Era só um desafio, não era? Qual seria o problema de eu apenas cumprir? O problema era que ficaria um clima estranho entre a gente, ainda mais agora que deixei ele ciente que eu sabia sobre a festa... Minha mente estava empenhada no debate enquanto meu corpo se aproximava de Phil.
Sentia seu perfume... era tão bom, não era forte, mas também não era suave. O equilíbrio de dois extremos. Não tinha mais ninguém no mirante além de nós dois. Toquei seu rosto e decidi pôr um fim a discussão que era travada na minha mente e selei nossos lábios.
Phil me puxou pela cintura e soltei um suspiro involuntário. O beijo ficou mais intenso o que me fez esquecer onde estávamos por um instante. Senti suas mãos me tocando sem pudor e me vi prestes a cair em um abismo.
"Phil..." Disse me afastando.
Seus olhos fitavam meus lábios entreabertos. Era um terreno proibido, minha mente alertava, no qual eu não estava disposta a invadir novamente.
"Acho melhor... A gente continuar com o passeio."
Sua língua tocou os lábios e ele se afastou, pegando minha mão.
"Claro, docinho."
Enquanto caminhávamos, Phil agia normalmente, como se nada tivesse acontecido minutos atrás. Minha mente, no entanto, me levava insistentemente para os viés das sensações que era beijá-lo.
O barman puxava assunto sobre um restaurante do outro lado da rua e me vi sendo arrastada até lá.
Quando nos sentamos e o garçom se afastou depois de anotar nossos pedidos, um silêncio desconfortável se instalou. Phil sorriu e segurou minha mão.
"Ei, não sabia que você era do tipo que gostava de ficar devendo as pessoas. Se fosse para você ficar quieta desse jeito, teria me conformado em ficar no prejuízo."
Acabei dando risada.
"Seu... Phil, eu só..."
"S/N, não precisa se justificar. Eu só não quero mude o seu jeito comigo. E sobre o que rolou na festa. Eu achei melhor não falar nada para você não se sentir constrangida e querer se afastar de mim. Por isso achei melhor não me revelar, por mais que eu quisesse. E sobre o beijo, foi um jogo, certo? Você cumpriu com o desafio e pronto. Só não mude o jeito de me tratar, por favor."
"Jamais faria isso, Phil. Eu só estava com a mente distante. Não se preocupe."
***
***
No caminho de volta, o barman parou de repente, olhei para trás e o peguei olhando para o outro lado da rua.
"O que é aquele lugar?" Perguntou apontando para a antiga casa de shows.
"Costumava ser o ponto mais badalado da cidade. Uma casa de show, porém faz uns dois anos que fechou e desde então o local está abandonado." As paredes ainda tinham resquícios dos panfletos das bandas que passaram por ali. O local estava bem depredado, cheio de pichações e vidros quebrados. "Frequentei muito, hoje só tenho lembranças." Respondi sorrindo. O barman segurou minha mão e continuamos a caminhar.
Quando chegamos no apartamento, Phil se jogou no sofá e pegou o celular, parecia estar conversando com alguém, apenas dei boa noite e segui para meu quarto. A noite havia rendido muita coisa para se pensar. Sou o tipo de pessoa que pensa demais e, no final, acabo agindo por impulso. Não que tivesse me arrependido de beijá-lo, claro que não, o problema era que eu temia que essa atração que existe entre a gente se transformasse em outra coisa no qual eu não estou preparada.
Me virei na cama e fitei a janela aberta. Será que em algum momento as coisas simplesmente voltariam a ser como eram antes de Duskwood?
***
***
Na semana seguinte, mais precisamente na sexta-feira, ao chegar em casa, encontrei o apartamento completamente escuro. Phil estava frequentemente ausente; na maioria das vezes eu chegava e ele não estava lá, e só nos víamos no café da manhã do dia seguinte, que ele fazia questão de preparar. Acendi a luz da sala e joguei minha bolsa no sofá tirando meus sapatos e o casaco que vestia. Aquele dia tinha sido exaustivo, o que foi bom, a mente ocupada me fazia esquecer desta data em específico. Me levantei e fui tomar um banho, pretendia pedir uma pizza e assistir alguma coisa na tv.
Assim que saí do banheiro, escutei um barulho na sala, devia ser o barman que havia chegado. Após colocar uma roupa mais confortável, segui para sala para ver se ele me acompanharia na pizza.
"SURPRESA!"
Phil Hawkins havia estourado um lança confetes e a sala que minutos atrás estava perfeitamente normal, estava agora cheia de balões coloridos espalhados pelo chão, havia um bolo com algumas velas no topo. Fiquei totalmente sem reação. Como ele sabia que era o meu aniversário?
***
***
Phil me abraçou forte e me deu um beijo estalado na bochecha.
"Feliz aniversário, docinho."
Eu até então estava no mesmo lugar olhando para tudo e processando a imagem na minha cabeça. Nem me lembrava qual foi a última vez que de fato comemorei essa data, deveria ser quando eu era apenas uma criança, por que desde que possuo as minhas memórias, essa data sempre passou em branco, como qualquer outro dia. O barman me soltou e franziu o cenho, de fato estranhando a minha reação tão apática.
"S/N, está tudo bem?"
"Eu... Como você descobriu?"
"... Acabei vendo seu documento. Sua bolsa estava no sofá e acabou caindo no chão. A arrumei e uma coisa levou a outra... Está tudo bem? Você está estranha."
Eu só queria passar aquele dia como qualquer outro, atribuir um significado a essa data é o que parecia estranho.
"Eu não estava esperando." Respondi por fim. Depois me dei conta que sequer tinha agradecido. "Obrigada, Phil. Não precisava se preocupar com isso."
"Claro que precisava. Ah! Espera. Tem mais." Ele correu para a bancada da cozinha e pegou o notebook. "Vem aqui."
""Não se esqueçam de votar e vejo vocês no próximo capítulo. ;)""
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Após o Fim - Duskwood
FanfictionApós a resolução do desaparecimento de Hannah Donfort, a relação com o grupo parece estranha e ninguém mais responde as mensagens ou demonstra querer manter contato. S/N resolve enfim voltar para sua própria realidade que até então foi deixada de l...