Lust - [ Simone x Soraya ]

O8 - Escapes carnais.

Quem em sã consciência faz festa em plena quarta-feira? Era claramente um maneira agitada de acabar com o espírito e a disposição. Enquanto a loira estava preocupada com os horários, as amigas discutiam sobre o que poderiam usar. Além disso, depois de deixarem a empresa na segunda, Thronicke contou o que Simone havia aprontado, o que trouxe à lista mais um motivo para as amigas convencerem a loira a sair de casa. Podia lidar com qualquer golpe da morena, mas fazer o cliente assinar contrato pelas costas foi além dos limites. Por isso tentou manter a distância na terça, focando apenas em suas obrigações. E funcionou por um tempo, mas suas intenções não passaram despercebidas.

— Está me evitando, Thronicke? — a loira ouviu a voz familiar, que aparentava estar próxima — Fiquei esperando pelo nosso encontro no elevador, mas você não apareceu. — falava tão baixinho que Soraya se questionou por alguns instantes se estava imaginando coisas.

Quem dera fosse isso, seria mais fácil lidar com fantasmas do que com aquela mulher provocando-a. Não se moveu até o barulho da porta fechando despertar seus pensamentos, e só então virou o corpo pronta para repreender a audácia da outra, sentindo o sangue ferver. O olhar demonstrava que não estava nada contente com o ato, mas Simone não parecia preocupada, pois brincava com um sorriso presunçoso nos lábios.

— O que pensa que está fazendo? Não lembro de permitir a sua entrada. — cruzou os braços e encostou na mesa — Muito menos pedi que fechasse a porta.

— Bom, estava aberta antes e sua secretária... — olhou para fora e engoliu o comentário — bom, ela não estava. 

— Você não tem o que fazer? Montar um contrato, fazer alguma reunião, — listou calmamente — roubar alguns clientes...

A risada de Simone ecoou pelo ambiente, carregava uma dose irritante de sarcasmo, o que fez Soraya revirar os olhos.

— Então esse é o problema? Qual é, Thronicke, você é melhor que isso. — Tebet colocou as mãos nos bolsos do terno, após jogar discretamente as pontas do blazer para trás. Um movimento sutil que atraiu o olhar da advogada.

— Você já pode sair. — disfarçou o foco antes que fosse notada.

— Por que a pressa? Não parece ocupada. — observou — Ou não quer receber uma amiga?

A palavra escorria o puro suco do deboche, mas foi dita tão suavemente que Soraya quase acreditou ser real. Com certezas não eram amigas, talvez se encaixavam na definição de colegas de trabalho. Entretanto, não tenho certeza se nessa posição as pessoas envolvidas demonstram tanto interesse. É apenas um plano, claro, mas quem somos nós para julgar as ideias alheias?

— É muita audácia da sua parte achar que somos amigas. — Soraya arqueou levemente a sobrancelha — Achar que somos algo. — corrigiu.

— Bom, eu não acho nada, apenas estou observando. — explicou — E se me permite concluir o meu estudo, acredito que há muito mais do que amizade aqui.

Thronicke não se moveu, nem mesmo quando a distância entre as duas passou a diminuir. Outro ponto interessante é que a loira já não ameaçava derreter com as investidas ousadas de Simone, talvez fosse a raiva que a dominava e a impedia de focar na real intenção da mulher, de desestabilizá-la. Manteve a expressão séria até que a morena estivesse frente a frente, e foi aí que Tebet notou o discreto vacilo na respiração da mais baixa. Nada foi dito, e arrisco dizer que nada foi pensado também, estavam abraçadas pela tensão e o silêncio, a antecipação batendo na porta.

— Está enganada. — a voz não saiu tão firme quanto imaginou, e o fato disso provocar o sorriso de Simone a fez querer pegá-la pelo pescoço. No sentido ruim.