"Este texto apresenta o relato emocional de uma criança cuja vida perfeita é abruptamente destruída quando mafiosos invadem sua cidade. Criada em um lar cheio de amor e conforto, a criança vê seus pais sendo torturados e levada à força para um destino incerto junto com outras crianças. Ao ser separada de sua família, ela experimenta o medo, o desespero e a desumanização enquanto é transportada para uma casa de treinamento da máfia. A narrativa é carregada de dor, medo e a perda da inocência, expondo o impacto devastador da violência e da separação familiar.
O texto evoca emoções fortes, como medo, dor e desespero, tanto na criança quanto nos pais. "
• Começo da minha história.
Quando eu era criança, minha vida parecia um conto de fadas. Eu tinha minha mãe e meu pai presentes, e eles sempre me diziam que eu era um anjo na vida deles. Eu tinha tudo: um quarto cheio de brinquedos dos sonhos e uma casa enorme. Na minha cidade, havia festivais que reuniam as famílias do bairro, e meus pais eram vistos como o casal perfeito e rico. Mas esse status não durou muito.
Em 2002, mafiosos invadiram nossa cidade à procura de seis crianças para levar e treinar como mafiosos "mirins". Naquela época, eu nem imaginava que aquele seria o meu último ano com meus pais.
Os mafiosos invadiam casas procurando crianças de seis anos. Quando as encontravam, colocavam os pais em um caminhão enquanto as crianças eram levadas em outro tipo de transporte.
Enquanto eu brincava inocentemente no quintal, um dos mafiosos invadiu nossa casa à procura de crianças. Minha mãe e meu pai tentaram mentir, dizendo que não havia nenhuma criança ali, mas os mafiosos, espertos, perceberam uma boneca de pano na sala. Então, pegaram minha mãe e a torturaram até ela revelar onde eu estava. Meu pai, vendo sua esposa sendo espancada, levantou-se do chão, ajoelhou-se e implorou para que parassem. Um dos mafiosos foi até a cozinha e me viu no quintal. Ele chamou os outros: "Ela está aqui!".
Meu pai e minha mãe gritavam desesperados para que não me levassem, mas já era tarde demais. Eles me pegaram à força e me colocaram em um caminhão, onde já havia cerca de cinco crianças; eu era a última. As outras crianças choravam, chamando pelos seus pais, mas ninguém respondia aos seus pedidos.
Olhei por um dos buracos do caminhão e vi minha mãe sendo levada pelos mafiosos. Pude ver a dor nos olhos dela enquanto me via ser levada. Meu pai parecia devastado, sentindo-se impotente por não conseguir proteger sua família. Foram dias de muita dor. Durante as noites no caminhão, o medo e o terror tomavam conta de mim, vendo os mafiosos ao nosso lado, sem expressão ou sentimento algum, nos observando. Eles nos alimentavam durante a viagem, e eu só voltei a ver a luz do sol quando chegamos ao nosso destino: a casa de treinamento.
Eles nos pegavam como se fôssemos animais, e nos levavam a uma sala onde cada um tinha um quarto. Eles colocavam números na gente para nos distinguir; eu era o número 6, a última criança. Eles nos chamavam pelo número, e, quando éramos chamados, íamos para os nossos quartos. Sempre havia um guarda em frente aos nossos quartos. No primeiro dia, era tudo muito estranho e desesperador. O quarto era desconfortável, havia apenas uma cama e uma privada. Durante a noite, eu não conseguia dormir, pois lembrava dos choros e da dor das pessoas. Quando finalmente consegui dormir, sonhei com aquelas lembranças desesperadoras. Enfim era um pesadelo.
Naquela noite, eu não consegui parar de pensar em fugir. A ideia me consumia, rodava na minha cabeça sem parar. Mas quanto mais eu pensava, mais a realidade me esmagava: o lugar era cercado de guardas e câmeras, todos os nossos movimentos vigiados. Eu olhava ao redor, procurando uma saída, qualquer brecha. Só que não tinha. Nada. O chão, as paredes... tudo feito de metal e concreto.
A sala era um verdadeiro túmulo. Escura, sem janelas, abafando todos os sons. Se eu gritasse, ninguém ouviria. A única coisa que me lembrava que eu ainda estava viva era aquela luz no teto, sempre acesa. Ela nunca apaga. Brilha o tempo todo, como se fosse um olho me observando, esperando que eu falhe, que eu faça algo de errado. E às vezes, ela pisca. Quando isso acontece, meu coração dispara. É como se o próximo horror estivesse prestes a acontecer. O próximo grito. A próxima dor.
Eu ando pela sala, toco as paredes frias. Sinto algo. Um calor estranho, como se tivesse algo por trás, escondido. Energia. Ou será que é minha mente me traindo de novo? Já não sei mais o que é real. Esse lugar... é como um pesadelo vivo. Parece que ele me prende tanto por fora quanto por dentro. Terror. É isso que ele é. Terror puro.
Depois de tanto sofrimento, o som da porta se abrindo ressoou na sala, e um guarda entrou, arrastando-me para fora à força. O medo tomou conta de mim enquanto gritava, sem saber o que ia acontecer em seguida. Ele pegou outras crianças, formando uma fila, e nos conduziu até uma sala que brilhava intensamente. A visão de médicos, medicamentos e seringas não me dava segurança; as crianças ao meu lado choravam, suas expressões refletindo pavor e desespero. Naquele momento, desisti de lutar e apenas aceitei meu destino.
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o diário de uma mafiosa
General FictionQuando uma força sombria transforma o conto de fadas de uma jovem em um pesadelo, ela é forçada a enfrentar a dor, a guerra e o sofrimento. Agora, como uma mulher, em meio ao caos e à escuridão, ela encontra o inesperado: o amor. Mas será que esse r...