Pacto

8 2 0
                                    

Vallentine

Eu não conseguia parar de tremer. O silêncio no carro de Damien era sufocante, e eu podia sentir o peso da decisão me esmagando.

As luzes da cidade passavam rápido pelas janelas enquanto ele dirigia com uma concentração assustadora. Não tínhamos trocado uma palavra sequer desde que saímos daquele beco, mas eu podia sentir seus olhos em mim, analisando cada movimento nervoso que eu fazia.

Eu sabia que estava entrando em um mundo sem volta, mas o que eu poderia fazer? Eu não tinha escolha. E, pior, havia algo em Damien que me deixava inquieta. Não era só o medo. Era uma tensão estranha, uma mistura de repulsa e... atração. Ele era perigoso de todas as formas, mas havia algo nele que puxava uma parte sombria de mim que eu tentava, em vão, esconder.

Quando o carro finalmente parou em frente a uma imensa mansão de janelas escuras, senti meu estômago afundar.

Este era o covil do lobo, e eu estava prestes a entrar por vontade própria.

Será que eu deveria rezar?

Ele saiu do carro e, sem dizer uma palavra, abriu minha porta. Um gesto simples, mas feito com uma ignorância esmagadora.

- Vamos, – ele disse, sua voz baixa.

Sem olhar para ele, segui-o para dentro. O interior da mansão era tão sombrio quanto ele. Mármore preto, paredes de vidro que refletiam sombras enquanto passávamos, e o ar denso de perigo iminente.

Ele caminhava à minha frente como se soubesse exatamente para onde estava indo.

Essa é a casa dele inteligente, é claro que ele sabe aonde está indo.

Eu?

Eu só estava seguindo tentando não sair correndo novamente.


Damien

Vallentine estava quebrada. Eu podia sentir o medo irradiando dela, misturado com algo mais. Era sempre assim. Eu via isso em todas as pessoas que estavam em minhas mãos.

Elas tremiam, com medo, mas também havia algo em seus olhos, uma faísca de desejo pelo poder, pelo perigo. Vallentine não era diferente. Ela podia até tentar esconder, mas eu a via por completo. Sabia o que a atraía. Sabia que ela me odiava tanto quanto estava confusa sobre o que sentia.

Eu não teria trazido ela para minha casa se não fosse útil. Mas havia algo nela que despertava um interesse que eu não podia ignorar. Ela era frágil, mas tinha uma força silenciosa. E eu queria ver até onde ela poderia ir antes de quebrar completamente.

A idéia de vê-la completamente destruída e arrasada, me excita, de diversas maneiras.

Ao chegarmos ao meu escritório, tranquei a porta atrás de nós, deixando a chave visivelmente em cima da mesa. Ela olhou para a chave como se fosse a última chance de fuga.

Interessante, mas seria tolice tentar fugir agora.

- Você sabe no que está se metendo?–
perguntei, com um tom baixo, aproximando-me dela devagar. Ela se encolheu ligeiramente, mas manteve os olhos fixos nos meus.

Tinha coragem.

Ela balançou a cabeça, sem dizer nada. Eu me aproximei mais, ficando a centímetros dela. Podia sentir sua respiração acelerada, o peito subindo e descendo rapidamente.

Vallentine

Ele estava tão perto que eu podia sentir seu calor, o cheiro forte e amadeirado que emanava dele. Tudo nele era dominador, sufocante, mas ao mesmo tempo, meu corpo traidor reagia. Meu coração batia forte, não só de medo, mas de algo que eu não queria admitir.

Fique ao meu ladoOnde histórias criam vida. Descubra agora