capítulo 2

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Hazel on

Depois daquela noite, as coisas mudaram completamente. Caleb estava no hospital, lutando pra sobreviver, e meu pai estava possesso. O ataque que ele sofreu não foi só uma traição — foi uma declaração de guerra. Eu sabia que, a partir daquele momento, tudo ia desmoronar. O que eu não sabia era o quanto Alex estava no centro disso tudo.

Na manhã seguinte ao ataque, meu pai convocou uma reunião com os aliados. Gente perigosa, pessoas com rostos marcados pelo tempo e pelo crime. Eu estava ali, como sempre, assistindo de longe. Ele me olhou, com aquele olhar duro, e me chamou pra perto.

"Você vai aprender a lidar com isso, Hazel. Chegou a hora de você entender de verdade como funciona a nossa vida."

Aquilo me deu um nó no estômago. Eu sabia o que ele queria dizer. Ele estava me puxando pra dentro do jogo. Até então, eu sempre tinha sido mantida à parte, protegida do lado mais cruel da máfia. Mas agora, com Caleb fora de combate, eu era a próxima na linha. E eu sabia o que isso significava.

"Quem fez isso foi a família Lancaster," meu pai continuou, com o rosto fechado de ódio. "Eles acham que podem nos derrubar. Mas não vamos deixar barato."

Meu sangue gelou. Os Lancaster. A família de Alex. Eu sabia que a nossa relação nunca tinha sido "normal", mas eu não fazia ideia que ele era parte dos nossos inimigos. De repente, tudo fez sentido. O jeito como ele se infiltrava, como ele sempre estava por perto, observando tudo com aquele olhar calculista. Ele tinha planejado aquilo o tempo todo. E eu fui burra o suficiente pra me deixar envolver.

Mas agora, as coisas iam ser diferentes.

Depois da reunião, voltei pro meu quarto, a cabeça rodando com todas as informações. Caleb quase morto. A guerra iminente. E Alex. Eu estava entre a raiva e a traição, e não sabia como lidar com isso. Mas uma coisa era certa: ele não ia se safar dessa.

Decidi que precisava confrontá-lo. Não podia deixar isso passar. Eu precisava olhar nos olhos dele e entender até onde ele estava envolvido. Então, na mesma noite, fui até um dos bares que ele costumava frequentar. O lugar estava cheio, como sempre. O cheiro de cigarro e álcool impregnava o ar, e a música alta abafava qualquer tentativa de pensamento.

Ele estava lá, sentado no fundo, cercado por alguns caras que eu reconhecia como aliados da família dele. Quando nossos olhares se encontraram, algo queimou dentro de mim. Eu queria gritar, queria bater nele, queria entender por que ele tinha me enganado daquele jeito.

Sem pensar duas vezes, fui até ele, ignorando os olhares dos outros ao redor.

"Precisamos conversar," eu disse, a voz fria.

Ele sorriu, aquele maldito sorriso cínico que sempre me tirava do sério. "Sobre o quê, Hazel? Não temos nada pra falar."

Eu o encarei, tentando manter a calma, mas sentia a raiva borbulhando. "Você armou pra cima do meu irmão. Me usou esse tempo todo. Por quê? O que você queria de verdade?"

Ele deu uma tragada no cigarro e soltou a fumaça lentamente antes de responder. "Você acha que tudo gira em torno de você, não é? Não sou eu quem tá jogando esse jogo, Hazel. São nossos pais. A gente só tá no meio disso."

"A questão é que você sabia o que ia acontecer e ainda assim não disse nada!" Eu estava quase gritando agora. "Você me deixou no escuro enquanto tudo desmoronava. Eu confiei em você."

Ele se levantou, e a tensão entre nós era quase palpável. "Eu não te devo nada, Hazel. Nunca devia. Você vive num mundo onde todo mundo mente, engana e mata. Não finge que é diferente só porque tá do outro lado."

Aquelas palavras me atingiram como um soco. Ele tinha razão. Eu sabia o tipo de mundo que eu vivia, sabia que confiar em alguém como ele era um erro. Mas isso não diminuía a dor de perceber o quanto eu tinha sido manipulada.

"Então é assim?" Eu perguntei, cruzando os braços, tentando não deixar a raiva transbordar. "Você vai continuar jogando esse jogo sujo, mesmo sabendo que isso pode acabar com tudo?"

Ele deu um passo à frente, tão perto que eu podia sentir o calor do corpo dele. O cheiro de cigarro e álcool misturado com o perfume dele me fez querer socá-lo e beijá-lo ao mesmo tempo, o que só me irritou ainda mais.

"O que você acha que eu deveria fazer, Hazel? Sair correndo pros seus braços e pedir desculpa? Não é assim que as coisas funcionam. Nossos pais são inimigos. Sempre foram. E se você não quiser ser pega no fogo cruzado, sugiro que se afaste. Porque, da próxima vez, não vai sobrar nada pra você salvar."

Eu queria gritar, bater nele, fazer ele pagar por tudo aquilo. Mas, ao mesmo tempo, sabia que ele estava certo. Não havia espaço pra sentimentos no nosso mundo. Era guerra. E, na guerra, só os mais fortes sobrevivem.

"Fique longe de mim, Alex," eu disse, as palavras saindo duras, cheias de veneno.

Ele sorriu de novo, aquele sorriso arrogante. "Você pode até dizer isso, Hazel. Mas você sabe que vai me procurar de novo."

Eu saí dali sem olhar pra trás. Ele não podia estar certo. Eu não podia permitir que ele tivesse esse tipo de controle sobre mim. Mas, no fundo, sabia que essa batalha não tinha terminado. Não entre nós. Não entre nossas famílias.

Agora, estávamos em lados opostos. E, quando a guerra finalmente explodisse, um de nós não sairia vivo.

Hazel off

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⏰ Última atualização: Oct 06 ⏰

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