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P᥆᥎: Aᥣᥱ᥊ᥲᥒdrᥲ

— 𝐎𝐛𝐬: 𝐄𝐬𝐬𝐞 𝐜𝐚𝐩𝐢́𝐭𝐮𝐥𝐨 𝐩𝐨𝐝𝐞 𝐠𝐞𝐫𝐚𝐫 𝐠𝐚𝐭𝐢𝐥𝐡𝐨 𝐞𝐦 𝐚𝐥𝐠𝐮𝐦𝐚𝐬 𝐩𝐞𝐬𝐬𝐨𝐚𝐬. —

Estamos assistindo a melhor obra cinematográfica já realizada " 10 coisas que odeio em você ." Sério, o Heather Leadger é simplesmente gato demais.

É uma hora da madrugada. E estamos na metade do filme quando ouso meu telefone vibrar no colchão. Eu o pego e vejo a notificação:

Instagram - @Vt_qz. curtiu cinco fotos suas.

Arregalo os olhos diante da informação. Simplesmente o Vítor curtiu mais da metade das minhas fotos. Ele me segue desde a sétima série, quando entrei no colégio. Porém ele nunca se deu o trabalho de visualizar alguma foto e muito menos um story ( não quer dizer que eu ficava vendo se ele iria ver ou não).

Verdade seja dita. Eu gostava do Vítor na sétima e oitava série. Mas depois eu ouvi dizer tudo o que ele fazia - não tem nada pesado nem abuso ou algo do tipo. É que desde àquela época ele era mulherengo. Ficava com várias meninas. Por isso, comecei a despreza-lo.

Entretanto, agora o ser humano resolve me notar? Ah, não. Faço uma careta de desgosto que passa despercebida pela Alice.

– O que houve? Por que está com essa cara de bunda? – pergunta.

Me seguro para não revirar os olhos.

– O Galinha está curtindo minhas fotos no Instagram.

Ela começa gargalhar e algumas pipocas se espalham pelo colchão. Dessa vez eu reviro os olhos.

– Não sei o que ele planeja, mas juro para você que não vai rolar nada entre nós. – digo quase sussurrando.

Alice limpa a garganta.

– Segunda-feira já é a nossa viagem para Brasília para as Olimpíadas do colégio. – ela muda de assunto e noto uma segunda intenção na pergunta.

– Sim... – Estou desconfiada.

Minha atenção é totalmente desviada para o filme no exato momento em que Kat e Patrick se beijam, os dois caídos no feno e sujos de tinta... que o meu primeiro beijo seja assim. Penso e suspiro alto e de forma demorada.

Enquanto aprecio a cena, Alice diz quase que de forma inaudível, como se tivesse dito algo errado :

– Cuidado, caso ele tente alguma coisa com você. – minha amiga começa a movimentar a mão indicando alguma coisa, sinto meu estômago embrulhar quando compreendo.

– Que nojo! Não sou tão fácil assim. Eu vejo dorama, pode ter certeza que meus padrões são altos.

Mesmo ela tendo falado com um tom ironico, eu levo a sério. Eu realmente tenho de tomar cuidado, não o conheço completamente. Não sei o que ele faz - não de forma exata - e o que ele pensa.

Bocejo com sono, olho para o lado e Alice já está dormindo. Nas nossas festas do pijama em Belém ela sempre dormia primeiro. Quando isso ocorre, é normal eu fazer uma maquiagem zoada nela, mas estou cansada. Pego o controle na penteadeira e desligo a televisão, o ambiente fica todo escuro e durmo.

🤍

Eu estou no quarto do hotel onde todo o colégio ficará hospedado durante as olimpíadas, o colégio pagou um quarto por equipe. A minha no caso, é a de Vôlei.

Abro a minha mala e arrumo as roupas no guarda-roupa. Ao término, pego o livro que trouxe e me sento na cama.

Ouço três batidas suaves na porta. Me levanto e abro, é o Vítor.

– Ah, oi. Posso ajudar em alguma coisa? – comprimento sem emoção.

Ele abre um sorrisinho malicioso no canto da boca e adentra ao quarto me empurra contra a parede e cola os lábios ao meu, hesito um pouco mas depois retribuo o beijo. Vítor se afasta e observo uma faca em sua mão direita, com ela, ele me atinge na barriga.

Acordo quase gritando. Alice também acorda assustada. Passo o dorso da mão na testa, estou encharcada de suor.

Ainda bem que era apenas um sonho...

– Tá louca, Alexandra?

– Tive um pesadelo com uma aberração. – afirmo.

Conto a ela tudo o que aconteceu no sonho. Conto sobre o hotel, o quarto, as batidas na porta, o beijo... quando falo essa parte ela solta uma risada estridente. Pela primeira vez, me sinto envergonhada. Me sinto boba e ridícula por ter sonhado isso.

Pego o meu celular ao lado do colchão, são nove horas da manhã do sábado.

– Não vou poder almoçar aqui, já vou dizer a minha mãe que pode vir me buscar. – informo.

Alice assenti em resposta. Eu me levanto e vou ao banheiro para escovar os dentes, levo uns dez minutos dentro me observando no espelho, e não deixo de notar que tenho que retocar a progressiva.

Saio do banheiro, volto ao quarto, arrumo minhas coisas e as coloco dentro da bolsa que trouxe comigo. E estou pronta. Do quarto, escuto a buzina do carro da minha mãe.

Me viro para Alice.

– Tchau nega, até segunda! – digo dividida se estou animada ou com receio.

– Até!

Saio da casa de minha amiga e ando até o carro. Enquanto me sento no banco do passageiro e coloco o sinto de segurança, minha mãe me comprimenta:

– E aí? Como foi?

– Foi legal, eu estava precisando fazer isso denovo.

Ela me dá um sorriso e move o carro em direção ao nosso prédio, esqueci que agora eu e a Alice moramos perto uma da outra.

Hoje está fresco, mas sinto minha cabeça quente e fervilhando cheio de ideias que surgem à minha mente. E se isso acontecer mesmo durante a viagem? E seu eu for uma das garotas? Não, não, não, não.

Não vou deixar isso acontecer, quero continuar inocente e com honra. E para isso, precisarei tomar medidas drásticas de proteção, mesmo que isso inclua ser grossa e fria com o Vítor - o que com certeza não quero fazer.

Amor e Amizade à moda Rio - Alexandra Amorim & Alice AntunesOnde histórias criam vida. Descubra agora