O Capitão Hyuuga.

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O alarme tocou pontualmente as cinco horas da manhã, acordando os tripulantes do Navio Byakugan.

O capitão não gostava daquele alarme tanto quanto os próprios subordinados, mas desconfiava que eles acreditavam no contrário. Mesmo depois de tantos anos e tantas coisas vividas em alto mar, Neji continuava achando aquele som pavorosamente irritante e agudo demais.

Seu vice capitão, Lee apenas murmurou algumas palavras desconexas. Seguindo instruções da Alta Cúpula da Marinha, havia a expectativa de um ataque surpresa forjado por um pequeno grupo de saqueadores de uma ilha próxima ao local onde eles atracariam no dia seguinte e por esse motivo, deveriam se preparar para um possível confronto. Havia uma sequência de protocolos a serem acionados, instruções a serem seguidas e comandados a serem dados e Neji não era um homem que gostasse de perder tempo, então começou a agir ainda na véspera do dia anterior. Não havia nada que ele odiasse mais do que ser pego desprevenido com as calças baixas.

Bisneto de um dos almirantes mais famosos e aclamados da nação, o moreno vinha de uma família militar muito focada. Odiaria ser a exceção à regra.

Esfregando bem os olhos entre as mãos, Rock Lee tombou a cabeça para trás e então se espreguiçou. Conhecia o capitão há anos e sabia muito bem que ele não sossegaria até que todos os homens estivessem de pé e devidamente posicionados, já que não seria a primeira ou a segunda vez que fossem abordados há algumas milhas de distância do porto.

—Você quer café, cap? — Lee perguntou, encarando-o com interesse. Ele também sabia o quanto Neji odiava ser chamado de "cap", exatamente como o capitão Holt de Brooklyn Nine-Nine. Entretanto, assim como Jake Peralta, Lee se via com alguns passes livres, já que conhecia o moreno desde a infância.

—Você quer virar comida de peixe ou oferenda para Poseidon? — Seu tom de voz era surpreendentemente rouco para quem raramente gritava. Acontece que Neji era tão intimidador que bastava um olhar furioso ou um soco na mesa para assustar os demais marinheiros.

—Eu quis dizer, capitão — Lee rolou os olhos.

—Não, obrigado.

Lee deu de ombros e então deixou a cabine do capitão, cantarolando baixinho. Neji ficava satisfeito por vê-lo sonolento e sem energia pela madrugada, era provavelmente o único momento que Lee se encontrava totalmente incapaz de aborrecê-lo.

Os olhos brancos mantinham-se focados na imensidão de água a sua frente. Não havia nada que se comparava ao nascer do dia observado de uma embarcação, a imagem era simplesmente inacreditável bela, como se tivesse sido feita por inteligência artificial. Neji sentiu os longos cabelos esvoaçarem lentamente e apenas suspirou, contemplando o ápice da beleza natural. Ele queria acreditar que a razão para sua família estar intricadamente ligada a marinha era por causa das belas paisagens e por conta da natureza e toda aquela aura que emanava dela, mas tolice não era uma característica sua e tampouco condizia com quem era. Entendia as motivações, mesmo assim, sentia-se grato por ter sido incentivado a seguir o mesmo caminho, isso o permitia vivenciar aquelas coisas belas, das quais não conversava com ninguém.

—Voltei! — Lee cantarolou, arruinando os seus pensamentos filosóficos. — Tem certeza que você não quer um golinho, cap? Esse café está uma delícia.

—Eu tento evitar ao máximo o uso de substancias viciosas, como a cafeína, para não acabar desmiolado como você ou o seu pai.

—Auch! Que desnecessário! — Lee gritou e Neji simplesmente o ignorou. Provavelmente era melhor assim, para ambos. — E então, está entusiasmado com a nova turma de soldados que vai chegar amanhã de manhã?

—Superempolgado.

Lee desejou momentaneamente acertá-lo com a garrafa térmica de café, mas se conteve. Normalmente Neji não o repreendia pelas pequenas lesões provocadas pelas briguinhas infantis entre eles; fazia pior. Ele revidava com todo o ódio que havia dentro de si. E isso era o suficiente para Rock Lee pensar duas vezes antes de acertá-lo. Bufando, ele voltou a encher sua xicara e levou-a até a boca, dando um demorado gole.

O Diabo Veste Farda BrancaOnde histórias criam vida. Descubra agora