Happy ending 🔞

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Ter ouvido todas aquelas palavras — e não pela boca da minha mulher — me matou por dentro diversas vezes.
Pensei no número de vezes que insisti para que Charlotte e eu tivéssemos filhos e cada uma das vezes ela me dava uma desculpa diferente.
Uma desculpa, nunca a verdade.
Havia pedido um tempo à ela e, sem nem me questionar, ela aceitou.
Confesso que meu ego ficou extremamente ferido, mas eu conhecia Charlotte com o fundo de minha alma. Ela jamais desrespeitaria meu espaço e meu tempo.
Ela só estava fazendo o que eu pedi, então não tinha porque eu ficar irritado ou chateado.
Certo?
— Hyung! — Hoseok me chamou a atenção.
Estávamos ensaiando algumas produções — que eu sequer prestava atenção — referentes aos novos grupos de trainees que debutariam ainda naquele mês, mas eu estava completamente perdido nos meus pensamentos.
— Desculpe. — Pedi sincero passando as mãos pelo rosto.
— Vamos dar um break, hum? — Namjoon pediu aos dançarinos e todos deixaram o estúdio vazio, com exceção de nós três.
— O que tá rolando? — Hoseok me perguntou puxando uma cadeira e se sentando.
— Eu não consigo esquecer o lance da Charlie. — Suspiro jogando meu corpo no encosto da cadeira em que eu sentava. — Por que ela mentiu?
— E você já sabe o que vai fazer sobre isso? — Hoseok perguntou.
— Eu acho que vou pedir o divórcio. — Ele me olhou assustado. — Não consigo levar um relacionamento com a confiança quebrada e...
— Ah, cala a boca! — Namjoon me interrompeu e eu o olhei assustado.
Indignado, na verdade.
Por mais que fosse o líder, Namjoon nunca falou comigo assim por ser mais novo que eu.
Não que em algum momento eu tenha faltado com respeito com ele, jamais.
Isso nunca foi sequer uma opção.
— Como é? — Questionei arqueando uma sobrancelha.
— Desculpa, hyung. — Ele suspirou. — Mas acho que está levando as coisas a ferro e fogo.
— Charlotte me traiu. — Me indignei.
— Ela mentiu? Sim. Mas você já tentou se colocar no lugar dela, hyung? — O mais novo me perguntou me fazendo refletir. — Será que em algum momento conseguiu imaginar como foi para ela quando descobriu isso tudo?
— Mesmo assim. — Me mantive firme. — Eu merecia saber.
— Eu concordo. — Ele me deu razão. — Mas eu também acho que ela só estava fragilizada demais e temia que você agisse exatamente como está agindo agora...
As palavras do mais novo atravessaram meu peito como um tiro.
Eu não parei para pensar em como Charlotte se sentiu, no fim das contas.
Um peso imenso de culpa pairou sobre meus ombros e, instantaneamente, comecei a chorar.
Chorar não é algo que eu gosto de fazer na frente dos meus amigos, mas eu estava tão abalado e fragilizado, que só queria esvaziar meu peito daquela sensação horrível.
Hoseok e Namjoon me abraçaram e, depois de longas horas de conversa, minha decisão de manter meu casamento estava tomada.
O julgamento seria dali uma semana e também seria a oportunidade perfeita de me reconciliar com a mulher que eu amo.

• • •

Depois do julgamento, as coisas entre Charlie e eu melhoraram muito.
Nossos amigos retornaram a Seul, mas fiquei com ela até que ela pudesse finalizar sua atividade pro-bono.
Achei cômico o fato dela precisar se dedicar a ser servidora pública, exatamente como eu quando cumpri meu alistamento militar obrigatório.
— Acho um absurdo você ter me colocado de castigo assim. — Resmunguei sobre minha tentativa falha de conseguir um sexo bem do gostoso na noite anterior e Charlotte riu da minha cara.
— Sim. Você deveria ter me ligado, achou que seria tão fácil me ter de volta? — Ela cruzou os braços me desafiando e eu fechei a cara.
Depois do julgamento, Charlie se afastou fisicamente e sexualmente de mim.
Por mais inseguro que eu tenha ficado, conversamos a respeito e ela me explicou que tinha uma questão de uma garotinha no abrigo em que estava trabalhando que não a deixava dormir de jeito algum.
Estávamos num momento "leve seu marido ao trabalho", de mãos dadas pela rua, quando resolvi perguntar à minha mulher o porquê dela não parar mais de falar dessa tal Olivia.
— O que essa garota tem de especial, hum? — Perguntei segurando sua mão de novo.
— Você vai ver. — Ela sorriu abrindo a porta do abrigo para que pudéssemos entrar.
Olivia não demorou muito para ver Charlotte e correr em nossa direção, gritando e balançando os bracinhos.
Charlie sorriu para a pequena se abaixando à sua altura e abrindo seus braços.
— Tia Charlie! — Ela gritou passando os braços pelo pescoço da minha esposa.
— Olivia, quero que conheça o meu marido, Yoongi. — Charlie nos apresentou e, antes que eu pudesse sequer confirmar a apresentação, a garotinha abraçou minhas pernas.
— Por que não vão brincar? — Ela sugeriu. — Preciso conversar com Louise.
Levei Olivia ao grande balanço que tinha no jardim do abrigo e a pequena me obrigou a empurrá-la quase uma tarde toda.
O mais surpreendente nisso tudo, é que eu tenho uma baixa manutenção física e um apreço gigante pelo mínimo esforço, mas empurrar Olivia no balanço sequer foi contabilizado como esforço.
Eu estava amando.
— Eu queria que a tia Charlie fosse a minha mãe. — Olivia disse simplesmente enquanto olhava para seus pezinhos se movendo no balanço do parquinho.
— Queria, hum? — Perguntei me abaixando à sua altura e ela concordou. — Já pediu pra ela?
— Você acha que ela ia gostar de ser minha mamãe? — A pequena me olhou com seus olhos brilhantes e eu senti uma ponta de emoção surgir dentro do meu peito.
Deus, que vontade de apertar essas bochechas!
— Eu tenho certeza, princesa. — Sorri arrumando seu cabelo despenteado e ela sorriu de volta com todos os seus dentinhos de leite.

The angels - the happy endingOnde histórias criam vida. Descubra agora