores nos obrigavam a ser mais cuidadosos.
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Dear Daryl - Daryl Dixon Fanfic
FanfictionApós uma tragédia que devasta toda sua família, Melissa e sua irmã mais nova são resgatadas em uma estrada à beira da morte pela família Greene e levadas para a fazenda de Hershel: Um local relativamente calmo que lhes oferece uma breve sensação de...