BELA DONA

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•• EU, VOCÊ e o que não dizemos! ••
Quando os olhos falam, as palavras silenciam.
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"O que queremos e o que precisamos são coisas totalmente diferentes." - STITCH

(***)

Um garoto sorridente se aproxima de nós de forma descontraída, e, após algumas palavras trocadas, ele me oferece um refrigerante. A sede já estava me matando, então agradeço e dou um gole generoso, sentindo o líquido gelado refrescar meu paladar.

De repente, Donavan aparece como um trovão, com um ar de determinação, arranca o copo da minha mão com uma expressão de reprovação no rosto. Com um olhar que poderia derreter aço, ele começa a discutir com o garoto, praticamente colocando-o para correr. O coitado do garoto se afasta, confundido e um pouco assustado, enquanto eu fico ali, sem entender se eu estava em uma festa ou em uma disputa.

Ele leva o líquido ao nariz e, em um gesto calculado, dá uma leve bebericada, como se estivesse avaliando cada gota. O silêncio momentâneo é palpável, e meu coração acelera.
Donavan lambe os lábios, mantendo o olhar fixo em mim, e então a tensão entre nós explode. O ambiente ao nosso redor desaparece; a música e as risadas parecem distantes. Seu olhar me fuzila, carregado de uma intensidade que me faz sentir exposta e intrigada ao mesmo tempo, eu me sinto presa entre a vontade de desvendar seu mistério e o receio de me deixar levar.

- Qual o seu problema, Donavan? - esbravejo, pegando o copo de sua mão, indignada.

Mas ele arranca o copo de mim no mesmo instante, sua reação tão rápida e enérgica que me deixou sem palavras. Com um movimento brusco, ele joga o copo no chão, e amassa com os pés, enfurecido.

- Por um acaso você sabe o que estava bebendo? - pergunta, a agitação em sua voz clara e cortante. Ele passa as mãos pelos cabelos, a frustração evidente em cada movimento, depois pousa as mãos na cintura, como se tentasse se manter firme diante da tempestade de emoções.

- Sim! Refrigerante! - retruco, dando de ombros, tentando manter a leveza na situação, mas meu tom falha em esconder o desdém.

- Como você é ingênua, Chloé! - ele exclama, elevando o olhar para o teto, buscando talvez alguma resposta nas luzes que piscavam acima. Então se volta para mim, e o olhar em seu rosto é uma mistura de preocupação e raiva. - O seu doce e refrescante refrigerante estava batizado com bela dona.

A revelação me atinge como um golpe. Meu coração acelera e, por um momento, tudo ao nosso redor parece desaparecer. As vozes da festa se tornam um murmúrio distante, e só consigo focar nas palavras dele. A ideia de que eu poderia ter bebido algo mais do que refrigerante, de que poderia ter me colocado em risco sem perceber, me deixa em choque.

- O que você está dizendo? - pergunto, a incredulidade em minha voz. Meu olhar busca o dele, tentando entender o porquê de sua reação tão excessiva.

enquanto Donavan esbravejava, gesticulando sobre a minha ingenuidade no meio da pista, sinto minhas pernas enfraquecerem, como se estivessem se transformando maria mole. Meus olhos pesados perdem o foco, e o mundo ao meu redor começa a girar lentamente. Ao perceber meus movimentos lentos e a dificuldade em manter o equilíbrio, ele me segura firme evitando uma possível queda. Enquanto eu tentava me recompor, pude ouvir sua voz cortando o ar, gritando o nome de Lisa e Ruan no meio da quadra. A urgência em sua voz era inconfundível, e no fundo, eu sabia que ele estava preocupado. Enquanto isso, tudo ao meu redor se desfocava, mas a segurança de estar em seus braços era o único ponto fixo em meio ao caos.

- O que ela tem? - perguntou Lisa, assustada, seus olhos arregalados enquanto olhava entre mim e Donavan.

- Vocês não deveriam ficar juntas o tempo todo? Onde você estava que não viu quando ela foi drogada, Lisa? - Donavan desconta sua frustração sobre ela, sua voz carregada de medo.

EU, VOCÊ e o que não dizemos!Onde histórias criam vida. Descubra agora