Maresia

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  Hinata acordou grudado no moreno, do jeito que amava. A luz suave do amanhecer preenchia o quarto bagunçado e quente. A noite passada foi intensa, mas de uma forma que nenhum dos dois se importavam. Eles adoravam a bagunça que faziam quando transavam, as roupas no chão, os travesseiros jogados e tudo fora do lugar. O ruivo se aconchegou nos braços grandes e fortes do namorado e inalou o cheiro que ele exalava. Baunilha e sexo. A combinação perfeita para um começo de manhã. Ele se virou para ter mais visão do rosto angelical do garoto ao seu lado. Amava vê-lo dormindo. Sempre tão quieto e doce, diference da personalidade difícil que ele tinha.

  O carioca selou os lábios rapidamente, só para sentir o gosto de Kageyama. Como queria pular em cima dele e enchê-lo de beijos, do jeito que estava acostumado a fazer. Mas ficou apenas acariciando o rosto macio dele. O moreno não era muito mais novo, apenas alguns meses, porém parecia uma criança perto de Shōyō. Kageyama podia parecer maduro, só que não passava de um mimado. Não que Hinata não gostasse, mas isso parecia afastar um pouco do dois, de uma forma que ele não gostaria.

Hinata se aconchegou mais um pouco, sentindo o calor do corpo de Kageyama aquecendo o seu, enquanto seus pensamentos vagavam. Ele amava Kageyama com todas as diferenças entre eles, mas às vezes, em momentos silenciosos como aquele, não conseguia evitar pensar nessas mesmas adversidades. Kageyama, com sua vida cheia de privilégios, sua fortuna de mesada e um mundo tão diferente do seu, parecia tão distante em certos momentos. Mas ali, deitado ao lado dele, o rosto sereno e relaxado no sono, Hinata sentia que, de alguma forma, eles pertenciam um ao outro, independentemente dessas barreiras.

Kageyama se mexeu um pouco, resmungando algo inaudível, antes de lentamente abrir os olhos. Ele piscou algumas vezes, ainda meio sonolento, e encontrou o olhar brilhante de Hinata sobre ele.

— Bom dia, Titi. – O ruivo sussurrou, com um sorriso doce no rosto.

Kageyama grunhiu, esticando os braços e puxando Hinata ainda mais para perto, como se quisesse impedir que o ruivo fugisse de seus braços.

— Bom dia. – Ele murmurou de volta, a voz rouca do sono, mas com um tom suave e afetuoso que fazia o coração de Hinata bater mais rápido.

Hinata riu, se aninhando mais ao namorado, sentindo-se completamente em paz naquele momento. Tudo o que eles passaram até aquele instante parecia ter sido recompensado. A saudade, a distância, as diferenças... nada disso importava agora. Ele sentia que o que tinham era o suficiente para preencher qualquer vazio que surgisse entre eles.

— Eu amo acordar assim. – Hinata confessou, passando os dedos pelos cabelos desarrumados de Kageyama — Grudado em você. Parece que tudo fica mais fácil.

Kageyama sorriu, ainda meio sonolento, mas com uma expressão satisfeita.

— Você fica muito brega de manhã. – Ele brincou, mas sua mão subiu para acariciar o rosto de Hinata, traçando suavemente os contornos de sua bochecha.

— Só de manhã? – Hinata devolveu, provocador, mordendo de leve o lábio inferior de Kageyama — Você também ficou meio diferente. Intenso. Eu gosto. Não sabia que tinha isso em você.

Kageyama abriu um sorriso preguiçoso e puxou Hinata para mais perto, beijando sua testa com um gesto de carinho que parecia inesperado até para ele mesmo.

— Talvez eu só tenha percebido que não quero mais ficar longe de você. – Ele respondeu, sem cerimônia.

Hinata sentiu seu coração disparar com a honestidade de Kageyama. Por mais simples que fosse a frase, ela carregava um peso de sinceridade que ele sabia que não era fácil para o moreno expressar. Talvez fosse exatamente isso que os fazia funcionar. Eles equilibravam as forças um do outro, preenchiam as lacunas.

Traços do Oriente | KageHinaOnde histórias criam vida. Descubra agora