WILLIAM SHERIDAN
Senti minhas pupilas dilatarem quando atravessamos o túnel que dava acesso à pista de corrida. As luzes intensas, piscando em ritmos frenéticos, e a música, embora vibrante, não estava tão alta, permitindo que eu respirasse tranquilamente e me sentisse um pouco mais à vontade. Enquanto seguíamos, Hye e Agatha caminhavam de mãos dadas. Eles estavam sempre estilosos, mas naquela noite, o tio de John havia trocado seu moletom casual por roupas mais ousadas e radicais. Sua tia, por sua vez, exibia um vestido provocante, com uma jaqueta de couro que parecia feita sob medida para realçar sua presença poderosa.
Tentamos imitar o estilo deles, na esperança de não parecer tão fúteis, mas era evidente que eles estavam em outro nível. Meus olhos saltavam de um carro luxuoso para outro, maravilhado com as máquinas de tirar o fôlego que cercavam a pista. Eu conseguia notar os detalhes das modificações: os acabamentos brilhantes, os motores ronronando como feras adormecidas, prontos para atacar. A minha picape velha, com seus arranhões e falhas, parecia insignificante em comparação àquelas obras-primas sobre rodas.
As pessoas se agrupavam em equipes, cada uma com um carro de cor específica, como se cada grupo representasse um mundo à parte. Enquanto observava, meus olhos se fixaram em um grupo próximo a uma Ferrari amarela, um imã para os olhares admirados. Um homem estava encostado na lataria reluzente, e a atmosfera ao redor dele era carregada de respeito. As pessoas mantinham uma certa distância, como se o carro e o homem fossem intocáveis. Pude ver uma tatuagem em seu pulso – uma mão negra segurando uma caveira, um símbolo que eu reconheci imediatamente. Outros ao seu redor ostentavam a mesma marca oculta da Lumen Virtus.
Quando perceberam meu olhar persistente, seus olhos se encontraram com os meus, e a intensidade do momento me fez engolir em seco. Eu sabia que um dia me aproximaria deles, faria o possível para entrar na organização. Era o único caminho que eu via para descobrir a verdade sobre o assassino do meu pai. Mas não esperava que a oportunidade surgisse tão rápido.
O tio de John estava certo: aquilo não era uma corrida ilegal qualquer.
Eles estavam observando, buscando pessoas com potencial. Quando desviaram o olhar e começaram a cochichar entre si, voltei minha atenção para a família Kim, correndo ligeiramente para alcançá-los. Ao me aproximar, vi Hye encostando em um Dodge Charger. Ele parecia ainda mais "assustador" naquela luz artificial, e ao retirar a jaqueta de couro, revelava uma tatuagem em seu ombro similar àquela do homem perto da Ferrari. Ele também era da Lumen Virtus.
Encostei no carro, tentando ignorar a onda de curiosidade que me invadia. Eu precisava agir normalmente, mas a verdade era que eu queria bombardear Hye com perguntas.
— Você gosta de carros? — perguntou ele, envolvendo a cintura de Agatha com possessividade, um gesto que revelava um pouco do seu caráter.
— Ah, você sabe — respondi, tentando parecer despreocupado, enquanto meus olhos se perdiam nas linhas elegantes do carro. — Eu apenas gosto de carros. Essa máquina aqui tem um motor V8 com turbo. É música para os ouvidos de qualquer um.
Ele me olhou com admiração.
Um sorriso involuntário surgiu no meu rosto ao ver John imitando movimentos de um piloto, como se estivesse controlando a máquina.
— O pai do Hye era arquiteto. Ele projetou esta pista — comentou John, saindo do carro.
— Sério? — Agatha perguntou, seus olhos brilhando de curiosidade. — Eu não sei muitos detalhes sobre o caso do Maníaco de Manhattan ou sobre ele.
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𝐀𝐒𝐒𝐎𝐌𝐁𝐑𝐀-𝐌𝐄
Losowe𝐖𝐢𝐥𝐥𝐢𝐚𝐦 carrega o peso de um legado sombrio: filho de um notório assassino em série, sua existência é marcada pelo estigma e pela suspeita. Em um cenário em que todos o vê como uma extensão dos crimes de seu pai, ele se blindou contra o mundo...