Fuga

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Vallentine

Eu corria. Cada batida do meu coração era um golpe de medo que reverberava por todo o meu corpo. As ruas escuras e molhadas da cidade eram meu único refúgio, mas a cada esquina virada, a sensação de que alguém estava logo atrás me sufocava. A respiração entrecortada, os pés descalços no chão frio, era tudo o que eu conseguia ouvir. Eu não sabia para onde estava indo, apenas sabia que precisava sair dali. Custe o que custar.

"Eles não podem me pegar de novo."

Essas palavras ecoavam na minha cabeça repetidamente. Eu às sussurrava como uma oração desesperada. A última vez que caí nas mãos deles... bem, eu ainda carregava as cicatrizes, não apenas no corpo, mas na mente, e arriscaria dizer, na alma. O medo de ser capturada novamente me impulsionava para frente.

Minhas mãos estavam trêmulas enquanto tentava me esconder em um beco escuro. O som de passos me seguia. Tive que me esforçar para abafar minha respiração. O cheiro de lixo e umidade me fez engasgar, mas não importava. Nada importava. Desde que eu ficasse longe deles. A única coisa que conseguia manter minha sanidade era a certeza de que eu estava livre. Por enquanto.

Mas a liberdade era cruel. Não sabia a quem recorrer. Não havia ninguém no mundo em quem eu pudesse confiar. Tudo o que eu tinha era um nome: Damien. Ele era perigoso, um fantasma que eu mal conhecia, mas que sabia que de alguma forma, ele poderia me ajudar. Só que pedir ajuda a alguém como ele... bem, isso significaria selar um pacto com o próprio diabo.

Damien

A cidade à noite era o meu reino. Silenciosa, perigosa. As pessoas não sabiam, mas seus destinos estavam selados muito antes de saírem para viver suas vidas comuns. Eu controlava cada movimento, cada detalhe. Mas essa noite era diferente. Eu podia sentir isso no ar.

Ela estava fugindo.

Eu sabia que Vallentine estava fugindo há dias, talvez semanas. As ruas falavam, e minhas fontes nunca me decepcionavam. Não foi difícil segui-la, observar de longe, esperando o momento certo para aparecer. Eu poderia tê-la levado antes, mas algo em sua luta por liberdade me interessava. Talvez fosse o desespero em seus olhos, ou a maneira como ela corria como se estivesse à beira do precipício. Eu não era um homem de misericórdia, mas aquela mulher me intrigava.

Parei na esquina de um beco e a vi encolhida nas sombras, respirando rápido, tentando desesperadamente se esconder. Eu conhecia esse tipo de medo. Era o tipo que moldava você, que esculpia sua alma em algo frio e impenetrável. E no fundo, isso a tornava interessante. Uma mulher marcada pela sobrevivência.

Me aproximei silenciosamente, mas não tão furtivamente para que ela não me visse. Não. Eu queria que ela soubesse que estava sendo observada. Era o primeiro teste. Queria ver como reagiria.

- Você está indo a algum lugar? - Minha voz ecoou nas paredes do beco, e eu vi quando ela congelou.

Vallentine

Eu quase gritei. O som da voz dele perfurou o ar como uma faca afiada. Meus olhos se fixaram na silhueta alta e imponente que se aproximava lentamente. Não havia nada de casual na maneira como ele andava. Ele exalava poder e perigo, e algo a mais, algo indecifrável.

Damien.

Eu o conhecia apenas de sussurros. Um homem poderoso, com contatos em lugares que eu não queria nem imaginar. Se eu tivesse qualquer outra escolha, nunca teria me aproximado dele. Mas o medo... o medo me empurrava para uma decisão que eu sabia que poderia custar minha vida.

- Eu... preciso de ajuda! - consegui sussurrar, minha voz falhando. Minha garganta estava seca, o ar parecia denso ao meu redor. Eu sabia que não deveria pedir sua ajuda mas, naquele momento, tudo parecia melhor do que voltar para as mãos daqueles desgraçados.

Ele parou na minha frente, me olhando de cima. Seus olhos frios e avaliadores. Ele não disse nada por um longo tempo, o silêncio estava começando a ficar sufocante. Quando ele finalmente falou, sua voz era baixa, com um falso tom gentil, com a ameaça presente em cada palavra dita.

- Você sabe o que está pedindo, Vallentine? -

Meu nome na boca dele soava como uma sentença. Eu sabia exatamente o que estava pedindo, mas não havia escolha. Não posso voltar para lá.

"Não posso, não posso!"

Damien

Ela parecia um animal encurralado. Seus olhos estavam arregalados, como se eu fosse devorá-la a qualquer momento. E eu poderia, se quisesse. Vallentine não fazia ideia do estava se metendo.

Eu a observava com calma, enquanto ela me implorava com os olhos. Ela queria proteção, queria uma saída, mas tudo tem um preço.

- Preciso de ajuda, - ela repetiu. Sua voz quase inaudível. Fraca.

Eu podia ver o tremor em suas mãos, o medo nas bordas de seus lábios. Ela não sabia o que dizer, como agir. Ela não sabia como navegar no meu mundo. Apenas uma mulher fraca desesperada.
Perfeito.

- Eu posso te protege-la, mas você sabe que não é de graça. -

Ela hesitou, e isso foi suficiente para eu sentir o gosto da vitória.

Vallentine olhou para o chão, lutando contra si mesma. Eu podia ver em seus olhos. O medo e o desespero,as também uma alma que sabia que não havia mais nada a perder.

Ela finalmente ergueu a cabeça e, com uma voz baixa, disse:

- Eu aceito. -

Disse, selando seu destino. Me entregando sua vida e sua alma.

Vallentine

As palavras saíram da minha boca.
Simples.
Eu aceito.
O peso dessas palavras caiu sobre mim como uma avalanche.
Agora estava nas mãos de Damien , mas qual era a alternativa? Morrer? Ser capturada de novo?

Não! Isso jamais!

Damien me observava como um predador que acabara de capturar sua presa. Seus olhos não me deixavam escapar, como se ele estivesse saboreando o momento em que eu finalmente me submeti ao controle dele.

- Você vai seguir minhas regras Vallentine - ele disse, cada palavra proferida com uma calma aterradora. - Sua vida me pertence, irei protege-la, mas não espere cortesia.

Eu queria lutar contra isso, queria gritar que eu ainda era livre, que ele não tinha esse poder sobre mim. Mas a verdade era que, naquele momento, eu não tinha mais nada. E ele sabia disso.

Damien se aproximou ainda mais, até que eu pudesse sentir o calor de sua presença. Ele era intimidador, poderoso. E, estranhamente, isso me fez sentir... segura. De uma forma doentia, o controle dele parecia a única coisa que me manteria viva.

- Agora, venha comigo! - ele ordenou, sua voz fria.

Sem mais opções, segui-o para a escuridão.
Eu estava quebrada, perdida, nas mãos de um psicopata.
Nada mais me restava.
Afinal por que fiz isso?
Eu poderia simplesmente por um fim nesse sofrimento, acabar com minha dor.
Então pra que lutar?

Damien Northeggan seria minha salvação ou minha perdição?

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Espero que gostem!
E desculpem-me se houver algum erro.

O que irá acontecer entre nossa querida Vallentine e nosso Amado Damien?

Só lendo mais para descobrir!

(⁠◍⁠•⁠ᴗ⁠•⁠◍⁠)⁠❤

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