conquista

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Depois de toda a intensidade do momento, ainda no miradouro, Luiza e Valentina se recompuseram, rindo baixinho e trocando olhares cúmplices enquanto vestiam suas roupas. O frescor da noite voltou a envolvê-las, e agora, com os corações acelerados e uma sensação de alívio, elas se ajeitavam, retomando o ar mais casual.

Valentina, já vestida, olhava para o horizonte por um instante, mas seu sorriso estava estampado. Sentia-se completa, preenchida pela presença de Luiza, e ainda mais com a declaração que havia recebido.

— Sabe... tem uma coisa que precisa ser feita como deve ser — disse Valentina, rompendo o silêncio, enquanto amarrava os cabelos de maneira despretensiosa, olhando de lado para Luiza, com aquele brilho nos olhos de quem tinha algo importante a dizer.

Luiza, agora mais relaxada, sorriu curiosa e provocadora.

— O quê? — perguntou, inclinando a cabeça, observando cada detalhe de Valentina como se estivesse redescobrindo cada traço dela.

Valentina parou por um momento e respirou fundo. Embora estivessem voltando a se conectar aos poucos, havia uma questão importante entre elas que precisava ser resolvida.

— Eu não sei se você lembra, mas seus pais... eles pensam que a gente é só amiga — Valentina começou, ainda com um sorriso no rosto, mas sua expressão trazia um leve nervosismo. — Isso foi antes de eu te pedir em namoro, claro, mas... precisamos atualizar essa história, né?

Luiza arregalou os olhos e começou a rir, cobrindo a boca como se estivesse lembrando de algo ao mesmo tempo divertido e constrangedor.

— Ah, você me pediu em namoro logo depois daquela vez em que eu te levei para conhecer meus pais? — Luiza perguntou, ainda rindo, mas com carinho nos olhos.

Valentina soltou uma risada também, sentindo o alívio de finalmente poder relembrar esses momentos com Luiza, mesmo que fossem embaraçosos. Ela assentiu, os olhos brilhando de alegria.

— Sim, logo depois — Valentina confirmou. — Mas, na época, eu estava morrendo de medo de seus pais descobrirem. Nem consigo acreditar que conseguimos manter as aparências naquela casa.

Luiza sorriu, aproximando-se de Valentina e pegando a mão dela. O toque suave entre as duas ainda carregava toda a intensidade do momento anterior, mas agora havia uma calma, um entendimento mútuo.

— Então vamos contar para eles — Luiza disse, entrelaçando os dedos nos de Valentina. — Vamos fazer isso direito. Eles precisam saber.

Valentina assentiu, grata pela determinação de Luiza. Era um grande passo, e ela sabia que, apesar de todos os obstáculos, estavam finalmente se reconectando. No entanto, antes que pudesse dizer algo mais, Luiza pareceu pensativa por um instante e, então, perguntou:

— E você? Já me apresentou para os seus pais?

Valentina hesitou um pouco, sua expressão suavizando. Ela respirou fundo antes de responder, escolhendo as palavras com cuidado.

— Não... eu ainda não te apresentei — Valentina respondeu suavemente. — Mas eu queria muito fazer isso. Na verdade, estava pronta para te levar lá... até o acidente. E tudo mudou. Eu tinha tantos planos... e depois você não se lembrava mais de mim, de nós.

As palavras de Valentina carregavam um peso emocional que Luiza não pôde ignorar. Ela sentiu uma pontada de dor no coração, compreendendo melhor a angústia pela qual Valentina havia passado. Sem pensar, Luiza se aproximou mais e colocou um dedo suavemente nos lábios de Valentina.

— Me desculpa por não ter lembrado antes... — Luiza murmurou, a emoção transbordando em sua voz.

Valentina segurou a mão de Luiza, beijando delicadamente a ponta de seus dedos, o amor e o entendimento visíveis em cada gesto.

— Você não tinha como saber, amor — Valentina respondeu, com ternura. — Foi tudo uma consequência do acidente. E, sinceramente, eu pensei que tinha te perdido pra sempre... — a voz de Valentina falhou um pouco no final, revelando o medo que ela havia carregado por tanto tempo.

Os olhos de Luiza se encheram de lágrimas contidas, mas, em vez de deixar a tristeza tomar conta, ela olhou profundamente nos olhos de Valentina e sussurrou:

— Eu... eu te amo, Valentina. De verdade. E cada vez mais, eu sinto que estou lembrando por quê.

Valentina, surpreendida e emocionada, sentiu o coração disparar. Aquilo era tudo o que ela esperava ouvir, tudo o que tinha desejado durante os momentos mais sombrios. Ela segurou o rosto de Luiza entre as mãos, os olhos brilhando com as lágrimas que tentava conter.

— Eu também te amo, Luiza! Muito... muito mesmo! — Valentina disse, com a voz embargada, mas cheia de certeza.

Elas se abraçaram novamente, dessa vez com uma calma profunda, como se o mundo ao redor finalmente tivesse encontrado seu lugar. O futuro ainda era incerto, mas ali, naquele miradouro, naquele momento, Valentina e Luiza sentiam que o que tinham entre elas era verdadeiro, forte o suficiente para superar qualquer coisa.

Dança das EmoçõesOnde histórias criam vida. Descubra agora