Sex On The Beach

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Faziam três dias que Caitlyn Kiramann havia pisado no Última Gota pela primeira vez, mas foi o suficiente para Violet perguntar a si mesma se ela voltaria.

Ela não era emocionada ou algo do tipo, quer dizer, você pode interpretar dessa forma se quiser. Mas a verdade é que Violet se preocupava com seus clientes. Era contraditório pensar assim, já que ela vendia bebidas alcoólicas para a maioria deles; só que Caitlyn não parecia o tipo de pessoa que afogava suas lástimas em bares como aquele.

E também não parecia o tipo de pessoa que daria em cima da bartender mesmo que de maneira discreta, principalmente considerando a chamativa e caríssima aliança de casamento em seu dedo anelar (ela sequer se deu ao trabalho de retirá-la).

Então, tinha algo de errado, e era um detalhe: um brilho opaco nos olhos da mulher de cabelos azulados escuros, que a entregava. Um ar de tristeza, um quê de melancolia, que rodeava sua figura, junto daquele azul intenso que parecia contornar tudo ao seu redor. Violet não saberia dizer o porquê, mas se importava. Assim como se importava com a maioria das pessoas que pisavam ali e principalmente se perguntava o porquê daquela mulher parecer tão só (mais uma vez, ela não é emocionada, ok?).

Bom, você pode ver essa última afirmação como um equívoco, já que, enquanto pensava em Caitlyn, Violet deixou um copo que recolhia do balcão escorregar de seus dedos, e se estilhaçar no chão. A garota de cabelos rosas xinga baixinho, porém nunca confessaria para si mesma o real motivo de tê-lo derrubado.

- Uau, se a gente fizesse uma competição de quem mais quebra copo aqui... - Ekko começou, colocando o pano que usava para secar os copos sobre o ombro - ...já podiam dar a coroa pra você, Vi

Ekko era seu amigo e parceiro bartender, mas naquele momento sentiu vontade de arrancar aquele sorriso de seu rosto. Mesmo assim, Violet sorriu para o amigo e disse:

- Haha, por acaso se esqueceu que está falando com sua gerente? - arqueou uma sobrancelha de forma brincalhona, e Ekko revirou os olhos, segurando o riso - Me ajuda aqui, Chefinho

Eles limpam o chão, Violet se agacha para recolher os cacos de vidro do piso e coloca no saco de lixo trazido por Ekko. O garoto estava sentado do seu lado, lhe auxiliando sempre. Ele era uma boa pessoa. Não tinha mais do que vinte anos, seus dreads brancos presos em um rabo de cavalo alto, a pele negra, e aquele olhar esperançoso de alguém que esperava muito do futuro. Era um jovem, afinal; Violet se lembrava dessa época: agora, com seus vinte e seis anos nas costas, não tinha muitas expectativas que fugissem da sua comodidade do bar.

O movimento começa a ficar mais forte conforme a lua subia no céu de Londres, mesmo para uma segunda-feira. Aquela noite deveria ser a mais fria do inverno e, toda vez que a porta do bar se abria, Violet sentia aquela brisa gélida lhe pincelar o rosto. Não apenas isso: toda vez que o som estridente do sino da entrada tocava, ela olhava em expectativa, esperando uma figura conhecida entrar pela porta. Por que se sentia ansiosa por esse momento?

- Vi? - Ekko lhe chamou de volta para a realidade - Ouviu o que eu disse?

- Aham - ela disfarça, sorrindo enquanto começava a preparar um Negroni para um cliente do balcão. É quando Ekko coloca a mão em seu ombro e sorri em expectativa.

- Então, o que me diz? - ele pergunta enquanto a bartender jogava 30ml de gim em um copo americano baixo.

- Sim...? - sua resposta soa mais como uma pergunta, e quando a expressão de Ekko se torna completamente estática, Violet fica com medo do que havia acabado de concordar.

- Sério? - ele questiona mais para si mesmo - Então não tem problema mesmo chamar a Jinx pra sair?

A expressão confusa da mulher se transforma para brava (ou melhor, furiosa) em questão de segundos, e ela larga a dose de Campari que estava prestes a jogar no copo, para apertar o ombro do menino a sua frente com a maior força que poderia fazer.

A Garota Do Bar - CaitViOnde histórias criam vida. Descubra agora