O SILÊNCIO DAS SOMBRAS

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**Três semanas depois de sofrer diversos abusos**

A chuva caía pesadamente sobre a cidade, criando uma sinfonia de batidas na janela. Luna observava as gotas deslizando pelo vidro, cada uma delas como um pensamento que ela tentava empurrar para longe. O cheiro do cigarro queimando e do uísque caro preenchia o ar, tornando o ambiente opressivo. Ela sabia que a noite traria mais do que apenas a tempestade.

Sentada à mesa da cozinha, com o olhar fixo na porta, Luna sentia seu coração acelerar a cada barulho. Era uma rotina que se tornara familiar: a visita de Bill, seu "cunhado", sempre carregava um peso que ela não conseguia ignorar. Ele era charmoso e perigoso, uma combinação letal que a mantinha presa em um jogo que não escolhera jogar.

Naquela noite, Bill entrou como sempre, com um sorriso arrogante nos lábios e os olhos escuros como as profundezas de um abismo. Ele fechou a porta atrás de si, a batida ressoando como um aviso. "Luna", ele disse com um tom suave, mas havia uma ameaça subjacente em suas palavras. "Precisamos conversar."

Luna engoliu em seco. O segredo que ela guardava era uma sombra constante em sua vida; um peso que pressionava seu peito. Se Tom soubesse da verdade — a verdade sobre o que acontecera naquela noite fatídica — ele não hesitaria em fazer justiça com suas próprias mãos. E ela sabia bem o que isso significaria: um destino trágico.

— Eu não posso continuar assim! — exclamou Luna, a voz tremendo.

— Você vai fazer exatamente o que eu digo — Bill sussurrou, sua voz baixa e ameaçadora.

— E se você não colaborar… bem, você sabe das consequências.

O silêncio se instalou novamente enquanto Luna lutava contra as lágrimas. Naquela noite tempestuosa, sob o olhar implacável do homem que se tornara seu carrasco, ela percebeu que estava presa em uma teia de mentiras e manipulações — e não havia como escapar.

O jogo estava apenas começando...

— Bill... Você não pode continuar com isso.

— E por que você está dizendo isso?

— Porque eu vou ser a mãe do seu sobrinho... Ou talvez do seu filho...

— O que? Você está grávida?!?! — Ele gritou, o tom de raiva e ódio transparecendo em cada palavra. — Agora mesmo, você vai sofrer nas minhas mãos! Eu vou fazer de tudo para matar você e essa criança!!

— Pode ser seu filho, Bill!!

— Você está louca, sua puta! Nunca! Independente de ser meu ou não, eu vou matar isso daí!

— Bill... O Tom não pode ficar sabendo.

— Sabendo do quê? — Tom apareceu atrás de Bill, com uma expressão confusa.

— Aí, Tom, você não está sabendo? Você vai ter um filho, sua mulherzinha está grávida.

— Sofia, é sério isso e você não me contou?

— Tom, eu preciso falar com você.

— Você está grávida? — diz ele, com um tom exaltado.

— Por favor — disse ela, puxando-o para um canto.

— Me explica direito.

— Tom... Eu não estou grávida... Eu menti para o Bill.

— Por que você disse a ele que estava?

— Eu não aguento mais guardar isso... Há quase um mês que o Bill vem abusando de mim... — Luna não se conteve e caiu em lágrimas.

— O quê?? — Tom disse, furioso, virando-se para enfrentar Bill.

— Você não sabe da história. Essa mulher não é quem você pensa que é.

— Do que está falando? — disse Tom, confuso.

— Conta para ele, Sofia, se é que eu posso te chamar assim, né, Luna?

— Luna?

— Diz aí, senhorita Santoro.

— Luna Santoro?? Filha da puta!! — disse Tom, furioso, com um tom cheio de raiva.

[Continua...]

A tensão na sala era palpável. Luna sentia que o mundo ao seu redor desmoronava, mas havia uma centelha de esperança. Agora, a verdade estava exposta, e a luta para se libertar das amarras do medo estava apenas começando.

CAMINHO DO CRIME [Reescrita]Onde histórias criam vida. Descubra agora